Publicação reforça a importância da priorização de pedestres em planos e projetos

Por: GIFE| Notícias| 04/09/2020

“Caminhar é a forma de deslocamento mais antiga, natural e inerente ao ser humano. Apesar de ser o meio de transporte mais inclusivo, saudável, econômico e com menor impacto ambiental, ele é ainda o mais negligenciado: as más condições da infraestrutura o tornam inacessível e inseguro.” O trecho é da publicação Andar a pé eu vou: caminhos para a defesa da causa no Brasil e dá o tom do debate.

O documento, desenvolvido no âmbito do projeto Como Anda – criado a partir da parceria entre as organizações Cidade Ativa e Instituto Corrida Amiga, com apoio do Instituto Clima e Sociedade -, sistematiza os resultados de uma pesquisa realizada entre junho de 2019 e maio de 2020, que teve como objetivo identificar e analisar experiências nacionais que influenciaram ações, projetos ou políticas públicas voltadas ao deslocamento a pé. A ideia é que a publicação possa contribuir para o fortalecimento da atuação de organizações e indivíduos no tema. 

Com alguns indicativos sobre a importância da pauta, como a estimativa de que 40% da população brasileira se movimenta exclusivamente a pé, número que sobe ainda mais se forem considerados deslocamentos no ínicio e/ou final de viagens por transporte público, o documento aponta que as condições oferecidas aos pedestres no Brasil estão longe do ideal: em São Paulo, quase metade das calçadas (41%) não tem a largura mínima determinada por lei. 

Além disso, a preferência pelos transportes motorizados individuais acarreta inúmeras consequências: aumento da emissão de gases poluentes na atmosfera, mortes por doenças respiratórias, maior número de acidentes envolvendo carros e pedestres, além da diminuição da movimentação corporal por quem escolhe o carro a percorrer a mesma distância a pé. 

Mesmo com legislações como o Código Brasileiro de Trânsito (CTB), revisado em 1998, a Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU), sancionada em 2012, e a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), de 2015, a avaliação é que ainda são necessárias ações que tratem sobre o tema abertamente, com a elaboração de planos práticos para priorizar os pedestres.

O documento reforça a importância da atuação das organizações da sociedade civil na defesa da mobilidade a pé, seja promovendo ações em ruas de lazer, reformando e melhorando calçadas, incentivando o aumento da segurança viária ou articulando-se em favor de mudanças legais para implementação de medidas de longo prazo. 

Como forma de incentivar que cada vez mais pessoas e organizações somem-se a essa causa, a publicação traz um roteiro dos passos seguidos na elaboração da pesquisa, sistematizando as descobertas realizadas pelo caminho, dividindo as estratégias identificadas em cinco estudos de caso e uma observação aprofundada das experiências, com levantamento de táticas e ferramentas utilizadas.  

O documento pode ser conferido neste link, assim como outros produtos do projeto Como Anda nesta página.  


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