Indicadores GIFE de Governança é novo instrumento para fortalecer o setor

Por: GIFE| 9º Congresso GIFE| 04/04/2016

O GIFE acaba de lançar uma nova iniciativa: os Indicadores GIFE de Governança, uma ferramenta online que permite a associações e fundações fazer uma autoavaliação do grau de desenvolvimento de sua governança.

Andre Degenszajn, secretário-geral do GIFE, destacou, durante o lançamento do projeto, que o tema da governança é central para a organização há anos e que neste tempo, o GIFE tem se dedicado a construir parâmetros voltados para o setor em parceria com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

Tanto é que há um curso no GIFE específico sobre o tema, além do Guia das melhores práticas de governança para institutos e fundações empresariais, elaborado também em parceria com o IBGC, que direciona os indicadores agora elaborados.

“Decidimos criar esta nova ferramenta pois sentíamos falta de um instrumento mais prático que ajudasse as instituições a se autoavaliarem. Queremos, a partir dos indicadores, elevar os padrões de governança do setor. Por isso, esta é a primeira versão da ferramenta e pretendemos aprimorá-la e criar novas versões mais adequadas e afinadas às demandas do nosso campo”, comentou Andre.

Graziela Santiago, coordenadora de Conhecimento do GIFE, ressaltou ainda que a proposta dos indicadores é promover a profissionalização e eficiência das organizações, contribuindo para sua perenidade e sustentabilidade financeira, para o estabelecimento de relações mais transparentes e abertas com as partes interessadas e para o cumprimento de sua missão, assegurando seu sentido público e ampliando sua capacidade de impacto. “A proposta é fortalecer a legitimidade das organizações da sociedade civil”.

Funcionamento

Para participar, as instituições acessam a ferramenta e preenchem um questionário online estruturado em um conjunto de indicadores que refletem, por atribuição numérica, graus de governança em relação a distintas dimensões estabelecidas: Conselho deliberativo; Controle e supervisão financeiros e econômicos; Estratégia e gestão; Políticas institucionais e Transparência e relação com partes interessadas.

Os indicadores não estão restritos às exigências legais vigentes e foram abarcadas outras práticas voluntárias em governança para a construção dos mesmos. Eles consideram as especificidades das organizações da sociedade civil em relação à governança e podem ser aplicados a qualquer tipo de organização, independentemente de seu porte, área de atuação ou perfil. O GIFE está propondo, portanto, uma ferramenta que extrapola o universo do investimento social e de seus associados.

Ao aplicar esse conjunto de indicadores, a organização obtém uma pontuação para cada eixo e também no total e poderá, assim, identificar o estágio de governança em que se encontra e refletir sobre quais caminhos deve seguir para o seu aprimoramento. A proposta não visa gerar qualquer tipo de ranking entre os participantes.

Graziela destacou ainda que, além de ser um guia prático e orientador para as organizações, a ferramenta pretende ampliar o conhecimento e a troca a respeito da governança das associações e fundações, contribuindo para a discussão sobre esse tema. Para isso, a plataforma do projeto conta com diversos conteúdos sobre governança, como publicações, pesquisas e notícias produzidos pelo GIFE e outras organizações.

Relevância do tema

O lançamento dos indicadores foi promovido em uma mesa de debate durante o 9º Congresso GIFE e contou com a participação de Allan Lopes Santos, secretário executivo da Fundação Banco do Brasil – patrocinadora do projeto –, e também de Sergio Mindlin, professor do curso do Governança do GIFE e conselheiro do Instituto Ethos.

Allan aproveitou o momento para compartilhar a forma como a Fundação encara o tema da governança internamente e ressaltar a importância das fundações e institutos estabelecerem um sistema de governança sólido, baseado na transparência.

Em seguida Mindlin destacou que a função desse sistema de governança – com seus instrumentos e processos – é justamente garantir que a organização consiga cumprir a sua missão de forma mais eficiente e eficaz. O especialista lembrou que o conselho da organização tem um papel central para que este sistema funcione adequadamente, e é preciso que or presidente estabeleça processos de diálogo consolidados com o executivo da organização, para que os resultados sejam mais efetivos.

“É preciso entender o papel de cada um e a complementariedade para que o sistema possa operar. Lembrando que o conselho deveria ser capaz de aprovar uma estratégia e não necessariamente criá-la, tendo em vista que é a parte executiva da organização que tem o domínio sobre o tema, conhece as barreiras do dia-a-dia, quais parceiros etc”, comentou.

Em sua avaliação, o sistema de governança deve ir além da definição de questões de estrutura como, por exemplo, o número necessário de conselheiros, e se ater aos  processos. “De que forma os vários órgãos se comunicam? Qual é o grau de abertura e confiança entre um e outro? É preciso ver a dinâmica destas estruturas”, ressaltou Mindlin.

Discussões e análise

O lançamento dos Indicadores GIFE de Governança foi marcado também por uma atividade prática em que os participantes puderam conhecer os indicadores selecionados no questionário e, em grupos correspondentes aos eixos da ferramenta, discutiram sobre o papel da governança nas organizações. O objetivo da atividade foi debater a influência da governança no fortalecimento institucional, na profissionalização das organizações e, sobretudo, na preservação do sentido público de suas missões, fatores que contribuem para a construção de sua legitimidade.

Na ocasião, Mafoane Odara, coordenadora das iniciativas de enfrentamento à violência doméstica do Instituto Avon, comentou que foi muito interessante preencher os indicadores, pois permitiu uma autorreflexão sobre questões até então não vislumbradas por ela.

Os participantes trouxeram também sugestões à ferramenta, como a possibilidade de um olhar mais amplo sobre o indicador que diz respeito à diversidade nos conselhos, a fim de abarcar todas as diversidades (de gênero, raça etc), assim como criar novos indicadores que possam refletir sobre o acompanhamento da governança nos processos cotidianos das organizações.

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