O futuro das Fundações: reflexões sobre o hoje, amanhã e depois

Por: Instituto Sabin| Notícias| 10/06/2016

Fábio Deboni[1]

Tenho buscado referências europeias para ampliar a lente de visão acerca dos debates contemporâneos sobre filantropia, investimento de impacto e temas correlatos. Esta opção está fundamentada na percepção de que aqui no Brasil já temos uma tendência “natural” de buscarmos referências norte-americanas nestes debates. Daí a necessidade de ampliarmos nossos referenciais sobre estes temas. Uma boa fonte de leituras tem sido a EVPA[2] (Associação Europeia de Filantropia Estratégica), mas há diversas outras fontes e referências além-mar[3].

Destas várias leituras e busca por referências não triviais, me deparei recentemente com uma publicação alemã chamada “O Futuro das Fundações[4]” que me fez refletir muito acerca do nosso papel frente às inúmeras transformações atuais que a sociedade global (e brasileira) vem sofrendo. Embora o estudo seja focado na realidade da filantropia alemã, ele nos oferece boas provocações e cenários futuros para refletirmos acerca do hoje, do amanhã e do depois que o campo do investimento social privado vive (e viverá) no Brasil.

O estudo traça três diferentes Agendas futuras para as Fundações e conclui com uma visão de futuro para as Fundações na Alemanha. No nosso caso, Brasil, vamos sempre ao remeter o termo “Fundação” considerando-o numa perspectiva mais ampliada no seio do conceito do investimento social privado (ISP).

As três agendas são as seguintes:

Quadro 1: Agendas de Futuro

Agendas de Futuro

I – Determinando a posição: percepção sobre o papel das fundações e a viabilidade futura de seus focos de atuação e conteúdos
II – Aprimorando o foco de atuação: eficácia, espírito inovador, transparência e estratégia
III – Reforçando os pontos fortes da organização: papel dos financiadores, executivos e colaboradores e a importância de parcerias estratégicas na atuação da Fundação

 

A seguir vamos destrinchar, brevemente, cada Agenda com suas questões centrais e possíveis adaptações à realidade brasileira.

Agenda I – Determinando a posição: percepção sobre o papel das fundações e a viabilidade futura de seus focos de atuação e conteúdos

  • Fundações mais novas têm conseguido se reposicionar face às novas demandas e desafios da sociedade atual. O Estudo aponta que várias Fundações (mais antigas) assumem que não vêm conseguindo refletir sobre o seu papel e seu posicionamento. Estas vêm se deparando com o desafio de se repensar frente às novas configurações e tendências da sociedade contemporânea.
  • Segundo o estudo as Fundações deveriam atuar em 2 direções, face a esta nova atualidade:
    • No seu papel de mobilização e engajamento de diversos atores da sociedade para o diálogo, a atuação colaborativa e construção de agendas de incidência. Para tanto, é fundamental seu papel de dialogar e transitar em diferentes espaços e grupos e sua abertura para a transparência e a comunicação ágil. Curiosamente é muito comum ouvirmos este “desabafo” aqui no Brasil entre empreendedores sociais, ONGs e demais players que não têm tanto contato com Institutos e Fundações, sinalizando da inacessibilidade que estas parecem ter.
    • Atuação mais ativa na esfera política[5] no processo de formação da opinião pública, enriquecendo este debate com argumentos, dados, cenários e informações relevantes, ao estilo de atuação de uma “think tank[6]”.
  • Este segundo aspecto nos traz a reflexão sobre a atuação no campo da incidência política das Fundações. Ainda que o alinhamento a políticas públicas seja uma pauta bastante atual no debate do ISP no Brasil, ele contempla apenas parte deste aspecto. A outra dimensão, mais voltada à incidência política (advocacy, geração de dados, pesquisas, transparência, etc) carece de uma reflexão mais aprofundada sobre como o ISP pode engajar-se nesta agenda. A questão não é a sinalização da relevância de atuação na agenda/esfera pública[7], mas, especialmente, o debate e sistematizações necessárias sobre as várias maneiras como isso pode ocorrer (alinhamento a políticas públicas, PPP, advocacy, incidência pública, etc). O rol é extenso e merece ser explorado e discutido, pois ainda há uma grande oportunidade de elevar o engajamento do ISP nesta agenda/esfera pública, ainda mais num país de dimensões continentais como o Brasil. Basta olhar o quão pouco presente é o governo em eventos e diálogos promovidos pelo Gife e seus associados, por exemplo.
  • Além disso, o estudo propõe também uma revisão sobre a forma como as Fundações definem suas áreas temáticas e como elas se relacionam com players afins. O quadro 2, a seguir, reúne diversos critérios relevantes para esta reflexão. 

