Quinta-feira, 31 de janeiro de 2002
Por: GIFE| Notícias| 31/01/2002Empresa & Comunidade
O jornal Valor Econômico publicou na edição de hoje o caderno especial Empresa & Comunidade. Leia abaixo o resumo das matérias.
Voluntariado segue firme
O Ano Internacional do Voluntário, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), motivou mudanças de comportamento. Para as entidades beneficiadas por toda essa mobilização, a questão agora é saber se o grau de dedicação será o mesmo este ano. As empresas dizem que sim. Muitas investem em projetos indicados pelos funcionários voluntários, como a Ernst & Young, que cuida de crianças abandonadas. A gerente de investimentos sociais do JP Morgan, Ana Luisa Vieira, mede os resultados. O banco tem uma maneira muito estruturada de trabalhar que não pode ser transportada para o trabalho social, diz. Na instituição, o funcionário é obrigado a descobrir novas formas de solucionar problemas e volta para o trabalho melhor. No ano passado, JP Morgan implementou a área de investimento social em projetos para adolescentes.
Falta um modelo brasileiro de voluntariado – Ana Maria Schindler, diretora da Fundação Ashoka, associação internacional de empreendedores sociais, avalia que a cobertura da mídia foi excludente: destacou o voluntariado institucional organizado pelas empresas e dentro delas, e ignorou práticas tradicionais e culturais de caráter voluntário. As parteiras e as pessoas que participam de mutirões habitacionais foram esquecidas. Ana Maria critica o programa brasileiro de voluntariado, que segue orientação norte-americana, em vez de construir um modelo próprio. A alta rotatividade de voluntários nas instituições mostra, segundo Ana Maria, que postulantes e organizações estão despreparados para agir a médio e longo prazo. Às críticas, ela contrapõe um elogio. O Ano Internacional do Voluntário criou um fato novo ao gerar demanda e forçar as instituições a melhorar o grau de organização para receber quem se dispôs a contribuir.
Administrando o voluntário – A bandeira do voluntariado é simpática, mas tem dificuldades operacionais, diz Leo Voigt, vice-presidente do Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE). Entre elas está a falta de controle sobre o tempo que o voluntário permanece na entidade em que se alistou. Atrás desse problema estaria o modelo de voluntariado difundido em 2001. O voluntário quer prestar um serviço no seu tempo livre, enquanto que o militante trabalha para transformar a realidade, diz Voigt. (Valor Econômico, p. F1, 31/1 – Helô Reinert)
Participação de brasileiro ainda precisa crescer mais
Em artigo, Milú Villella, presidente do Instituto Brasil Voluntário, discorre sobre a avaliação da ONU que apontou o Brasil como o país que mais se destacou no Ano Internacional do Voluntário, em um amplo universo de 123 nações que aderiram ao projeto. Milú afirma que demos, de fato, um passo substancial. Cerca de 20 milhões de voluntários foram mobilizados e centenas de empresas assumiram sua responsabilidade social, adotando e estimulando a doação de tempo e talento entre seus colaboradores. A articulista lembra que o mundo corporativo, neste cenário, sem dúvida alguma, têm tido papel fundamental. Pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra que das cerca de 782 mil empresas privadas existentes no país, 462 mil (59%) têm envolvimento com alguma atividade social. (Valor Econômico, p. F2, 31/1)
Ipea mostra motivos do trabalho social
O livro Bondade ou Interesse? Porque as Empresas Atuam na Área Social é o resultado de uma ampla pesquisa junto a empresas das regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A publicação foi coordenada por Anna Maria Peliano. O principal objetivo era entender as motivações que levam as empresas a investir na área social. A conclusão é que nem a bondade nem o interesse, exclusivamente, motivam as empresas. E, o mais importante, o trabalho social não é considerado um modismo, pois mais de 80% dos entrevistados afirmaram que pretendem ampliar o atendimento social. O livro pode ser comprado nos escritórios do Ipea no Rio (Av. Presidente Antônio Carlos, 52 – 15.º, tel. (21) 3804-8118, com Libaneth) e de Brasília (SBS, Edifício BNDES, térreo, tel. (61) 315-5336, com Ednaldo ou Mauro). (Valor Econômico, p. F2, 31/1)
Voluntários cativos sempre são bem recebidos pelas empresas
