Terceiro Setor nos EUA é comparável a 6ª economia mundial

Por: GIFE| Notícias| 13/03/2006

Pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de Associações Filantrópicas dos Estados Unidos mostra que o terceiro setor no país contabilizou, em 2003, US$1.76 trilhão em investimentos, com gastos que superam 945 bilhões de dólares. O estudo United States Nonprofit Sector foi realizado a partir dos relatórios anuais de impostos entregues pelas entidades sociais, cujo número chegou a 837.027 no mesmo ano.

Para entender o que isso representa, basta ver os cálculos do The World Factbook, informe do governo americano a respeito da geografia política e social do mundo. Em um cruzamento de dados, a movimentação dos recursos do terceiro setor americano é maior do que economias como a do Brasil, Rússia, Canadá, México e Coréia do Sul.

Para Audrey Alvarado, diretora executiva do Conselho Nacional de Associações Filantrópicas, o setor compreende um vasto e diverso leque de organizações, o que justifica os altos recursos investidos. De ações pontuais, como a distribuição de sopas, a centros de saúde e institutos de educação acadêmica, o rol de ações envolve os mais diferentes atores da sociedade, na visão da especialista.

“”A Sociedade americana começou a entender que o setor privado e o setor público não são diabólicos e percebeu o esforço dos três setores. O tamanho da economia do terceiro setor, quando casado ao impacto social de sua atuação, evidencia que a América confia nas entidades sociais e vê nelas um instrumento de mudança””, explicou ao redeGIFE.

O que sustenta os argumentos de Audrey é um dos pontos mais importantes do estudo: a origem dos recursos. Do total de investimentos, apenas 14% provém de contribuições privadas, e menos de 10% são de doações do governo americano. Assim, 72% provém da renda proveniente de programas e serviços, ou como chamam “”fees for service”” (algo pagamento por serviço), em que recebem fundos destinados a ações sociais. Esses fundos unem investimentos do setor privado e público, além de doações individuais por meios de incentivos fiscais.

“”Os dados mostram que o terceiro setor já deixou de ser um setor nascente e passou a ser estruturado como qualquer outro””, Luiz Carlos Merege, coordenador do Centro de Estudos do Terceiro Setor da Fundação Getúlio Vargas (Cets/FGV). Segundo ele, é um caminho natural dos países com economia forte, o que, é um sinal positivo para o Brasil.

Apesar do crescimento do setor sem fins lucrativos no Brasil e dos investimentos de empresas, fundações e institutos na área social, não existe no país uma visão sistêmica sobre financiamento do terceiro setor. “”Os números que ultrapassam um trilhão de dólares representa 10% de seu PIB americano. Não temos um levantamento atual similar no Brasil””, argumenta Merege.

O mais próximo da análise norte-americana foi o realizado pela Johns Hopkins University em 35 países, coordenado no Brasil pelo Instituto de Estudos da Religião – Iser, em 1995. De acordo com ele, o terceiro setor movimentou US$ 10,6 bilhões, valor equivalia a 1,5% do PIB daquele ano.

No entanto, esse dado não foi atualizado, mais de uma década depois de lançado. “”O país não tem esses dados, porque até pouco tempo não tinha estabelecido um conceito do que é terceiro setor. Ele foi dado pelas Nações Unidas há poucos anos. Tal como o setor, no Brasil, ainda é nascente. Tem pouco mais de 20 anos.””

Dentre as pesquisas mais atuais se destaca a As Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil (Fasfil), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria do GIFE e da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong).

Segundo o levantamento, o número de associações sem fins lucrativos chegou a 276 mil em 2002, dando empregos diretos a 1,5 milhão de trabalhadores, cuja média salarial é de 4,5 salários mínimos mensais – superior à média das empresas em geral de 4,3 salários por mês. Os números mostram que, só em remuneração, elas movimentam R$ 17,5 bilhões anualmente.

“”Esse foi primeiro mapeamento dessas organizações no Brasil com critérios de classificação mais adequados às funções que elas desempenham. Acho que muito se fala em terceiro setor, em entidades sem fins lucrativos, mas não se tinha uma dimensão. Sobretudo separando, por exemplo, o que são aquelas de características voluntárias sem fins lucrativos do que são fins lucrativos, mas com legislações específicas e que ficava tudo no mesmo bolo, como sindicatos, condomínios e partidos políticos””, explica Anna Peliano, diretora do Ipea, na época da divulgação

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