Segunda-feira, 26 de novembro de 2001
Por: GIFE| Notícias| 26/11/2001A classe despertou
Em entrevista, o empresário Luís Norberto Paschoal diz que o Brasil melhorou. Entre os motivos está a ação dos empresários na ação social. Eles despertaram. Estão começando a ver a importância e o valor estratégico de atuar na área social, afirma. Luís Norberto é presidente da Fundação Educar DPaschoal, vice-presidente do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE), diretor do Núcleo de Ação Social da Fiesp e vice-presidente da Fundação Feac. O entrevistado também diz que a empresa que não mostrar para seus funcionários, fornecedores, clientes e para o Estado que é responsável não vai atrair os melhores talentos nem o respeito da sociedade. (Revista IstoÉ, p. 9-13, 28/11 – Hélio Campos Mello e Gilberto Nascimento)
Voluntários: eles fazem a diferença
No decorrer deste ano, o empresário Luís Norberto Pascoal dividiu seu tempo entre dois empreendimentos. De um lado continuou à frente do Grupo DPascoal, um conjunto de seis empresas com 4 mil empregados. De outro, foi o estrategista do Comitê Brasileiro do Ano Internacional do Voluntário. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Luís Norberto diz ter se surpreendido com a quantidade de voluntários existentes no Brasil e, quando questionado sobre a desconfiança com que são vistas as ações empresariais na área da ação social, Pascoal afirma que todos nós somos voluntários por interesse próprio. O voluntário sabe, com o seu bom senso, que se a sociedade for mal ele também perde. Se a sociedade melhorar, ele será beneficiado. Se todos derem alguma coisa, teremos um crescimento espontâneo, a custo zero, e uma sociedade melhor para se viver. (O Estado de S. Paulo, p. A18, 25/11 – Roldão Arruda)
Projeto flexibiliza doações de IR
As doações de parte do Imposto de Renda devido a fundos para crianças e adolescentes poderão ser deduzidas no ano de entrega da declaração da pessoa física. O projeto de lei nº 1.300/99 prevê ainda que, no caso das empresas, a dedução pode ser feita no pagamento da primeira cota ou da cota única do Imposto. O presidente do Sindicado Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco), Paulo Gil Introíni, acredita que o projeto facilitará a destinação dos recursos. O projeto viabiliza operacionalmente a captação de recursos de incentivos fiscais do Imposto de Renda aos fundos, afirma. (Gazeta Mercantil, p. A-11, 26/11 – Patrícia Cunegundes)
GGuia de Boa Cidadania Corporativa
A revista Revista Exame deste mês traz o Guia de Boa Cidadania Corporativa 2001 por meio do qual mostra as 11 empresas brasileiras modelos de cidadania e os 20 projetos sociais de destaque. Entre as matérias, uma sobre balanço social das empresas. Mais do que documentos devotados à transparência, os balanços sociais tendem a se transformar em poderosos instrumentos de melhoria de gestão. As empresas começam a seguir as normas do Global Reporting Initiative, o GRI. Entidade internacional com sede em Boston, nos Estados Unidos, o GRI elaborou um modelo de relatório baseado no conceito de sustentabilidade – harmonia entre os aspectos econômicos, ambientais e sociais de um negócio.
A responsabilidade das empresas busca uma sociedade mais justa
Em artigo, Oded Grajew, presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e presidente do Conselho de Administração da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, fala sobre a redefinição do papel das empresas. Ele afirma que até poucas décadas atrás, as grandes corporações se preocupavam, basicamente, em oferecer produtos e serviços a seus clientes e seus acionistas faziam filantropia de forma individual, dependendo de sua visão social e de seus recursos. Segundo Grajew, posteriormente, as corporações também passaram a empreender ações sociais na comunidade. Atualmente, a responsabilidade social empresarial se incorpora à gestão e abrange toda a cadeia de relacionamentos: funcionários, clientes, fornecedores, investidores, governo, concorrentes, acionistas, meio ambiente e a sociedade em geral. Essa evolução tem acompanhado as expectativas de todo o mercado, diz. Para o executivo, apenas a responsabilidade social é capaz de promover uma drástica transformação no quadro humano e ambiental brasileiro e mundial.
As empresas-modelo
A lista das dez empresas-modelo em responsabilidade social tem o objetivo de apresentar um conjunto de ações, políticas e valores corporativos que possam servir como referência para um mercado cada vez mais sofisticado, exigente e competitivo.
1)Alcoa
A Alcoa desenvolve 610 projetos sociais no Brasil. Um exemplo é o programa Empresários para o Futuro, que existe há nove anos em cinco cidades brasileiras e já atingiu 424 jovens entre 14 e 17 anos. São quatro meses de aprendizado que mobilizam parte dos funcionários da companhia. Para os adolescentes participantes as atividades semanais representam uma oportunidade única e rica na carreira. Os 750 voluntários da Alcoa no Brasil trabalham com adolescentes, crianças, idosos e pessoas com deficiência. O sucesso na implantação das obras sociais realizadas pelos funcionários deve-se, em boa parte, ao Instituto Cultural Filantrópico, criado em 1990.
