Seminário debate o enfrentamento das desigualdades

Por: Fundação Tide Setubal| Notícias| 02/07/2017

O seminário ‘Periferias Urbanas: territórios de desafios e possibilidades no enfrentamento das desigualdades’, realizado no dia 26 de junho, pela Fundação Tide Setubal, em parceria com o Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces) da FGV EAESP, reuniu especialistas com diferentes experiências e vivências sobre o tema para aprofundar o debate sobre os desafios das periferias em um cenário de desigualdades socioespaciais, além das oportunidades de transformações a partir de um olhar para o território.

Neca Setubal, presidente do Conselho da Fundação Tide Setubal, participou da mesa Retratos das Periferias e destacou a importância da transparência de dados e indicadores territoriais para promover maior participação política das comunidades: “Uma questão importante é que temos poucos dados georreferenciados que, de fato, consigam chegar às diversas localidades. Um segundo ponto é que aqueles que temos não são transparentes, o que dificulta o acesso da população. É importante que essas informações sejam traduzidas para que a sociedade possa compreender o que significam”.

A mesa abordou ainda a imagem das periferias. Tony Marlon, jornalista e criador do Historiorama, destacou a necessidade de um olhar mais profundo e mais crítico sobre o potencial criativo destes territórios: “É importante que a gente não romantize a inventividade que existe nas periferias, pois ela advém da ausência do Estado. Nós, da periferia, estamos criando soluções, sim, mas porque estamos totalmente à margem daquilo que já existe”.

Maurício Érnica, professor da Faculdade de Educação da Unicamp, trouxe ao debate um olhar sobre educação e desigualdade, mostrando que, apesar dos avanços e melhorias no sistema educacional, os benefícios chegam de forma diferente nos vários pontos da cidade. “As oportunidades são mais restritas para moradores de territórios vulneráveis”, destacou.

 

A realidade, os dados e a informação

Na segunda mesa, Eliana Souza e Silva, diretora da Redes da Maré e do Instituto Maria e João Aleixo, e Sérgio Leitão, fundador e diretor de Relacionamento com a Sociedade do Instituto Escolhas, falaram sobre o desafio destes territórios mais vulneráveis na busca pela qualidade dos equipamentos e dos serviços prestados. “De uma maneira geral, as conquistas aconteceram. No entanto, sem dúvida esses resultados se deram muito pela luta dos moradores. Na Maré, conseguimos diversos equipamentos públicos, mas precisamos agora fazer com que eles funcionem. Isso porque o próprio poder público não acredita que o equipamento possa funcionar dentro da favela”, ilustrou Eliana durante a conversa.

A partir de sua experiência na elaboração do estudo “Quanto custa morar longe?”, Sergio Leitão comentou sobre as longas distâncias que são impostas à essas comunidades e ressaltou que a falta de transparência nos dados e indicadores destes territórios é um fator que contribui para o cenário. “Os dados não fluem e não transitam nas regiões. Somado a isso, está a falta de um olhar dos gestores sobre as demandas que vêm destes locais. Para que os que possuem baixa renda, só resta um lugar para morar: o longe.”

Além da abertura para a participação do público, a mesa contou com a provocação do demógrafo e sócio da Din4mo, Haroldo Torres, sobre dados e indicadores: “A mensagem é muito mais importante do que os dados em si. Eles são o meio para levar a informação e promover o debate, mas a mensagem deve ser o foco”, finalizou.

O seminário é parte de um projeto desenvolvido em parceria com a FGV EAESP, que conta com o lançamento de uma edição especial da Revista Página 22 e marca o início de um novo ciclo de atuação da Fundação Tide Setubal, como destaca a presidente do Conselho da instituição, Neca Setubal: “Queremos contribuir com o fomento às iniciativas que promovam a justiça social, o desenvolvimento sustentável de periferias urbanas e o enfrentamento das desigualdades socioespaciais, com base nos pressupostos que norteiam nossa atuação: o empoderamento e a participação”.

Inteiramente dedicada ao debate sobre o tema, em reportagens, entrevistas e artigos, a publicação revisita os conceitos de centro-periferia e mostra a importância de olhar também para a potência dos territórios de alta vulnerabilidade. A edição aborda os fatores que influenciam e dificultam a tomada de decisão dos gestores públicos em relação a essas regiões, desde a falta de indicadores organizados até pressões políticas. Além disso, indica caminhos propositivos, inspirados em exemplos locais e internacionais. Para fazer download da edição acesse:goo.gl/TpMhMw

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