Fórum Amazônia Sustentável debate desafios, perspectivas e o papel do Investimento Social Privado

Por: GIFE| Notícias| 18/07/2022
amazônia sustentável

Comunidade de ribeirinhos em Manaus

Em resposta ao cenário de constantes ameaças à integridade do bioma amazônico e de seus povos, foi realizado em Alter do Chão (PA), entre os dias 6 e 8 de julho, o Fórum Amazônia Sustentável. O evento reuniu organizações da sociedade civil e do setor privado, além de mais de 40 lideranças indígenas, ribeirinhas, quilombolas e trabalhadores(as) rurais. 

Atuando como espaço de articulação multissetorial, o Fórum promove conteúdos, debates e conexão entre os atores que participam do enfrentamento ao desmonte ambiental e à crise climática. Além de pensar e propor alternativas para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. 

O encontro teve três focos: proteção e segurança da floresta, dos territórios e dos povos e comunidades Amazônidas; fortalecimento da sociobioeconomia e manutenção da floresta; e construção de um posicionamento comum para a incidência nas eleições de 2022. 

Desafios e expectativas

A Amazônia abrange seis países, mas 59% da chamada Amazônia Legal se encontra no território brasileiro, área onde também são enfrentados uma série de obstáculos. “O principal desafio para a proteção da Amazônia é o combate às ilegalidades: extração de madeira, garimpo, grilagem, assassinatos e ameaças a ativistas e lideranças”, aponta Victor Salviati, superintendente de desenvolvimento institucional da Fundação Amazônia Sustentável (FAS). Para ele, o enfraquecimento dos órgãos de fiscalização, a pandemia e a crise econômica, criaram um cenário propício para o avanço desses agentes de destruição da região. 

Adriana Ramos, secretária executiva do ISA – Instituto Socioambiental, acredita que a principal adversidade enfrentada hoje é a ausência de políticas públicas consistentes. “E a impunidade, que levam ao fortalecimento dos agentes que atuam na ilegalidade, aumentando o desmatamento e a violência.”

Ainda assim, Victor Salviati assegura que há capacidade, recursos alocados e otimismo para reverter a curva de destruição. Um dos pilares dessa mudança, afirma, é o investimento em bioeconomia, fomento às atividades econômicas de base florestal nativa Amazônica. 

A FAS hoje secretaria a iniciativa Hub de Bioeconomia Amazônica, espaço de conexão entre os atores da bioeconomia: investidores, produtores, formadores de opinião, pesquisadores e tomadores de decisão.

Adriana Ramos defende que o processo eleitoral pode contribuir com o debate, tendo como front a retomada de políticas públicas em um novo governo.

“O ISP é o desencadeador das mudanças necessárias”

A atuação do Investimento Social Privado (ISP) na agenda ambiental tem se mostrado fundamental para avançar em soluções. Desde o final de 2019, a Vale assumiu o compromisso de proteger e recuperar 500 mil hectares de florestas até 2030.

“Desses 500 mil hectares, 100 mil são para plantar e recuperar áreas, os outros 400 mil para conservação de floresta em pé”, acrescenta Márcia Soares, líder de parcerias do Fundo Vale, que atua há 12 anos na Amazônia. Ela explica que o Fundo propôs alcançar os 100 mil hectares em um modelo de recuperação produtiva. Ou seja, além de plantar árvores, colaborar com uma economia ligada à recuperação.

Até 2021 foram recuperados 6.128 hectares, e hoje a organização investe em cinco negócios. “Claro que com cinco negócios não vamos sair de 6 mil hectares para 100 mil, então estamos testando outras formas, sempre estimulando a economia da recuperação”, completa. Este ano, a empresa fechou investimento com a Regreen, empresa que faz restauração de floresta nativa. 

Márcia Soares defende ainda que o ISP pode apoiar modelos de pagamentos por serviços ambientais. “Hoje há o mecanismo Redução de Emissões por Desmatamento Evitado, onde os créditos são gerados quando a empresa comprova que foi evitado um desmatamento que aconteceria.”

Para Victor Salviati, o ISP é o desencadeador das mudanças necessárias na sociedade. Mas, salienta que é preciso estar minimamente coordenado para não dar margem ao greenwashing; e sobretudo, priorizar populações vulneráveis em territórios estratégicos, potencializando impacto e provendo o maior retorno à sociedade.


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