  

Quadro 2: Critérios para a seleção estratégica de temas de atuação

Alta Relevância Social Nossa estratégia de atuação está alinhada a uma demanda social real? Quão relevante é esta necessidade na comparação com outras questões e demandas?
Alta capacidade de agir As ações necessitam de maior agilidade para proteger ativos sociais ou para atender a uma necessidade recém criada?
Problemas suficientemente não resolvidos Há outras organizações e grupos trabalhando nesta temática há algum tempo ou com suficiente capacidade de enfrentamento de questões ainda não resolvidas?
Necessidade de mediação entre vários stakeholders A Fundação consegue mediar e gerar avanços para atuar de forma conjunta e dialógica para a resolução do problema?
Necessidade de permanecem longo tempo sem fôlego A Fundação pode, graças à sua independência e habilidade de atuar de forma isenta de pressão por resultados, contribuir para gerar soluções e avanços de longo prazo?
 Gestão de habilidades relevantes A Fundação pode contribuir com expertise e habilidades inovadoras e relevantes? Elas fortemente contribuem para criar abordagens para o enfrentamento dos problemas?
Recursos para maximizar impacto Pode se esperar que a Fundação promova impacto usando seus meios financeiros e não-financeiros? Ou há outros ativos da organização nesta posição?

 

 

  • Em relação aos focos de atuação (e áreas temáticas) é importante ressaltar a diferença de abordagem do Estudo, que é focado em Fundações e há uma semelhança com as Fundações brasileiras, que nascem via alocação de um legado (herança, patrimônio) a uma determinada causa. Isso restringe mudanças temáticas no foco de atuação de Fundações. No caso dos Institutos e de setores de ISP operados diretamente pelas empresas, este processo é, geralmente, mais flexível. Independente do modelo jurídico da organização, as questões trazidas pelo Quadro 2 são bastante relevantes e pertinentes à realidade brasileira.

 

Agenda II – Aprimorando o foco de atuação: eficácia, espírito inovador, transparência e estratégia

