Renda básica deve ser prioridade na crise, aponta relatório da Cepal

Por: GIFE| Notícias| 22/06/2020

A política de transferência de renda pode sustentar o consumo das famílias, gerando uma recuperação mais sólida e rápida para a crise econômica gerada pelo novo coronavírus. É o que afirma o relatório O desafio social em tempos de COVID-19, da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL).

O terceiro de uma série que examina a evolução da pandemia e seus efeitos na região da América Latina e Caribe, o documento apresenta uma estimativa do impacto social e dos desafios relacionados à atual crise, tanto em 2020 como no médio e longo prazo.

A recomendação é que os programas tenham duração mínima de seis meses, distribuindo uma renda básica emergencial no valor de 143 dólares para toda a população em situação de pobreza, ou seja, vivendo com até 3,2 dólares por dia – o que deve significar um aumento de despesas equivalente a 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada região. Ao todo, 28,7 milhões de pessoas devem entrar nessa situação em 2020, totalizando 214,7 milhões de atingidos na região.

Desigualdade deve aumentar

O relatório indica ainda que cerca de 11,8 milhões de pessoas entrarão em situação de pobreza extrema, ou seja, vivendo com até 1,90 dólar por dia, na região da América Latina e Caribe. O estudo aponta ainda o retrocesso aquisitivo de grupos que tinham conquistado acesso a classe média nas últimas décadas.

Para a Comissão, um dos principais desafios dos países está no registro das pessoas que não têm acesso ao sistema financeiro. Se preocupar com esses grupos é fundamental para evitar um agravamento ainda maior das desigualdades.

Renda dos informais 80% menor

Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam que das 292 milhões de pessoas empregadas na América Latina e no Caribe, 158 milhões são informais (54%).

Grande parte desses empregos são caracterizados pela instabilidade, baixa renda, inexistência de proteção social e ausência de direitos trabalhistas.

A atual crise sanitária deve resultar na redução de até 60% da renda global dos trabalhadores informais. Considerando somente a região da América Latina e do Caribe, esse valor pode chegar a 80%.

O levantamento aponta ainda que 90% dos informais vive em condições precárias, o que significa que 140 milhões de pessoas estão em situação ainda mais comprometida no atual contexto de crise.


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