A cultura da doação individual vem crescendo nos últimos anos no Brasil. Aos poucos, os brasileiros têm desenvolvido o hábito de doar, seja seu tempo ou dinheiro para iniciativas do campo social – apesar de estarmos caminhando a passos muito lentos. Nesse sentido, alguns movimentos ganham força no país e hoje são referência na mobilização da sociedade civil para a ação filantrópica.

Um exemplo é a iniciativa #diadedoar, campanha para promover a cultura de doação no Brasil. Esse movimento global começou em 2012, nos Estados Unidos, com o nome de #GivingTuesday, em resposta às massivas ações de vendas que acabam promovendo o sentido de consumismo durante as liquidações do Black Friday e Cyber Monday. A mobilização já alcança mais de 80 países em todo o mundo. No Brasil acontece desde 2013.

O #diadedoar é promovido aqui pelo Movimento por uma Cultura de Doação, uma coalização de organizações e indivíduos que promovem a cultura de doação no país. Qualquer um pode participar do grupo do movimento no Facebook. A gestão da campanha é feita pela ABCR (Associação Brasileira de Captadores de Recursos).

A iniciativa pretende contribuir para a mudança do seguinte cenário: apenas 17% dos brasileiros se declaram doadores regulares, o que, no ranking mundial de doação, coloca o Brasil na 83ª posição. Para João Paulo Vergueiro, diretor-executivo da ABCR e um dos coordenadores do #diadedoar, é preciso disseminar a cultura de doação e filantropia. “O brasileiro é um povo extremamente solidário, tem cultura de ajudar o próximo, entretanto, não tem o hábito de doar regularmente”, relata.

João Paulo conta que precisamos virar esse jogo. “O Brasil caiu 15 posições no World Giving Index 2015, que é considerado o levantamento mais abrangente do mundo no que diz respeito à doação. Queremos mudar esse cenário já em 2016.”

Para os organizadores, a maior diferença entre a iniciativa norte-americana e a brasileira é que lá o foco é a doação de dinheiro. No Brasil também há um esforço grande em incentivar outros tipos de doação, como, por exemplo, a de tempo, por meio do trabalho voluntário. “O principal objetivo do #diadedoar é inserir a cultura de doação no dia a dia das pessoas, convertendo a solidariedade, característica do povo brasileiro, em doações permanentes e estratégicas”, diz Vergueiro.

Em 2015 a iniciativa ganhou força. Segundo João Paulo, os anos de 2013 e 2014 foram fundamentais para fazer o #diadedoar chegar às organizações da sociedade civil, ganhando relevância. Para esse ano a expectativa é garantir o aumento do envolvimento de empresas e fundações corporativas. Para a organização, com a força das empresas e institutos empresariais, impactando toda sua cadeia – como funcionários, fornecedores e parceiros -, a iniciativa vai chegar no cidadão e no público em geral com mais força.

O #diadedoar é voltado para qualquer pessoa ou entidade que queira se envolver com esse movimento, seja recebendo doações, doando dinheiro, tempo ou o que puder ser oferecido. O portal do movimento traz uma seção especial chamada “Na Prática”, na qual oferece dicas e informações sobre como indivíduos, famílias, ONGs, empresas, instituições religiosas e estudantes podem aderir à iniciativa.

Mobilização digital

O Dia de Doar mobiliza também as redes sociais. A página da iniciativa no Facebook já conta com quase 6 mil seguidores. Este ano os organizadores criaram um mapa interativo para que os parceiros possam ser identificados em todo o país. Estão no ar também no Twitter, no Instagram (@diadedoar) e no canal da iniciativa no Youtube.

Nesta edição, o #diadedoar também conta com um aplicativo para celular e tablets para facilitar o acesso à informação, respondendo às perguntas mais comuns: como fazer parte, como ajudar, onde se inscrever e como divulgar. Este é o primeiro aplicativo mobile feito para o Dia de Doar entre os países participantes desde a criação da campanha, em 2012.

Histórias que inspiram

Filantropos e interessados em doar também encontram no site uma área que compartilha histórias e inspira atitudes. Na sessão “Inspire-se” é possível acessar relatos de pessoas envolvidas com práticas sociais e que participaram do #diadedoar em 2014. A ideia é dar visibilidade para boas histórias e facilitar processos de troca de ideias.

Gabriela Hermes, fundadora da Associação Mentes de Ferro para o Esporte Sustentável, do Rio de Janeiro, disse que a divulgação do #diadedoar foi feita com antecedência e a aceitação foi imediata. A associação fez uma parceria com um grupo de dança da academia Bodytech, em Copacabana. “Criamos um evento no Facebook com o título Aulão Especial Dia de Doar, e a maioria dos alunos topou na hora. No dia da aula, gravamos um vídeo e o publicamos para mostrar como foi a ação.”

A equipe da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Maringá (PR) promoveu uma onda solidária na cidade no ano passado, envolvendo 13 parceiros. “Acreditamos que daria para adaptar a ideia do Dia de Doar à nossa realidade e começamos a fazer contatos para parcerias. Começamos pequenos, fomos crescendo rapidamente e acabou tomando uma proporção muito maior do que a gente imaginou”, contou Tisnney de Sara Gambini Antunes, coordenadora de projetos do hospital.

Para aderir ao #diadedoar, basta entrar no site, cadastrar a organização e descrever qual iniciativa será feita no 1º de dezembro. Famílias, estudantes, empresas e organizações da sociedade civil podem organizar a atividade e compartilhá-la no site e nas redes sociais com a hashtag #diadedoar.

Assista ao vídeo do #diadedoar, inscreva-se e participe também.