Encontro reúne especialistas para discutir governança social integrada

Por: GIFE| Espaços de diálogo| 02/03/2015

O que é governança social integrada? Como promovê-la? Que metodologias e ferramentas estão disponíveis para aplicá-la? Esses foram alguns dos assuntos abordados durante II Encontro Anual de Centro de Referência em Governança Social Integrada (CRGSI), promovido pela Fundação Dom Cabral (FDC) no dia 25 de fevereiro, em São Paulo.

O evento contou com a participação dos associados ao CRGSI (Cemig, Fundação Arcelor Mittal, Fundação Telefônica, Instituto Camargo Correa e CCR), com o patrocínio do BNDES e apoio do GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas). O encontro teve como objetivo a divulgação, o compartilhamento e o aprimoramento dos conhecimentos do CRGSI sobre governança do ecossistema social em que acontece o desenvolvimento sustentável no Brasil.

Na abertura do encontro, Claudio Boechat, professor da FDC, destacou que o Centro – criado em 2013 -, tem como proposta construir conhecimento sobre como organizações do poder público, da inciativa privada e da sociedade civil podem criar e participar de cooperações com o intuito de promover o desenvolvimento sustentável de um território.

Para isso, apresentou as frentes de trabalho com as quais o Centro vêm trabalhando na governança social integrada: A Plataforma GSI; os ambientes trisetoriais que tratam de boas práticas em GSI; e a iniciativa Incluir, realizada com o PNUD, sobre mercados inclusivos, baseados em trabalho, empreendedorismo e consumo. Claudio reforçou que o Centro trabalha com a premissa de que o conhecimento precisa ser útil, aplicável, inovador e socializável, alinhado com a prática.

Durante a abertura do evento, André Degesnszajn, secretário-geral do GIFE, destacou que a instituição completa 20 anos em 2015 e que, neste período, muitas coisas mudaram na relação privado, publico e sociedade civil. “Antes havia grande separação entre a atuação da empresa e de seu investimento social. Com o adensamento das organizações da sociedade civil e das organizações de investimento social privado, observa-se um movimento de aproximação entre investimento social e negócio, e o investimento social aparecendo no contexto mais amplo da empresa”, comentou.

André enfatizou que é no território onde essa observação mais se explicita e se materializa, trazendo consigo seus potenciais e conflitos. “Vem com isso uma discussão sobre as organizações que transitam no limiar público-privado e sobre como o investimento social se relaciona com políticas públicas e com governos, que caminha no sentido de uma articulação para a construção de uma governança que seja mais adequada nos territórios”, destacou.

Em seguida, foi apresentada a Plataforma GSI, construída a partir de uma série de encontros com indivíduos que atuam ou atuaram na articulação entre e dentro dos setores público e privado e da sociedade civil.

A plataforma é um modelo de representação da integração dos três setores e da comunidade em que se visualiza: os setores; suas camadas de complexidade – Relações (conjunto de fenômenos que estabelecem vínculos entre e dentro de setores e comunidades), Gestão (conjunto de processos para o gerenciamento de recursos, pessoas e outros ativos, visando a alcançar determinado resultado) e Liderança (conjunto de processos destinados a dirigir, conduzir, incentivar e motivar pessoas de uma organização ou uma comunidade); e seus estágios evolutivos 1, 2 e 3.

A plataforma prevê a gestão de relações intersetoriais, por meio da análise da GSI em um território no qual um projeto esteja sendo implementado e também no planejamento prévio de uma iniciativa. Por exemplo, ao analisar a plataforma, na camada de complexidade Liderança, no setor das OSCs, um líder estaria no estágio 1 quando “tem preocupação com a causa”, no 2 quando “tem preocupação com a gestão” e no 3 quando “tem preocupação com o todo”.

Para que os participantes pudessem vivenciar a plataforma, foi desenvolvido um jogo durante o evento. O jogo simulou o ambiente da GSI, suas circunstâncias e uma leitura estratégica.

Relação trissetorial e mercados

No encontro, Nísia Werneck, professora associada da FDC, apresentou uma metodologia e framework para avaliação de GSI em ambientes trisetoriais criada pelo Centro, que visa ser uma base para um banco de práticas, identificando e documentando informações, aprendizagens e experiências. Nísia observou que ainda falta amadurecimento das práticas trisetoriais, assim como conhecimento sistematizado. “Os modelos de avaliação são insuficientes e há um descolamento entre as expectativas, as práticas e resultados”, destacou. Uma das práticas avaliadas está sob a responsabilidade da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), que foi apresentada por Virgílio Viana, seu diretor superintendente.

Para finalizar o evento, Jenny Karlson, oficial de programa do PNUD, apresentou a iniciativa Incluir, uma plataforma de diálogo e de troca de conhecimentos para que empresas, associações empresariais, acadêmicos e formuladores de políticas públicas se juntem e desenvolvam laços a favor das melhores práticas de inclusão por meio de seus negócios.

Em sua fala, Jenny enfatizou o que precisa ser implementado e articulado para se desenvolver o ecossistema de mercados inclusivos no Brasil. Uma representante da OIT (Organização Internacional do Trabalho) no Brasil apresentou dados sobre os avanços e a situação atual do mercado de trabalho no país, apontando seus desafios futuros, considerando provável retração econômica, que estão concentrados em como não deixar que tal retração pressione os avanços conquistados. Nessa linha, trouxe questionamentos: como manter as taxas de ocupação elevadas? Como não aumentar a informalidade? Como garantir a continuidade nos ajustes do salário mínimo? Como ficam as políticas de transferência de renda? E a igualdade de oportunidades e de tratamento? E as políticas de formação e capacitação e o apoio às MPEs (micro e pequenas empresas)?.

Maurício Turra, professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), na mesma linha, apresentou dados sobre empreendedorismo no Brasil e Luciana Aguiar, da Plano CDE, trouxe informações e tendências sobre o consumo nas classes C, D e E no Brasil.

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