Voluntariado corporativo é tema de encontro entre associados do GIFE em São Paulo

Por: GIFE| Notícias| 20/04/2015

Despertar para a participação, engajar o funcionário, realizar ações de impacto e mensurar os resultados dos trabalhos são desafios constantes quando se trata de voluntariado corporativo.

Para debater esses e outros assuntos relacionados ao tema, o GIFE, em conjunto com a GE, a MOVE e a United Way, reuniu no dia 16 de abril, em São Paulo, cerca de 100 profissionais que lideram programas de voluntariado em empresas e instituições no evento “Voluntariado Corporativo: Benefícios, Impacto e Limites”. No encontro, os participantes conheceram o programa de voluntariado da GE, bem como os resultados de duas recentes pesquisas sobre o voluntariado corporativo, produzidas pela United Way e pela MOVE.

A pesquisa global Corporate Volunteer (Voluntariado Corporativo), da United Way, realizada em parceria com a London Business School e a Universidade da Georgia, trouxe avaliações de entrevistas promovidas com 237 funcionários (participantes ou não de ações de voluntariado) de 52 empresas em cinco países: Austrália, Brasil, Canadá, Índia e Estados Unidos. O levantamento contou com a participação das empresas parceiras da organização e buscou responder a três questões: o que motiva o funcionário a ser um voluntário, quais são as características desse voluntário e como são avaliados os benefícios da atividade.

Com relação à motivação, o levantamento constatou que 36% dos entrevistados praticam o voluntariado com o objetivo central de ajudar o próximo; 31% porque acreditam na causa que ajudam; e 12% realizam voluntariado para socializarem-se com os colegas de trabalho e ter contato com as pessoas. A pesquisa indicou também que o desenvolvimento de novas habilidades é um fator que impulsiona o funcionário a querer desenvolver a prática (10% dos entrevistados), assim como os benefícios da empresa (6%).

A preocupação com a participação nas ações de voluntariado é um fator importante, pois existe uma dificuldade de engajar a todos. Segundo Silvia Zanotti, diretora executiva da United Way, entretanto, isso deve ser encarado com naturalidade. “”Temos uma ansiedade em aumentar o engajamento das pessoas nas ações de voluntariado, mas precisamos compreender que existe um grupo que não tem esse perfil e que não participa, o que é normal””, comentou. Entretanto, ainda de acordo com a pesquisa, mesmo quem não se voluntaria, vê a iniciativa das empresas como positiva. “”Dos entrevistados, 82,7% têm a visão de que o voluntariado é positivo para a empresa, enquanto apenas 5,2% consideram um fator negativo””, afirmou Silvia.

A maioria dos programas, ainda de acordo com o estudo, é realizada dentro do horário de trabalho dos funcionários, que dedicam em média uma hora e meia de trabalho semanal a essas ações, o que significa de quatro a cinco horas mensais.

O levantamento também pôde comprovar a percepção de que a realização de trabalhos voluntários traz benefícios tanto para quem recebe quanto para quem pratica, e que acaba refletindo positivamente na própria empresa que estimula e promove essa ação.

Entre os voluntários entrevistados, por exemplo, a satisfação com o trabalho aumentou em 6% e o comprometimento com a empresa em 5%. Além disso, 68% daqueles que já se voluntariaram manifestaram a intenção de fazer isso novamente no próximo ano.

Além da quantidade

Segundo a pesquisa da United Way, a avaliação das ações de voluntariado ainda é um desafio para as companhias. “”Apenas 14,6% das empresas pesquisadas avaliaram o que o voluntariado muda na vida do funcionário. A avaliação é um trabalho complexo, mas é também uma grande oportunidade para os programas””, disse Silvia. A análise desses resultados pode contribuir significativamente para manter o engajamento, legitimar a atividade e comprovar os benefícios e a geração de valor à empresa.

Rogério Silva, sócio-fundador e diretor de pesquisa da MOVE, organização especializada em mensuração de impacto e estratégias de desenvolvimento social, alertou para a necessidade de utilizar cada vez mais dados qualitativos no que diz respeito à avaliação dos programas de voluntariado.

De acordo com Rogério, a mensuração de resultados que existe hoje, em sua maioria, é direcionada aos aspectos quantitativos, a coleta de dados é remota e não considera o ponto de vista da comunidade beneficiada, colocando o foco apenas no voluntário. “”Os gestores precisam estar atentos para o modo como estão mensurando suas atividades. As avaliações dos voluntários e indivíduos são bastante válidas, mas elas também devem olhar para fora da empresa””, afirmou, durante palestra sobre Oportunidades e Limites para gerar Transformação Social, com dados baseados em diferentes avaliações externas sobre programas de voluntariado corporativo.

