Institutos e Fundações e Negócios de Impacto

Por: Instituto Sabin| Notícias| 25/08/2016

Realizado no início de agosto, a 2ª edição do Fórum de Finanças Sociais e Negócios de Impacto[1] mostrou o rápido avanço do campo e a aproximação de outros atores até então menos engajados nesta agenda. Institutos e Fundações têm demonstrado um crescente interesse neste campo e se aproximado cada vez mais do ecossistema e das iniciativas.

Pairam no ar, neste momento e para estes atores (Institutos e Fundações) muitas dúvidas e incertezas. São inúmeras dúvidas sobre como atuar neste campo – o que pode, o que deve e o que se recomenda que seja feito – sem deixar de lado o que já é feito no campo do Investimento Social privado e da Filantropia. De forma didática procurei organizar em 4 dimensões estas dúvidas e questões que pairam no ar, na atualidade:

 

  • Conceitual

    • Quais são as principais correntes e compreensões sobre negócios de impacto, investimento de impacto e finanças sociais? Como isso tudo conversa com o campo do investimento social privado, da filantropia e da responsabilidade social? Quais as complementariedades entre cada campo?
    • Como conciliar a compreensão de atuação do ISP em sinergia com o campo de investimento de impacto, sem que isso gere uma relação de “ou”. Em outras palavras, como incluir o investimento de impacto na estratégia de atuação do ISP sem que ele seja considerado como sendo a “evolução” da filantropia e da doação?
    • Como avançar em entendimentos mais plurais sobre a atuação da filantropia em sinergia com investimento de impacto?
  • Estratégica

    • Como conceber estratégias de atuação que façam real sentido para a política de ISP de cada Instituto e Fundação em sintonia com o campo de negócios de impacto?
    • Como implementar uma estratégia que esteja alinhada ao escopo de atuação da minha organização e, ao mesmo tempo, que contribua para o fortalecimento do campo de negócios de impacto no Brasil? 
  • Jurídica

    • Afinal, Institutos e Fundações podem investir recursos no campo dos negócios de impacto? Podem investir recursos diretamente em negócios de impacto? Quais limites e implicações jurídicas e contábeis? Quais zonas cinzentas ainda persistem?
    • Quais as diferenças entre Institutos e Fundações neste quesito?

Sabemos que há muitas dúvidas e incertezas nesta dimensão jurídica/contábil. Institutos e Fundações cujos Conselhos sejam mais conservadores tenderão a segurar mais esta atuação. É importante gerar sínteses e entendimentos sobre este assunto[2].

  • Prática

    • Como é possível encontrar boas referências (cases) de organizações que atuam no ecossistema e de negócios de impacto? Quais as boas práticas de fundações que têm atuado neste campo?
    • Onde buscar referências sobre este tema? Como posso me aprofundar mais neste tema? Quais opções de cursos, oficinas e encontros sobre o assunto?

Não há disponível um “tutorial” para quem está se aproximando deste campo. O mais oportuno, neste momento, é, como diz o poeta, encontrar o caminho ao caminhar, buscando referências, se aproximando de organizações que já atuam no campo.

Como se vê são muitas perguntas e poucas respostas claras sobre o tema. O importante, neste momento, é ter a ousadia de fazer as provocações e refletir sobre elas, sem ter a pressa de já escolher um caminho a ser trilhado. Mais importante do que escolher um mecanismo de investimento de impacto (se será crowdequity ou compra de licenças) é refletir sobre qual o papel que institutos e fundações podem exercer neste campo dos negócios de impacto? Na verdade, a pergunta deveria ser no plural, pois são diversos papéis possíveis.

A partir deste debate, se tornará mais viável a definição dos caminhos, estratégias e mecanismos possíveis. Prosseguir na falsa dualidade entre doação e retorno financeiro não parece ser o caminho mais inclusivo neste momento.

[1] Site oficial do evento: http://www.investirparatransformar.org.br/ e registro dos painéis no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=jwVbs_9Wkv0

[2] Uma boa referência é um Parecer jurídico que a Derraik & Menezes construiu a pedido da Força Tarefa de Finanças Sociais, disponível em: https://gife.org.br/redes-tematicas/negocios-sociais/

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