Eventos internacionais discutem questões centrais para o investimento social privado

Por: GIFE| Notícias| 28/04/2014

Debates, discussões e muita troca de experiências marcaram os últimos dias para a equipe do GIFE e de diversas fundações e institutos associados que participaram de eventos internacionais realizados no Chile e nos Estados Unidos.

No Chile, de 22 a 25 de abril, foi promovido o VI Foro internacional RedeAmerica – Empresa y comunidad – actores del dessarrolo sostenible””, organizado pela RedEAmerica, com o intuito de promover um diálogo entre investidores privados, partes interessadas, governos, universidades, especialistas e líderes comunitários. As reuniões tiveram como proposta refletir sobre as lições aprendidas e os desafios do investimento social privado e políticas públicas de desenvolvimento local.

Para o GIFE é extremamente importante estar presente em momentos como este em que é possível discutir a respeito de temas que são pilares do novo posicionamento junto a atores que estão vivenciando tais tendências na prática. Além disso, pretendemos contribuir de alguma forma com o debate, trazendo a nossa visão, além de estreitar alianças no sentido de fortalecer as estratégias de trabalho para seguir e fortalecer também os nossos associados e o investimento social privado”, comenta Ana Letícia Silva, gerente de articulação do GIFE, que esteve presente no encontro.

O fórum contou com painéis, rondas de aprendizagem e também visitas a empresas que desenvolvem ações de articulação com as comunidades locais. Durante os dias do encontro, os participantes puderam debater a respeito dos desafios para a América Latina pós 2015; quais os avanços conceituais e práticos sobre o envolvimento das empresas em desenvolvimento comunitário sustentável; os caminhos para se construir indicadores da relação empresa-comunidade; experiências práticas de negócios sociais e inclusivos; entre outros.

A ronda de aprendizagem sobre avaliação, por exemplo, provocou os presentes a refletir sobre a necessidade de se definir o sentido da avaliação. “Sem essa definição, ela pode se tornar um processo meramente ferramental. Além disso, trata-se de um processo de mudança cultural, organizacional, de desenvolvimento institucional e que, portanto, deve ser internalizado. Importante salientar também que há uma série de métodos para fazer avaliação e que as composições de métodos têm sido mais bem sucedidas”, ressalta Ana Letícia.

No caso da RedEAmérica, houve uma boa discussão sobre a possibilidade de se ter ou não uma base geral que possa servir para os processos de avaliação dos membros da rede como um todo. “Organizações como o GIFE e a RedE precisam compreender qual o seu papel na promoção da avaliação como um processo de fortalecimento da sua rede, a partir do impacto de seus trabalhos”, destaca.

Já na ronda de aprendizagem sobre o envolvimento, alinhamento e aproximação dos institutos e fundações aos negócios das empresas mantenedoras, foram apresentados os resultados de uma pesquisa feita entre os membros da RedEAmérica a respeito do tema. A partir de contextos e tendências observados e sistematizados, percebeu-se que esse processo está em curso, em diferentes estágios dependendo da realidade das instituições, mas já gerando uma série de diálogos sobre oportunidades, ameaças e avanços.

A gerente do GIFE mediou ainda a mesa “Na prática, como alinhar o trabalho de empresas, fundações e comunidades? O enfoque para o desenvolvimento de base pode ser um elemento condutor?”, que contou com participação de Alicia Pimentel, da Fundación Empresas Polar da Venezuela; Melba Pinedo, da Fundación Gases de Occidente da Colômbia; e Saskia Izurieta, da Fundación Holcim do Ecuador.

Em sua apresentação, Alicia Pimentel, da Fundación Empresas Polar, destacou quais têm sido os papéis tanto da fundação quanto da empresa neste processo de integração e alinhamento em relação ao investimento social nas comunidades.

A empresa, por exemplo, tem sido responsável por identificar os impactos da operação e implementar melhorias imediatas relacionadas a estes impactos, assim como desenhar, junto com a fundação, um plano de apoio e acompanhamento às comunidades locais. Já a fundação, tem papel decisivo no diagnóstico das necessidades da comunidade, assim como na criação de formas inovadoras para atender às necessidades das áreas de foco (saúde, educação e desenvolvimento comunitário), além de participar ativamente nas comissões de meio ambiente local, agregando valor em questões sociais de tomada de decisão.

Segundo Alicia, já é possível identificar alguns resultados, como a transferência de métodos de gestão que resultam em um sistema de medição e registro de indicadores inovador e único no país. Além disso, foram incorporados processos essenciais da organização, como planejamento estratégico, tecnologia de informação jurídica e de recursos humanos.

Já Melba Pinedo, da Fundación Gases de Occidente, destacou a estratégia de intervenção social utilizada pela empresa. Inicialmente é feito um mapeamento para conhecer as características socioculturais da comunidade onde a companhia irá operar, além da identificação de líderes e possíveis parceiros estratégicos. Em seguida, busca-se o diálogo com as comunidades em função das suas características e culturas. “Isso permite que você revise os benefícios, problemas das comunidades e oportunidades mútuas para criar valor compartilhado”, destacou.

