Storytelling for Nonprofit: muito além das histórias

Por: GIFE| Notícias| 29/11/2016

Por Marcelo Douek*

Há duas semanas estive em Chicago para uma conferência chamada Nonprofit Storytelling Conference , um encontro de dois dias que reuniu mais de 600 profissionais (gente do mundo inteiro) para falar sobre como as histórias estão potencializando as atividades de fundraising nos Estados Unidos.

O que mais me impressionou foi a maturidade com relação ao tema. Foram mais de 20 apresentações e ainda que os princípios do storytelling sejam os mesmos desde Aristóteles, é incrível a capacidade que eles tem de diversificar formatos narrativos para alavancar recursos em suas organizações.

Enquanto no Brasil a discussão sobre o poder das histórias reside primordialmente no ambiente corporativo e na conversa sobre conteúdo de marcas, nunca pensei que eu veria em uma conferência de nonprofit tantas abordagens e experiências com storytelling.

Divido agora algumas das lições que trago de lá. São pinceladas das várias apresentações que assisti e que juntas, formam uma espécie de toolkit para que você possa utilizar o poder das histórias dentro da sua fundação, instituto ou negócio social.

1) Conheça seu doador ideal. Pesquise, procure no seu banco de dados, converse com as pessoas da sua organização. Você precisa saber exatamente qual é o perfil do doador ideal. Um doador de 23 anos se sensibiliza com histórias muito diferentes do que um doador de 70 anos (e a grande maioria dos doadores estão nessa faixa etária!). Traçar o perfil do doador ideal deve ser seu ponto de partida para contar qualquer história.

2) Escolha seu canal de comunicação. Atualmente, temos a tendência de usar o digital pra tudo. Online pra cá, facebook pra lá, google ads e por aí vai. Será que se o seu doador ideal for um sujeito de 60 anos, ele não vai preferir receber uma carta escrita a mão? Importante pensar que as pessoas tem hábitos de mídia muito variados e o ato de pedir dinheiro deve ser feito com delicadeza, então a escolha do meio é fundamental.

3) Coloque seu doador em primeiro plano. Ele tem um motivo especial para doar dinheiro à sua organização. E provavelmente é um motivo pessoal, um sonho que ele deseja ver se realizar (erradicar o câncer, por exemplo). Você precisa entender esse motivo. E quando for contar uma história para ele, essa história deve funcionar como uma ponte entre o motivo dele e a realização do tal sonho. O doador precisa ver a sua história como a melhor alternativa que ele terá para concretizar seu sonho.

4) Privilegie uma única história poderosa. Você tem um beneficiário que tem uma boa história de vida? Invista nessa história, invista nesse personagem. Quando contamos muito bem a história de uma só pessoa, a chance de sensibilizar a audiência é muito maior. Isso acontece pelo fato de que quando você conta a história de um único personagem, as pessoas se envolvem muito mais do que se você tentar contar histórias de vários personagens ao mesmo tempo.

5) Explore todo o potencial da sua história. Pense que você vai precisar falar com seu público-alvo em momentos distintos do processo de convencimento. Então sua história deve ter formatos diferentes para atingir essas pessoas. Um post, um texto no blog, uma carta, um e-mail e até um filme. Faça um planejamento de como utilizar o melhor da sua história em cada meio para que você consiga engajar sua audiência.

6) Definiu o público-alvo, o meio e a história? É hora de botar em prática o plano “Peça, agradeça, reporte”. Toda sua comunicação deve ser baseada nessas três práticas. Você deve organizar sua história de tal forma que possa entrar em contato com seu target nesses momentos da jornada da sua organização. E cada uma dessas etapas é importante. A coisa funciona assim; 1) Peça: conte uma história de um personagem que teve sua vida transformada graças a atuação da sua organização. 2) Agradeça: utilize esse seu personagem para agradecer a doação de forma simpática, legitimando a ação do doador. 3) Reporte: coloque seu doador no protagonismo, mostrando como ele fez diferença na vida daquele personagem e de tantos outros beneficiários da sua organização. Depois disso, repita o processo continuamente.

Todas essas lições vieram de pessoas incríveis que estão há anos trabalhando com Storytelling for Nonprofit. Executar esses passos com qualidade demanda grande energia das equipes de comunicação, que muitas vezes tem recursos limitados. Ao mesmo tempo, tenho certeza que montar um plano de Storytelling a partir dessas dicas vai potencializar os efeitos da sua organização e garantir retornos cada vez mais transformadores. Boas histórias e sucesso pra você!

Sobre o autor

*Marcelo é CEO da LUKSO Story & Strategy há 8 anos, onde desenvolve projetos de storytelling para grandes marcas. Marcelo acaba de fundar a Social Docs, uma agência especializada em Storytelling com uma metodologia exclusiva para organizações de impacto social.

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