40 anos: O que uma fundação pode fazer neste tempo, além de aprender?

Por: GIFE| Notícias| 12/12/2005

CINTHIA SENTO SÉ
Enviada especial do redeGIFE para a região do Baixo Sul da Bahia*

A Fundação Odebrecht passou por um longo e intenso processo de amadurecimento antes de aterrissar na região do Baixo Sul da Bahia, onde promove atualmente uma revolução silenciosa. Foram 40 anos de erros, acertos e alguns desvios, antes de chegar ao formato de trabalho que está beneficiando milhares de famílias em um dos espaços mais belos e pobres do Nordeste.

Na verdade, essa história começa em 1946, quando o jovem Norberto Odebrecht visitou a região pela primeira vez. “”A primeira tentativa de investir no local aconteceu em 1950. Foi um fracasso. Achei que sabia tudo e descobri que não sabia nada””, lembra o fundador da holding, que hoje emprega 26 mil pessoas, em mais de 20 países. A iniciativa malograda forneceu pistas sobre o tamanho desafio. Havia muito a aprender antes de tentar mais uma vez.

Neste meio tempo, em 31 de dezembro de 1965, nasceu a Fundação Odebrecht. Criada para ampliar o leque de serviços e benefícios dos funcionários da Construtora Norberto Odebrecht, a fundação começou como um exemplo raro de responsabilidade social, embora ainda calcada em moldes puramente assistencialistas.

Isso durou até 1988, quando a organização olhou para fora dos campos de construção e percebeu que, nas palavras de “”doutor Norberto”” – como o chamam os funcionários -, tinha que investir na solução das causas dos problemas encontrados entre os operários. Os adolescentes foram identificados como público-preferencial, por sua capacidade de implementar a transformação sonhada – diferentemente das crianças, que precisam de orientação permanente para agir, e dos adultos, que têm muitos compromissos a honrar.

O trabalho desenvolvido na área da juventude tornou-se referência nacional pelas inovações metodológicas propostas. Ainda assim, 15 anos depois, a fundação escolheu um novo rumo, buscando atender o desejo do seu idealizador: levantar a bandeira da educação pelo trabalho como estratégia de desenvolvimento e resolução de boa parte dos problemas sociais do país.

Mais de 50 anos depois da primeira tentativa, todos os caminhos levavam de volta ao Baixo Sul. A região havia mudado pouco e mantinha a maioria dos seus problemas, como baixíssima renda e alto índice de êxodo rural. A Fundação Odebrecht, por outro lado, trazia consigo desta vez o peso de décadas de história e experiência em articulação político-estratégica. Em 2003, a equipe começou a se instalar nos 11 municípios do Baixo Sul, disposta a implementar um modelo de desenvolvimento baseado nas cadeias produtivas.

Rica em belezas naturais e solos férteis, a região concentra cerca de 250 mil habitantes. Segundo dados cedidos pela fundação, 54% deles têm menos de 24 anos. Ali, foi implementado o Programa DIS Baixo Sul – Programa de Desenvolvimento Integrado do Baixo Sul da Bahia, cujas bases são os quatro capitais, que direcionam todas as ações: produtivo, humano, social e ambiental. Daí, é fácil chegar a outro termo em evidência: desenvolvimento sustentável.

A Fundação Odebrecht atua com diversos parceiros, numa sinergia admirável, para viabilizar as ações do programa. Governo da Bahia, Ides – Instituto de Desenvolvimento do Baixo Sul e Amubs – Associação dos Municípios do Baixo Sul são alguns deles, além das cooperativas de produtores rurais e maricultores.

Essas últimas são as principais instâncias de aproximação com a comunidade. Por meio das cooperativas, os técnicos da fundação oferecem o conhecimento de que os produtores necessitam para otimizar seu trabalho e incrementar sua renda. Os resultados são visíveis – como o aumento de mais de 300% na renda de cada cooperado após a adoção de práticas modernas propostas pelos técnicos.

A manutenção do conhecimento no local e a garantia da sua apropriação pela comunidade são objetivos das ações voltadas para os jovens, que participam de iniciativas como as Casas Familiares. Nesses espaços, inspirados numa experiência francesa, os jovens passam uma semana, em regime de internato, estudando. Nas duas semanas seguintes, eles voltam para a casa dos pais, monitorados por um técnico, para aplicar tudo o que aprenderam nos espaços de plantio ou de cultivo de peixes mantidos pelas famílias.

Educação, tecnologia e conhecimento: o homem precisa disso para produzir mais do que sua família precisa para viver. Assim, ele pode poupar. E poupando, pode crescer. Este é o raciocínio.

Todas as ações do Programa DIS Baixo Sul visam replicabilidade. “”A Bahia tem 18 regiões. Isso significa que o projeto pode ser replicado 18 vezes quando estiver pronto””, avisa Norberto Odebrecht. Não se sabe ao certo quando isso vai acontecer. A medida está na autonomia obtida pelas comunidades. Esse é o sinal de que o trabalho da Fundação Odebrecht rendeu os frutos esperados.

* Cinthia Sento Sé viajou a convite da Fundação Odebrecht

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