O presidente da subsidiária brasileira da HP, Carlos Ribeiro, é a liderança máxima do comitê de responsabilidade social da empresa. O comitê faz reuniões bimestrais para avaliar o resultado dos investimentos sociais realizados e da política de voluntariado da empresa. A HP tem 1.050 funcionários no país, sendo que 20% deles atuam como voluntários. Há três anos a empresa desenvolve projetos em conjunto com esse grupo especial de funcionários. Depois de participar de muitas campanhas pontuais, alguns dos funcionários serão absorvidos em um novo projeto: a HP escolh eu a Associação Meninos do Morumbi para implantar o programa Garagem Digital. Assim, acabou por ampliar o trabalho da ONG concebida para reintegrar jovens por intermédio da música e outras atividades culturais. Queremos inserir o adolescente pela inclusão digital, diz Gilberto Galan, diretor de Relações Institucionais. Investimos US$ 250 mil, contratamos professores e forneceremos 20 voluntários, calcula ele. Os voluntários atuarão de duas formas: serão gerentes do projeto e mentores dos jovens. Eles entrarão em contato com seus aprendizes tanto pessoalmente, na sede do projeto, quanto pela Internet para orientá-los. Galan e diretores de outras corporações concordam: cada vez que oferece aos funcionários tarefas dessa natureza, a empresa conta com um empregado mais satisfeito. (Valor Econômico, p. F2, 31/1 – Helô Reinert)
Consultoria apoia projeto Nossa Casa
Uma casa comum com quartos, banheiros, cozinha, sala de tevê e quintal. A diferença: muitas mães e muitos pais. O projeto Nossa Casa, iniciativa de um grupo de funcionários da Ernst&Young Consulting, ajudou a empresa a estruturar seu programa de responsabilidade social no Brasil. Tínhamos um programa de apoio a diversas entidades e atividades culturais, mas, com o surgimento da Nossa Casa, por iniciativa de funcionários, tivemos a oportunidade de melhorar e ampliar nossa atuação, afirma Júlio Sérgio Cardozo, presidente da Ernst&Young. Criada há um ano, a entidade é um abrigo para crianças abandonadas por falta de condições dos pais ou sem familiares próximos conhecidos, que são encaminhadas por intermédio da Vara de Infância e da Adolescência. Com a guarda temporária, a casa abriga hoje 17 crianças de zero a cinco anos e conta com um núcleo médico formado por pediatras, psicólogos, nutricionista voluntários. Com o apoio que recebe, a entidade consegue manter as crianças numa escola particular e oferece aulas de inglês garantidas voluntariamente por alunos da escola St Paul´s School (Escola Britânica de São Paulo), além de música e dança. A Ernst&Young investe em torno de R$ 100 mil em projetos sociais por ano. Segundo Cardozo, a idéia é dobrar o valor do investimento este ano. Nosso objetivo é contribuir para o melhor do país, que são as crianças, diz Cardozo. Tirar a criança da rua é o primeiro passo para mudar o País. (Valor Econômico, p. F3, 31/1 – Cláudia Fontoura)
Ano do voluntário leva mais empresas a ajudar
A Gilette fez, em 2001, uma pesquisa para descobrir quantos e quais funcionários faziam ou tinham interesse em desenvolver trabalho voluntário. Paralelamente, procurou o Comitê Brasileiro pelo Ano Internacional do Voluntário, pois queria treinar os funcionários para elesatuarem no Terceiro Setor. O passo seguinte foi identificar uma instituição para canalizar os esforços tanto da empresa quanto dos funcionários. Escolheu a Casa do Menor, que abriga 40 adolescentes e recebe durante o dia outros 250. No local, eles fazem atividades educativas. De 240 funcionários voluntários, 64 assumiram compromisso de contribuir para melhorar a Casa do Menor. Em dezembro, Eduardo Kello, presidente da empresa, botou a mão na massa e deu exemplo a seus funcionários. Amassou pão e pizza na padaria que financiou. A empresa aposta que a independência financeira da entidade possa ser conquistada com a venda dos pães.
Outros exemplos – Patrícia Oliveira Menezes, gerente de relações comunitárias da IBM, aproveitou o ano internacional para lançar um projeto pioneiro. Colocou em prática o e-Voluntário. O projeto, feito em parceria com o Instituto Ethos e a Universidade de São Paulo (USP), usa o software Learning Village, da empresa, e a Internet. Dos 3.600 funcionários, 100 estão no trabalho, que consiste em trocar informações e conhecimento por computador com grupos previamente constituídos. Crianças de rua inscritas no projeto Estação Ciência, da USP, participaram do primeiro piloto. No programa desenvolvido pela universidade elas aprenderam a usar o computador. O ano de 2001 também deu um empurrão na política de voluntariado da Compaq. O programa de tecnologia solidária inaugurado em maio chegou a 20 entidades, todas voltadas para a educação de crianças. Ele é resultado da implantação da área de Relações Públicas da empresa. A gerente Ione Giamboni conduziu o processo. Cerca de 10% do quadro de funcionários da unidade de São Paulo da Compaq, onde trabalham 400 pessoas, integram o programa que objetiva democratizar o conhecimento por intermédio do ensino de informática. A empresa doa computadores e estimula funcionários a entrar com seus conhecimentos e ensinar. (Valor Econômico, p. F4, 31/1 – Helô Reinert)
Empresas, fundações e institutos citados nas matérias publicadas hoje: