Campanha mundial Action/2015 convoca sociedade a lutar pelo fim da desigualdade

Por: GIFE| Notícias| 23/03/2015

“2015 precisa ser o ano em que o mundo acordará e garantirá um futuro mais justo e mais seguro para crianças e jovens. Todos precisamos fazer a nossa parte para que isso aconteça. Não deixe que essa oportunidade seja desperdiçada.” A convocação de Malala Yousafzai, jovem vencedora do Prêmio Nobel que arriscou a vida pelo direito à educação, representa o chamado que a campanha mundial “action 2015” pretende disseminar aos quatro cantos do planeta.

O movimento mundial, lançado oficialmente em janeiro, já reúne mais de 1.200 organizações de 125 países, e visa incentivar líderes locais e globais a tomarem medidas urgentes que detenham as mudanças climáticas causadas pelo homem, erradiquem a pobreza e combatam a desigualdade.

Este ano foi escolhido tendo em vista a realização de dois importantes eventos: a Reunião de Cúpula Especial da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, em setembro, em Nova Iorque, e a Conferência sobre Mudanças Climáticas, em Paris, em dezembro.

De acordo com a coalização da action/2015, mesmo usando cenários relativamente conservadores, o número de pessoas que vivem em pobreza extrema, ou seja, pessoas que vivem com menos de US$ 1,25 (cerca de R$ 3,30) por dia, poderia ser reduzido de forma drástica: de mais de 1 bilhão para 360 milhões até 2030, se medidas críticas em relação à desigualdade, pobreza e mudança climática forem estabelecidas este ano e implementadas a partir de então.

Estimativas de outras pesquisas, que analisaram uma lista mais extensa de variáveis, mostram que a erradicação da pobreza extrema é uma meta alcançável, pela primeira vez na história, e isso é um dos principais objetivos da campanha.

No entanto, se os líderes mundiais não agirem e não aproveitarem o clima favorável por acordos ambiciosos e reduzirem seus esforços, o número de pessoas que vivem na pobreza poderá, na realidade, aumentar para 1,2 bilhão até 2030. Nessa perspectiva, uma em cada três pessoas em todo o mundo viveria com menos de US$ 2 (cerca de R$ 5,30) por dia.

Participação mundial

Diante desse cenário, a ideia da action/2015 é construir uma onda de pressão da opinião pública mundial e garantir que os acordos internacionais sejam verdadeiramente ambiciosos para combater as mudanças climáticas, a pobreza, a desigualdade e a injustiça em 2015, além de construir uma coalizão de diferentes atores para manter os futuros líderes comprometidos com e responsáveis pelos acordos firmados.

Uma série de iniciativas já estão sendo implementadas pelos países, como a elaboração de uma carta dirigida aos líderes mundiais e assinada por mais de 30 personalidades e celebridades, além da realização de reuniões entre jovens de 15 anos e seus chefes de Estado em mais de 40 países, como Índia, Nigéria, Noruega, Tanzânia, Reino Unido e Estados Unidos.

Pessoas de diversos países do mundo, como Libéria, Ilhas Maurício, Nigéria, Indonésia, Uganda, Bélgica, El Salvador e Costa Rica foram às ruas em marchas e manifestações para reivindicar ações.

Em Bangladesh, por exemplo, uma manifestação com mais de mil ciclistas levou mensagens da campanha até o Parlamento de Bangladesh e uma corrente humana foi formada por jovens ao redor do edifício para expressar a demanda por ações em 2015. E, no Líbano, uma corrente humana formando o número “15” foi criada no centro de Beirute.

Convocatória brasileira

No Brasil, uma coalizão começou a se articular para que o país possa também fazer parte da action/2015, com a participação da Fundação Abrinq – Save the Children, WWF, Aldeias Infantis SOS, GIFE, entre outras. No entanto, para que ações possam de fato serem implementadas, será preciso a participação de novas organizações da sociedade.

Essa é uma oportunidade única no mundo, com dois grandes movimentos a serem realizados, e deveríamos estar absolutamento envolvidos. No entanto, não percebemos essa movimentação por parte das organizações brasileiras. Não há uma percepção, de um modo geral na sociedade, da importância deste ano. Estamos um pouco a margem das iniciativas internacionais que já começaram a ser realizadas. O risco é desperdiçarmos a oportunidade de trazer para o debate estes temas”, comenta Heloisa Oliveira, CEO da Fundação Abrinq.

Heloisa destaca ainda a importância do Brasil fazer parte desta discussão que prevê a implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) – que deverão orientar as políticas nacionais e as atividades de cooperação internacional nos próximos quinze anos, sucedendo os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) -, principalmente pelos avanços conseguidos pelo país nos ODMs: das oito metas previstas, o Brasil só não atingiu uma delas, em relação à mortalidade materna.

O país é visto como modelo em políticas sociais, mas tem um grande desafio de acabar com a cadeia da desigualdade. E isso é essencial de ser debatido neste momento, principalmente porque uma das propostas para os ODS é a desagregação dos dados por gênero, raça etc. E, num país como Brasil, em que temos discrepâncias enormes entre as regiões, essa questão será essencial”, completa Heloísa.

De acordo com a CEO da Fundação Abrinq, outro debate que está sendo proposto e liderado pela Save the Children é que nenhuma meta dos ODS seja considerada cumprida se ela não for alcançada por todos os grupos sociais. “Se conseguirmos isso significa que a gente, de fato, está trabalhando pelo desenvolvimento e pela extinção da desigualdade social”, acredita.

Entre as sugestões de ações a serem realizadas no Brasil pela action/2015, o grupo prevê debates com especialistas para discutir os temas propostos pelos ODS, assim como a disseminação de conhecimento a respeito do assunto via mídias sociais. “Mas será preciso ainda discutirmos o financiamento destas iniciativas”, aponta Heloisa.

Como participar

As instituições interessadas em se unir à coalizão action/2015, podem encaminhar e-mail para: [email protected]

Conheça alguns vídeos da action/2015

· How we launched action/2015

· New Year′s Eve launch

· O mundo é seu. A escolha é sua

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