2)Algar
O envolvimento permanente com escolas públicas e a capacitação de professores e alunos são a parte central da política social do grupo Algar, um dos maiores grupos de telecomunicações do país. Ele atua na periferia da região de Uberlândia, onde está situado. Para garantir o futuro e a consistência dos projetos, o Algar está criando seu próprio instituto. Ele será o guardião e o transmissor de seus valores sociais. O Instituto Algar, que controlará uma verba anual de cerca de um milhão de reais, amarrará a política de cidadania das 23 empresas do grupo e lhe dará uma feição única.
3)BankBoston
Atualmente, o BankBoston desenvolve 17 programas sociais no Brasil. No total, investe cinco milhões de reais por ano em ações como o projeto Russas, que distribui bolsa-escola para 300 crianças e adolescentes do Ceará que trabalhavam para complementar o orçamento doméstico. O BankBoston foi escolhido como empresa-modelo pela segunda vez não apenas pela quantidade e qualidade de projetos sociais mas, principalmente, por ter integrado as iniciativas à sua agenda de negócios e à sua estratégia. A fundação mantida pelo banco tem sede própria, uma equipe de profissionais especializados em terceiro sSetor e anualmente discute com o conselho da empresa o orçamento para cumprir suas metas.
4) Grupo Belgo
A Belgo Mineira, parte do grupo Arbed, com sede em Luxemburgo, controla um dos maiores grupos siderúrgicos do país. Seu investimento em um leque de aproximadamente 25 ações sociais chega a oito milhões de dólares. Para chegar a esses valores, o grupo optou por formas inovadoras de captação e destinação de recursos. A cozinha da Associação de Livro Apoio ao Excepcional, a Alae, na cidade de Juiz de Fora-MG, é o lugar onde 20 adolescentes e adultos excepcionais carentes aprendem a fazer biscoitos que serão vendidos na comunidade. Ela foi montada com recursos do projeto Cidadãos do Amanhã. Criado em 1999 pela Belgo, usa incentivos fiscais previstos em lei para direcionar parte do imposto de renda de suas unidades para entidades ligadas a fundos da infância e da adolescência.
5)Henkel
Dentro e fora do Brasil, o grupo alemão Henkel, presente em 75 países e com quase 60 mil funcionários, é reconhecido pela contribuição às questões ecológicas e sociais. No Brasil, a verba destinada a 125 projetos de assistência à criança é de 145 mil reais. O programa, aqui, conta com a participação dos funcionários da empresa como voluntários. Em Jacareí-SP, em um sítio de dois alqueires, 40 crianças de oito a 14 anos, integrantes do programa Guri na Roça, são iniciadas na educação ambiental por meio do cultivo de uma horta. O programa inclui aulas de inglês e informática. Outro projeto é o Menor Aprendiz, em convênio com o Senai, que prepara os filhos e parentes dos funcionários, entre 14 e 18 anos, para o mercado de trabalho.
6)Janssen-Cilag
O programa Arte de Viver, desenvolvido pela subsidiária brasileira do laboratório Janssen-Cilag, localizada em São José dos Campos, interior de São Paulo, tem o objetivo de valorizar e reintegrar à sociedade pacientes com transtornos psiquiátricos. Parte do grupo Johnson & Johnson, o Janssen-Cilag destina, todos os anos, 1% de seu faturamento a ações de cidadania como essa. O maior deles é oCriança Saudável, Futuro Saudável, cujo foco é o combate à verminose e à anemia infantil em regiões brasileiras carentes de infra-estrutura de saneamento básico. Além da área de saúde, a estratégia de atuação da empresa se estende para ações de meio ambiente.
7)McDonald′s
O respeito e o desenvolvimento dos funcionários é um dos principais valores do McDonald′s. Anualmente, 20 milhões de reais são dedicados a treinamentos. Em parceria com o Senac, os funcionários que concluem com bom aproveitamento o programa de treinamento da empresa recebem certificado da instituição como especialistas em qualidade e serviços. O próximo passo é firmar parcerias com universidades e ampliar o programa. A companhia também é conhecida por ter um plano de carreira estruturado e um programa de participação nos resultados e por dar oportunidades de carreira a todos os funcionários. Além disso, a cidadania corporativa do McDonald′s é representada por programas como o McDia Feliz, que é a principal vitrine da ação social da empresa e a maior fonte de renda para os investimentos no combate ao câncer infantil.
8)Natura
A capacidade e a disponbilidade para a autocrítica e a busca por aperfeiçoamento fazem parte da personalidade da empresa. A biodiversidade é o foco das ações de cidadania desenvolvidas pela Natura nos próximos anos. O envolvimento das comunidades e o desenvolvimento de práticas ambientais auto-sustentáveis são bases da atuação da empresa. Toda a linha de produtos Ekos, que explora ativos tipicamente brasileiros e de conhecimento popular, está baseada na exploração sustentável da natureza. Quase todas as iniciativas sociais da Natura têm como foco a transformação de comunidades, de hábitos, da sociedade. É assim com o Crer para Ver, o maior programa de educação desenvolvido pela empresa, cujo objetivo é a melhoria da qualidade do ensino público. Com várias ações em andamento e uma visão clara de seus objetivos, os acionistas da Natura pensam agora em criar uma fundação.