  • Impacto e transparência tem sido questões recorrentes no debate atual das Fundações. Entretanto, quando se busca realizar uma espécie “auto-avaliação” do real impacto que cada Fundação gera para a sociedade, esta dimensão parece ainda estar aquém do ideal. Em outras palavras, nunca se falou tanto em avaliação de impacto, mas nunca se teve tanta dificuldade de implementar estratégias efetivas neste sentido. No Brasil esta também é uma realidade bastante atual e tem-se esbarrado em dificuldades de ordem técnica, financeira e temporal (é visto como algo caro, complexo e de médio-longo prazo).
  • Destaca-se a baixa existência de espaços de interação entre Fundações para a troca de experiências exitosas de práticas e projetos[8]. Desde 2014, a própria rede Gife ressignificou as “Redes Temáticas” para mobilizar associados em torno de temas relevantes para a atuação do ISP (educação, saúde, políticas públicas, garantia e direitos, etc). Além disso, começaram a emergir mobilizações regionais de associados e não-associados com vistas a troca de experiências e o desenho de atuações conjuntas[9].
  • Além da dimensão da avaliação, outro aspecto importante abordado é quanto à abertura para a inovação. Paira no ar certa “pressão” de que as Fundações estejam sempre abertas (e praticando) a inovação, entretanto, há também uma visão de que elas têm sido um tanto quanto conservadoras em seu “modo de ser/estar” na sociedade. Aí reside um interessante paradoxo bastante discutível. O próprio estudo traz uma passagem que nos faz pensar sobre: “Foundations are created from private wealth and are autonomous, independente organizations. Significant levels of freedom to select issues and activities within the scope of the foundation mission based on the foundation’s own ideas are derived from this. And these can be either innovative, or instead traditional or conservative” (pg. 53). Este caráter auto-suficiente das Fundações talvez não seja tão claro em Institutos e Empresas, que lidam frequentemente com novas demandas e novas diretrizes para reorientar sua atuação. De todo modo, é uma questão importante para o debate contemporâneo dos atores do ISP. Percebem, em geral, que sua auto-suficiência passa a ser reorientada para uma atuação mais colaborativa e, portanto, mais aberta a uma agenda de relacionamentos inter-institucionais. A própria emergência das Fundações Familiares e Independentes estão, em certa medida, sintonizadas com esta questão, muitas delas, inclusive, sobretudo as Familiares, têm assumido temas mais polêmicos e inovadores.
  • Apesar do grande desafio de implementar estratégias reais e efetivas de avaliar o impacto de suas atividades, este tema veio para ficar entre as Fundações e parece ainda enfrentar uma espécie de falso-dilema sobre variáveis de análise (e relações entre elas), custo-benefício e viabilidade de processos de avaliação, dificuldade de se avaliar projetos de mais longo prazo, etc. O estudo cita uma referência que pode servir de base para esta reflexão[10].
  • Capacidade de inovar-se e de engajar-se com o chamado campo da “inovação social / inovação aberta”. No Brasil este termo tem abarcado uma considerável diversidade de iniciativas dentre as quais diversos negócios de impacto e startups, dentre outras. Aqui também já se percebe uma aproximação de Fundações e Institutos nesta órbita, algo que veremos com frequência e intensidade maiores. O mais importante neste debate sobre inovação é encará-lo como sendo um “meio” e não um fim em si mesmo. Inovação precisa ser considerada uma trilha que nos levará a algum objetivo maior e não porque simplesmente o assunto esteja “na moda”.
  • Com relação ao aspecto da transparência, há diferenças na forma e nos requisitos legais que cada Fundação deve seguir em cada país. É prática comum a divulgação de balanços anuais e Relatórios de Sustentabilidade, seja no padrão GRI ou em outros formatos. Tal prática, embora comum e amplamente praticada no setor do ISP, ainda carece de aperfeiçoamentos. Para além da publicação de reports é fundamental pensar no princípio da transparência como um valor que impacta o cotidiano das instituições (para dentro e para fora). Merece destaque a iniciativa do Painel Gife de Transparência, que busca padronizar itens que todos os associados precisam publicizar em seus canais de comunicação[11].
  • Vale ainda salientar a importância que a Lei de Acesso à Informação[12], implementada e vigente para órgãos públicos, trouxe na abertura e disponibilização de dados públicos diversos. Ela certamente trará desdobramentos para o campo do ISP, seja via novas legislações, seja como via tendência que a sociedade passará a encarar como indispensável.

 

Agenda III – Reforçando os pontos fortes da organização: papel dos financiadores, executivos e colaboradores e a importância de parcerias estratégicas na atuação da Fundação