Como método de governança para a aproximação empresa-comunidade, a Fundação conta com um comitê técnico junto à diretoria responsável por articular as ações. Em alguns territórios, especialmente os denominados de difícil acesso na Colômbia, foram criados comitês interinstitucionais onde se fomenta a participação de diferentes atores e setores locais.

Nas mesas de debate promovidas no encontro, estiveram presentes associados como a Fundação Otacílio Coser, Instituto Votorantim, Instituto Cidadania Empresarial e Instituto Holcim, que também são membros da RedEAmérica.

Os participantes do Fórum tiveram a oportunidade também de fazer uma visita à Mineradora Los Pelambres e sua fundação, que estão localizadas em Los Vilos, ao norte do Chile. A organização desenvolve um amplo trabalho de resgate e valorização da memória e patrimônio para motivar processos de transformação. Há também experiências de negócios inclusivos.

Filantropia em destaque

Uma delegação expressiva, com 17 representantes de instituições brasileiras, marcou presença também na semana passada durante o Global Philantropy Forum, promovido nos Estados Unidos. Trata-se de um evento anual, organizado pelo World Affairs Council of Northern California, que visa construir uma comunidade de doadores e investidores sociais comprometidos com causas internacionais.

A delegação brasileira, mobilizada por GIFE e IDIS contou com 11 associados. Estavam presentes: Acorde, Camargo Correa, Fundação Amazonas Sustentável, Fundação Bradesco, Fundação Roberto Marinho, Instituto Abramundo, Instituto Coca Cola, Instituto Estre, Instituto Gerdau, Instituto Votorantim e Liga Solidária. “Conseguimos mobilizar um grupo de investidores sociais com interesse em participar das discussões em temas globais. Além da oportunidade de conhecer pessoas e organizações que têm feito trabalhos excepcionais pelo mundo afora, apresentamos também o contexto e as iniciativas do investimento social brasileiro”, comenta Ana Carolina Velasco, gerente de relacionamento do GIFE.

Os painéis e mesas de debate trouxeram para discussão temáticas como: Liderança e Cidadania; Filantropia e Aprendizagem; Mercados e Valor; Serviço e Sociedade, sendo bastante destacado o papel das mídias sociais. Além de um espaço para networking e troca de experiências, o evento teve como proposta mobilizar “”individual donors””.

Beatriz Gerdau Johannpeter, presidente do conselho do GIFE e vice presidente do Instituto Gerdau falou, durante o evento, sobre a filantropia comunitária (veja a fala abaixo). Em sua apresentação, Beatriz contextualizou sobre o investimento social do Brasil e apresentou o modelo da Gerdau. Nesta mesa, também foi apresentada a experiência de Janet Mawiyoo, CEO da Kenya Community Development Foundation.

Segundo a gerente do GIFE, foi interessante perceber que várias questões discutidas no fórum, e que foram levantadas durante o Congresso GIFE, também são vivenciadas em diferentes partes do mundo. “Estamos todos trabalhando para que tenhamos um setor com mais transparência, mais trabalho em conjunto entre organizações que atuam nas mesmas causas, com mais disponibilidade de informações e banco de dados compartilhados. Além disso, todos buscam o fortalecimento do indivíduo como cidadão e como participante das resoluções de questões de sua comunidade”, destaca.

Ao longo do evento, foram organizados ainda diversos grupos de trabalho. Um deles se dedicou a discutir a questão do acesso ao saneamento básico, tendo em vista que, segundo a ONU, 2,5 bilhões de pessoas ainda não têm instalações sanitárias aceitáveis no mundo. Outros participantes se reuniram para debater sobre o processo de urbanização e suas consequências, já que a perspectiva é que até 2100, 85% da população mundial esteja vivendo nestas áreas.

Na mesa de consumo sustentável o destaque foi para “”shared economy”” onde foram citados vários exemplos como compartilhamento de conhecimento (wickpedia), serviços (airbnb), colaboração para produção de produtos, compartilhamento de carro etc.

“”Gostei muito da fala do Prof. Dr. Peter Eingen, da ‘Transparency Initiative’, pois através de mais transparência das informações a sociedade civil pode exercer o seu poder de controle social e,consequentemente, diminuir a corrupção“”, comentou Beatriz Johannpeter.

Segundo Cloves Carvalho, diretor do Instituto Votorantim, foi uma ótima oportunidade para expandir conceitos e estabelecer networking. “Pudemos ampliar a visão sobre os desafios futuros e nos inspirarmos ao ouvir histórias de vida e exemplos reais de pessoas que estão, de fato, fazendo a diferença no mundo atual“”, destacou.

“”O desafio desses encontros consiste em trazer visões distintas e instigantes, que possam desequilibrar nossas certezas e formas de atuação. Assisti painéis inspiradores, dentre eles um que nos ajuda a problematizar e pensar novas questões ligadas à escala de nossa atuação“” afirma Mônica Pinto, da Fundação Roberto Marinho.

A delegação brasileira aproveitou a oportunidade para visitar o campus da empresa Google em Palo Alto, e conversou com Jaqueline Fuller, head of Google.org, responsável pelo investimento social da Google – de mais de USD 50 milhões por ano em soluções de tecnologia que tenham impacto social. Jaqueline contou que todos funcionários da empresa tem 20 % de disponibilidade de tempo para trabalho voluntário.

Segue a fala da presidente do Conselho do GIFE – Beatriz Johannpeter Gerdau
Sessão – Philanthropy: Community Philanthropy: Advancing Local Solutions, Building Trust

Brazilian philanthropic landscape:

Institutional and organized philanthropy in Brazil is a relatively recent phenomenon. The act of giving or helping charities certainly goes back to over a hundred years, but the development of foundations that systematically support social, cultural and environmental agendas is a practice that was established in Brazil in the late 1980s.

At GIFE, the national association that gathers foundations and companies involved with philanthropy, we have about 70% of our members linked to corporations. The other 30% is composed of family, independent and community foundations. Most of well structured organizations, created to develop the field of philanthropy and civil society, were created after redemocratization. In the same period, the concept and practice of corporate social responsibility also gained space and many corporations began to develop both their social responsibility strategies and their philanthropic activities, most often referred in Brazil as private social investment.

In many cases, these were family-owned companies, which supported the growth of philanthropy linked to the business and, therefore, to the corporate social responsibility practice. Corporate social investment in Brazil has greatly developed over the past decade. Companies and foundations began to realize that their contributions should be aligned to public policies as a way to gain scale and legitimacy. Governments in all levels of the federation started to see private investors as potential allies for social innovation and for the implementation of public policies, particularly at the local level.

In relation to how these organizations work, most of them invest in programs that themselves operate, investing mostly in education but also in culture, the environment and community development.

Only 20% of the resources invested by GIFE’s members are directed to supporting civil society organizations. This is a very relevant figure if we want to understand the contribution of the social investment sector in Brazil for the development of a strong and autonomous civil society. Grantmaking, in general, is seen as a less strategic approach to social investment.

Civil society organizations are facing a particularly difficult moment in Brazil. Organizations working with development and human rights have been largely funded, for the past 20 years, by international cooperation. As Brazil emerges as a richer economy, the assumption was that the country should be able to fund its own civil society with domestic resources. But this was not followed by an increase in donations from Brazilian institutions. Likewise, individual giving is still very limited, which indicates a great potential for increasing philanthropic resources. This shift has created a gap that has not yet been filled.

It is difficult to explain the existing gap between the demand for resources from civil society and the investment priorities of Brazilian philanthropy, but we can identify a few elements that are likely to contribute to this picture:

Foundations often see nonprofits as having low operational capacity and, therefore, unlikely to produce relevant impact;

With stronger pressure, internally and externally, for demonstrating the impact they are having, foundations are willing to be more operating foundations;

For corporate foundations, there is growing expectation that they should be able to generate value to the business, which in some cases may drive them away from grantseekers.

In some ways, this lack of support to civil society organizations is both cause and consequence of its fragile institutional capacity. With nonprofits seen most frequently as service providers, institutional resources are scarce. This, in turn, represents an obstacle to the development of sound management capacity, reinforcing its image as institutionally weak.

I believe we now have the opportunity to develop a more diverse sector of social investment, contributing more systematically to public policies and better responding to the needs and expectations of civil society in Brazil. A few actions could contribute to this:

Strengthening transparency of the sector
Promoting a culture of giving
Improving the third sector regulatory environment
Developing knowledge to improve social investment practices

Gerdau Institute within the context of social investment in Brazil:

Gerdau is the leader in the segment of long steel in the Americas. With over 45,000 employees, Gerdau has industrial operations in 14 countries. The shares of Gerdau companies are listed on the stock exchanges of São Paulo, New York, and Madrid.

Social responsibility practices have permeated Gerdau during its history of over a 100 years and more recently the Gerdau Johannpeter Family and the Company have joined to create Gerdau Institute.

Gerdau Institute is responsible for the policies and guidelines of Gerdau’s social responsibility, coordinating social programs along with communities, the business chain and strategic partners in the society within the places where the Company operates. It uses organized voluntary work as an agent for change for the sustainable development. Moreover the Gerdau Institute is also responsible for the Gerdau Johannpeter Family Philantropy.

Gerdau Institute, develops a three-fold strategy :
– Supporting community-based organizations where Gerdau plants are established, in the context of local development;
Local grantmaking brings important benefits associated to community development. It has the potential of building trust, promoting community leadership, social capital and more autonomy to local organizations;
– Providing capacity-building to small organizations to integrate them in Gerdau’s business chain, promoting inclusion and economic development;
– Promoting strategic social agendas by providing grants to organizations, working at national level.
All these activities are directed by a specific focus: Education (ensuring equal opportunities for all), Quality of Management (to increase Brazil’s co
competitiveness) and Community Support.

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