9)Nestlé
O respeito ao consumidor é a face da responsabilidade social mais antiga e conhecida da Nestlé, que em 2001 comemorou seus 80 anos no Brasil. A outra, a participação na comunidade e o desenvolvimento social, vem sendo aprimorada ao longo dos anos. Há décadas, a empresa investe em programas nas áreas de educação, saúde e cultura. O Nutrir, programa de educação alimentar e carro-chefe dos projetos de cidadania da Nestlé, é um exemplo dessa evolução. O programa tem foco em crianças de cinco a 14 anos e suas mães, e é realizado sempre em parceria com alguma ONG. Os voluntários do Nutrir – 1,2 mil pessoas espalhadas por todo o país – elaboram e desenvolvem atividades que depois são repassadas em visitas às comunidades. Nos encontros, o grupo de voluntários divide-se em duas turmas. Uma delas realiza brincadeiras, jogos e dinâmicas com as crianças, usando como tema central a alimentação. A outra turma permanece na cozinha com as mães. Ali elas aprendem o que fazer com talos de vegetais, a tirar o maior proveito possível de frutas e verduras, além de testar as receitas propostas pelos nutricionistas.
10)Usiminas
Localizada em Ipatinga-MG, a Usiminas é uma das maiores siderúrgicas do país, privatizada em outubro de 1991. Atualmente, 33 mil pessoas trabalham lá. Esses funcionários e todos os seus dependentes recebem, há anos, tratamento dentário gratuito. A metodologia de tratamento bucal desenvolvida nos consultórios da empresa foi cedida à prefeitura de Ipatinga e vem sendo empregada no atendimento à população de baixa renda. A Usiminas é mantenedora da Fundação São Francisco Xavier, que controla o Centro Integrado de Odontologia e administra o Hospital Mário Cunha, referência na região. A ligação entre a Usiminas e a comunidade vem da década de 50, época da fundação da companhia. Quando o governo federal decidiu construir a siderúrgica, ficou também estabelecido que uma nova cidade teria de nascer para abrigar a ela e a população atraída para a região. A empresa teria de fazer tudo. E assim foi, da construção das casas até a estrutura para lazer e esportes.
Modelo – Pequena Empresa: ATF
A ATF Estruturas Metálicas é uma pequena companhia localizada na cidade de Timóteo, no Vale do Aço mineiro. Com um faturamento de pouco mais de um milhão de reais no ano passado, ela tem encontrado maneiras eficientes de influenciar na melhoria da qualidade de vida de seus 101 funcionários e de crianças, adolescentes e adultos que residem nas suas proximidades. São pequenas ações internas e externas que, juntas, modelam um perfil de responsabilidade social. O programa Plantar oferece aulas de circo para crianças carentes de bairros próximos à empresa. A partir de janeiro do próximo ano, cerca de 25 crianças selecionadas na comunidade começarão a se aventurar em trapézios e camas elásticas dispostas num ginásio construído pela empresa. Até lá, elas se mantém ocupadas com aulas de capoeira. A operação do Plantar custará à ATF cerca de 12 mil reais por ano.
Os projetos sociais
Os projetos sociais apresentados aqui são um retrato condensado da prática social das empresas brasileiras. Os 20 destaques foram divididos nas categorias Educação, Saúde, Cultura, Comunidade Apoio à Criança e ao Adolescente, Voluntariado e Meio Ambiente.
1)Comunidade
1.1. Projeto Barcarena do Futuro – Alunorte
O projeto Barcarena do Futuro mudou a vida dos moradores de cinco vilarejos rurais pertencentes ao município de Barcarena (PA), a 40 quilômetros de Belém. Até o ano passado, as 270 pessoas que lá vivem não tinham opção de renda. Sobreviviam da pesca e do plantio de feijão e mandioca. Há pouco mais de um ano, uma equipe de técnicos organizados pela metalúrgica paraense Alunorte vem ajudando essas pessoas a desenvolver atividades, escolhidas pelos próprios moradores, que tornem as comunidades auto-sustentáveis, como a piscicultura, a agricultura e a criação de animais.
1.2. Vila Olímpica da Maré – Petrobras
No ano passado, a Petrobras investiu 600 mil reais no projeto Vila Olímpica da Maré, que permitiu o aumento das vagas dos cursos já existentes desde 1995 e a criação de outros. A coordenação do currículo é uma parceria entre a empresa e a comunidade. Hoje, 15 mil jovens estão inscritos em modalidades esportivas como natação e vôlei, além de atividades como oficinas culturais, círculos de literatura e cursos de integração escolar, que envolve o trabalho de psicólogos par incentivar a ida das crianças à escola e reforço escolar. Os resultados já aparecem. O rendimento escolar dos garotos que participam do projeto melhorou 58%, segundo uma pesqui