  • O perfil, o background e o aspecto geracional dos financiadores das Fundações também impactam na maneira como cada Fundação atua. Fundações mais recentes, criadas por novos filantropos tendem a direcionar sua atuação para temas mais contemporâneos (ex: negócios de impacto) e mais polêmicos (ex: direitos humanos). No Brasil temos visto este fenômeno a partir do crescimento de criação das Fundações Familiares e Independentes, algo bem interessante e inovador.
  • O crescimento no número de filantropos tem ampliado o potencial de recursos para o setor filantrópico. Este potencial de crescimento na disponibilidade de recursos não estabelece uma relação linear e direta com o crescimento no número de Fundações pelo mundo. É interessante perceber que esta alocação de recursos pode se dar de variadas maneiras e formatos, não apenas sob o modelo de Fundações. Um exemplo recente é a emergência do campo das Finanças Sociais, que visa alavancar recursos em prol de geração de impacto social/ambiental com retorno financeiro. Esta lógica é um pouco distinta da lógica filantrópica, ainda que não divirja ou a exclua deste novo campo emergente. Estes campos podem atuar de forma complementar, mas ainda estão numa fase de se reconhecerem mutuamente. Em geral, quem está no campo dos negócios de impacto tende a encarar o capital filantrópico como potencial financiador deste campo e, ao mesmo tempo, menos relevante em suas práticas e impactos. Quem está no campo do ISP tende a ter dificuldade de compreender este novo campo, com suas métricas, linguagens e abordagens próprias, bem mais próximas do business do que do terceiro setor. O que se espera é a busca de um denominador comum entre estes dois campos.
  • O crescimento das Fundações (e do campo das finanças sociais) elevará a demanda por profissionais cada vez mais preparados para lidar com os desafios sociais complexos e ao mesmo tempo aptos a praticar uma gestão “redonda” que vise o alcance de resultados de forma efetiva, eficaz e eficiente. Buscar-se a cada vez mais um perfil de profissional “antenado” nas mudanças socioambientais complexas contemporâneas e, ao mesmo tempo, capaz de gerir processos, pessoas e projetos de forma ágil e na lógica do mundo do business.
  • É importante identificar referências de gestão no mercado (mundo corporativo) que possam ser devidamente aplicáveis e adaptáveis ao universo das Fundações. As práticas de gestão (baseadas em números, indicadores quantitativos e resultados) do mundo corporativo não são integralmente aplicáveis ao universo das Fundações. Ao mesmo tempo há carência de ferramentas, métodos e práticas de gestão específicas para as Fundações (relacionadas a gestão de RH, MKT, financeiro, contabilidade, etc). Reside aí um campo de oportunidades de atuação para diversos profissionais e organizações (consultorias, empresas, ONGs, etc).
  • A importância do estabelecimento de parcerias é uma tendência crescente no futuro das fundações. Com a maior complexidade e urgência dos problemas sociais, a atuação intersetorial e colaborativa é uma premissa cada vez mais presente nas previsões e cenários de futuro. Entretanto, a realidade atual revela que o ritmo no estabelecimento de parcerias está ainda muito aquém desta percepção. Parece ser mais uma característica que está mais presente no discurso do que na prática atual e cotidiana de Fundações. Ela requer um novo modelo mental seguido de novas práticas, de um perfil de gestão orientado para este modelo mais aberto. Parece ser algo simples de ser implementado, mas requer mudanças, muitas vezes profundas, em práticas e procedimentos internos, muitos dos quais requerem mudanças em políticas corporativas já consolidadas.

 

Após a discussão sobre as 3 Agendas que o estudo propõe, ele finaliza traçando uma visão de futuro para as Fundações na Alemanha, tendo como horizonte o ano de 2030. Ainda que Brasil e Alemanha guardem muitas diferenças entre si[13], este olhar pode ser um interessante ponto de partida para reflexões dos players do ISP no Brasil, nos convidando a construir cenários futuros para o setor. Encare, portanto, este quadro como um convite à reflexão.

Uma visão: o futuro das Fundações na Alemanha (em 2030)

Características Principais e Reflexões possíveis para o cenário brasileiro

Destaque 1:

 

Sociedade se engajará mais junto às Fundações e ao seu papel como cidadão.

Cidadãos mais ativos e engajados socialmente.

A sociedade e os cidadãos vão se engajar mais na atuação em prol do bem-comum, doando tempo, recursos e se voluntariando para ações conjuntas.

Fundações estarão mais abertas a estas novas configurações da sociedade, atuando de forma mais aberta, colaborativa e transparente. Os recursos disponíveis para as Fundações devem dobrar até 2030 (na Alemanha), alcançando a marca de 200 bilhões de euros.

Destaque 2:

 

Atuação das Fundações mais focadas em atividades de longo prazo.

 

Fundações têm mais condições de exercer seu potencial pleno e de alcançar sua missão. Possuem recursos para sustentar sua atuação no longo prazo e passam a atuar de forma mais colaborativa e integrada com outros players e com outros pares.

Novas formas de atuação serão uma realidade (consultoria para diversificar formas de empregar o capital filantrópico em iniciativas de cunho social, por exemplo).

