Investimento em juventudes vai além da inclusão produtiva, aponta mapeamento

Por: GIFE| Notícias| 16/08/2021
Investimento Social nas Juventudes

Juventudes é o segundo tema em que o investimento social privado (ISP) mais atua, atrás apenas da Educação. O dado é do Censo GIFE 2018. Cerca de 60% das organizações respondentes afirmaram atuar para a formação cidadã e econômica dos jovens.

Essa parcela da população é composta, atualmente, por cerca de 50 milhões de pessoas de 14 a 29 anos, a maior geração de jovens da história do país. Os desafios, que já eram grandes, foram ainda mais aprofundados com a pandemia.

Pensando nisso, a Rede Temática (RT) de Juventudes produziu o Mapeamento do Investimento Social nas Juventudes. Com o apoio da Tr3s Consultoria, o estudo foi conduzido em duas etapas,  uma quantitativa e a outra qualitativa, junto a organizações associadas ao GIFE que atuam com e para o público jovem.

O objetivo da iniciativa é identificar o sentido do investimento social privado no tema como forma de buscar uma atuação mais coordenada do setor.

“A agenda das juventudes cresceu nos últimos dois anos e os recursos são limitados frente ao tamanho do desafio. Por isso, precisamos atuar de forma coordenada”, afirma Mariana Resegue, secretária executiva do Em Movimento e uma das coordenadoras da RT Juventudes.

Foco de atuação

De acordo com o estudo, o foco prioritário de atuação das organizações do ISP está na agenda da inclusão produtiva dos jovens, com muitas ações voltadas à capacitação para o mercado de trabalho.

Para Mariana, outras agendas demandam investimento e são oportunidades para uma atuação coordenada do setor.

“74,4% das vítimas de violência letal no Brasil eram negras e 51,6% eram jovens de até 20 anos. Vivemos um contexto de extrema urgência, que passa por olhar também para o racismo estrutural. Se queremos garantir uma boa vida para nossa juventude, antes, precisamos garantir que esses jovens estejam vivos.”

Outros desafios importantes, segundo Mariana, passam por problemas relacionados à saúde mental e pela educação sexual e reprodutiva.

Colaboração e atuação sistêmica

De acordo com a especialista, a etapa qualitativa do estudo mostrou que o jovem não sente a presença do Estado em sua vida. “Quando olhamos os dados, vemos que o desafio do trabalho é só a ponta do iceberg de uma exclusão sistemática que, muitas vezes, vem desde criança. Então, precisamos conseguir pensar uma atuação mais transversal e alinhada às políticas públicas.”

Para Mariana, é necessário que o investimento seja maior e mais diversificado, o que exige uma atuação colaborativa.

“Precisamos aumentar o bolo, trazendo mais recursos para a agenda, seja do setor empresarial, do governo e até de fora do Brasil. Mas também precisamos diversificar esse investimento, coordenando melhor as nossas ações. Ainda temos uma atuação prioritária nos centros e periferias urbanas do Sul e Sudeste e precisamos olhar também para o jovem rural e das regiões Norte e Nordeste”, observa.

Para a coordenadora da RT, apesar dos desafios, desenvolver uma cultura organizacional para atuar em colaboração, com intersecção de pautas e métodos e modelos de financiamento em rede, é um caminho necessário a ser perseguido pelas organizações.

“Temos mais força quando estamos juntas, conseguimos ter mais escala e envolver mais pessoas. Esse é um ponto muito relevante reforçado pelo mapeamento.”


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