Assim como a United Way, os estudos da MOVE também olharam para o engajamento do funcionário. Eles afirmaram que a capacidade de mobilização de um programa de voluntariado está em entender a motivação do indivíduo e valorizar as atividades que ele já sabe desenvolver.

“”As pessoas são capturadas por causas que as sensibilizam afetivamente. A pessoa precisa gostar daquela atividade que está exercendo. É um erro a padronização, oferecendo uma mesma ação a diferentes profissionais. As empresas não são homogêneas então o voluntariado também não deve ser. Outro fator é que, quanto mais a pessoa domina o objeto do trabalho (voluntário), melhor ele o realiza. Quanto mais difícil a atividade e fora do conhecimento técnico da pessoa, menos interesse ela vai ter. Respeitar o ativo do voluntário é importante””
, disse Rogério.

Para envolver ainda mais as pessoas nas atividades, outro ponto-chave, segundo o pesquisador, está em estabelecer com o voluntário um vínculo em longo prazo. Dedicar-se a produzir os chamados “”quick wins“”, ou seja, resultados que possam ser visto em prazos curtos e que possam ser celebrados entre os voluntários é uma estratégia importante.

Porém, Rogério alertou que nada disso tem validade sem que a atividade tenha um objetivo mais amplo. “”O voluntariado tem que ser estratégico para que trace um caminho de intervenção. Se a ação é pintar uma escola, por exemplo, o voluntário tem que entender o que um ambiente escolar mais adequado significa para uma criança, que essa é uma ação dentro de um conjunto de iniciativas que vão gerar resultados, e que faz parte de um contexto muito maior””, afirmou.

Além da falta de direcionamento, outros fatores podem limitar a eficiência de um programa de voluntariado corporativo, de acordo com os estudos: políticas institucionais que não respeitam o horário da atividade durante o período de trabalho do funcionário; superiores desinteressados ou proibitivos; comunicação ineficiente que não evidencia a causa; falta de feedbacks aos voluntários, impedindo-os de analisar o seu potencial sobre a atividade; controles excessivamente rígidos (preenchimento de muitos formulários, por exemplo).

A prática da GE

Jasmin Eymery, gerente de sustentabilidade da GE na América Latina, também esteve presente no evento para apresentar o programa de voluntariado da empresa. Ela explicou que o voluntariado é parte da cultura empresarial, e se encontra dentro de um sistema de gestão mais amplo, que guia a sustentabilidade corporativa, formada pelos eixos de “”produtos e soluções””; “”políticas e práticas””; “”diálogos com os setores e políticas públicas””; e “”pessoas e voluntariado””.

“”Esse sistema de gestão se reflete no que a gente faz no dia-a-dia. A importância do voluntariado na empresa está na estratégia. O presidente dá uma grande importância e isso faz parte da cultura da organização e de um dos valores da empresa que é o de estreitar o vínculo com a comunidade. Isso vem beneficiar a todos: o voluntário, a comunidade e a empresa””, afirmou.

A área de voluntariado apoia-se em quatro pilares: educação, saúde, meio ambiente e desenvolvimento comunitário. Em todo o mundo, a GE Volunteers reúne 225 conselhos de voluntariado em 52 países. O programa conta com uma missão global, visão e recursos para ser executado. Os conselhos têm a participação de lideranças que estimulam a prática internamente, entre os funcionários e dividem responsabilidades para execução de tarefas. A empresa também reconhece e premia as melhores iniciativas e os esforços dos voluntários.

“”Digo a todos os gestores de voluntários que essa é uma ferramenta poderosa para promover os valores de uma empresa. O objetivo final de tudo isso é melhorar a qualidade de vida nos locais onde a empresa se encontra e na comunidade daqueles locais””, disse Jasmin.

Campanha Viva Unido

O evento foi o primeiro de uma série preparatória do GIFE para o Dia do Voluntariado, a ser celebrado em 4 de dezembro de 2015, com a campanha Viva Unido, criada pela United Way.

A iniciativa tem como objetivo colaborar com programas de educação na juventude e primeira infância, investindo no voluntariado corporativo e em projetos comunitários. Para isso, realiza o Dia Viva Unido, que acontece em todas as unidades da United Way, em 43 países. A proposta do GIFE é incentivar os seus associados a participarem desse dia, por meio da campanha.

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