Destaque 3:

 

Fundações mais empreendedoras e menos “perpétuas” tornaram-se amplamente aceitas.

As Fundações passam a atuar mais com foco no empreendedorismo e buscam menos a estabilidade (e a perpetuidade) e mais a geração de impactos sociais (resultados visíveis num período de tempo razoável). Este novo perfil de Fundações será alavancado e gerido por um perfil mais empreendedor de seus financiadores e filantropos, que passarão a se engajar cada vez mais na busca por soluções a questões sociais a partir de uma lógica empreendedora/de negócio.
Destaque 4:

 

Fundações são engrenagens da coesão social – local e globalmente.

 

Fundações passam a uma representação da consciência social do governo, das empresas e da sociedade civil. Graças à sua relativa autonomia com relação a questões políticas e financeiras, elas conseguem pautar e incidir sobre temas relevantes para a sociedade e para a vida pública. Cumprem um importante papel mediador destas discussões, aportando dados, cenários e argumentos.  Número crescente de Fundações atuará em prol da defesa da democracia ao redor do mundo.
Destaque 5:

 

Abordagem empreendedora se tornará dominante no funcionamento das Fundações.

 

Pesquisa recente publicada por aqui[14] já captou também esta tendência no radar da filantropia. É possível que Institutos e Fundações caminhem, neste primeiro momento, para atuações híbridas, buscando combinar o drive do investimento social privado (na lógica filantrópica) com abordagens empreendedoras (alocando recursos para o campo de negócios de impacto, para prospecção de startups, etc). O desafio será o de conseguir transitar nos dois campos, criando pontes de interação entre ambos, sem perder sua identidade organizacional e institucional. Talvez uma das críticas mais fortes que o campo da filantropia teça em relação ao impact investing resida no fato de que este último tem seu discurso e práticas mais próxima da área de business e menos enraizada no campo social. Este falso dilema requer ser mais bem discutido e elucidado para que este Destaque prospere. Avanços recentes vêm ocorrendo.
Destaque 6:

 

Fundações atuando de portas abertas e em parceria, implementando novas áreas de atuação e compartilhando responsabilidades.

A atuação “em rede” é uma tendência bastante presente em diálogos e práticas do terceiro setor, do ISP e também passa a figurar no mundo corporativo, ainda que neste ultimo, ocorra com diferentes nuances. Talvez o maior desafio de institutos e fundações seja o de implementar para dentro e para fora esta dimensão, equacionando as contradições internas e externas, evitando cair na armadilha do conceito “da moda”. Atuar em rede pressupõe uma imersão mais profunda na tão falada “economia colaborativa” que vai muito além dos termos e jargões de prateleira que o momento nos apresenta.

Requer, portanto, um profundo repensar de práticas, valores e modelos de gestão, os quais trarão inúmeros desdobramentos no quesito “alinhamento ao negócio[15]”. Talvez aí resida o primeiro passo, o de atuar em rede não só no interior do Instituto mas, sobretudo, na relação com sua empresa (ou Grupo) mantenedora.

Destaque 7:

 

Aspiração para operar de novas maneiras, a partir da sua governança e organização

 

É importante que as Fundações assumam cada vez mais o papel de “laboratório de experimentações”, praticando e arriscando novas formas de ser/estar no mundo (e nas comunidades e redes onde está inserido). Atuando sempre visando maximizar os impactos sociais, a organização também precisa estar abertas a assumer riscos e aprender com eles. Afinal, na área social não há “manual de instrução” de como operar e isso requer plena experimentação.
Destaque 8:

 

Fundações impulsionam a criação de uma organização nacional para elevar a transparência e promover discussões baseadas em dados.

 

Interessante perceber este movimento na Alemanha, de que as Fundações contribuam para a institucionalização, em nível nacional, da agenda da transparência no campo público. No Brasil, por incrível que pareça, este esforço tem sido implementado com maior protagonismo por parte do Governo Federal (governo aberto), evidentemente com parceria de organizações da sociedade civil. Trata-se, portanto, de um campo que experimentará consideráveis avanços no futuro, restando saber qual sera o papel que o ISP cumprirá neste sentido.

 

Como vimos neste artigo, procuramos dialogar com a referência do Estudo alemão para, dentre outras coisas, refletir sobre o papel que o ISP vem cumprindo e poderá cumprir no Brasil. Observar tendências de outras realidades que não só as americanas (norte e latino) amplia nossa lente de possibilidades e nos faz perceber aspectos e nuances que são mais proeminentes em outras realidades, contextos e países. Ainda que haja consideráveis diferenças entre as realidades brasileira e alemã, o Estudo em questão nos permitiu identificar mais sinergias do que divergências.

Vale salientar que este texto não teve qualquer pretensão de fechar questão nesta temática, muito menos o de cumprir um suposto papel de “horóscopo” do ISP no país. Sabemos que o setor é múltiplo e bastante diverso, cabendo, portanto, inúmeras leituras e variados cenários de futuro. Que sirva de ponto de partida para reflexões e discussões sobre os possíveis cenários de futuro do ISP em nosso país.

 

 

[1] Gerente Executivo do Instituto Sabin. O Instituto Sabin é associado ao Gife e co-coordena duas Redes Temáticas – a de Saúde e a de Negócios de Impacto Social. Vem atuando no campo dos negocios de impacto em Saúde, em parceria com a Artemísia, ANDE e SITAWI. [email protected] / www.institutosabin.org.br

[2] http://evpa.eu.com/

[3] Nós mesmos temos nos aproximado do Laboratório de Investimento Social de Portugal, além de outras iniciativas de lá. http://investimentosocial.pt/

[4] Título original: “Shape de future: the future of Foundation” – Robert Bosch Stiftung, Stuttgart, June 2014. Disponível em: http://www.rolandberger.com/media/pdf/Roland_Berger_Future_of_Foundations_20141029.pdf

 

[5] O estudo usa o termo “pré-político”, provavelmente compreendido como a esfera de atuação que vai até a fronteira com a atuação dos partidos políticos e do sistema político constituído e vigente. Optamos por usar o termo “político”, entendendo-o como “incidência na vida pública e nas questões políticas e cidadãs”.

[6] Think tanks são organizações que atuam no campo de grupos de interesse, produzindo e difundindo conhecimento sobre assuntos estratégicos, com vistas a influenciar transformações sociais, políticas, econômicas ou científicas sobretudo em assuntos sobre os quais pessoas comuns não encontram facilmente base para análises de forma objetiva. Fonte: Wikipedia.

[7] Este foi, inclusive, o tema do Congresso do Gife de 2016, “o sentido público do investimento social privado”. Vide: http://congressogife.org.br/2016/

[8] Vale destacar aqui no Brasil a iniciativa da Fundação Itaú Social que vem promovendo uma série de seminários voltados à avaliação. Saiba mais em: http://www.redeitausocialdeavaliacao.org.br/seminarios/ Numa outra perspectiva, é pouco comum encontrar sistematização de aprendizados sobre as falhas na atuação do campo filantrópico. Uma boa referência neste sentido é esta: http://evpa.eu.com/publication/learning-from-failures-in-venture-philanthropy-and-social-investment/

 

[9] Em referência a iniciativa de surgimento de Redes regionais de Investidores Sociais, as chamadas RIS, em funcionamento atualmente em Brasília, Curitiba e Porto Alegre.

[10] Vide: Centers for Effective Philanthropy – http://www.effectivephilanthropy.org/

[11] Saiba mais em: https://gife.org.br/painel-gife-de-transparencia/o-painel/

[12] Vide: http://www.acessoainformacao.gov.br/assuntos/conheca-seu-direito/a-lei-de-acesso-a-informacao

[13] Muito além dos 7 X 1 futebolísticos….

[14] Vide: https://gife.issuelab.org/resource/da_prosperidade_ao_proposito_perspectivas_sobre_a_filantropia_e_investimento_social_privado_na_america_latina_1?_ga=1.231640927.1540213813.1429714124

[15] Estudo recém público debate este tema: https://gife.issuelab.org/resource/alinhamento_entre_o_investimento_social_privado_e_o_negocio

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