Iniciativas apostam na inovação para implementar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Por: GIFE| Notícias| 14/11/2016

Os países têm um grande desafio para os próximos anos: construir caminhos reais para implementar a Agenda 2030. Esta é uma agenda global e ambiciosa, que aponta de que forma a sociedade se propõe a coordenar suas ações em busca de um desenvolvimento econômico, social e ambiental, de forma indivisível e integrada. Para responder a estas demandas de implementação – que traz na base os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – a palavra de ordem que tem se destacado entre os especialistas é “inovação”.

“Para conseguirmos ter um impacto positivo nesta agenda até 2030 será preciso desenvolver e criar novas soluções. Elas terão de ser inovadoras para conseguirmos trazer respostas aos desafios globais. A implementação dos ODS demanda inovações disruptivas e uma cocriação de soluções com a sociedade”, comenta Luciana Aguiar, gerente de Parcerias e Desenvolvimento para o Setor Privado do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

A especialista, inclusive, trouxe essa pauta de discussão para a abertura do Festival Social Good Brasil, realizado no início do mês de novembro, na cidade de Florianópolis, em Santa Catarina. Na ocasião, o PNUD estabeleceu um acordo com o movimento para disseminar a agenda dos ODS junto às startups de impacto social.

A proposta é que os negócios inclusivos e de impacto usem essa agenda para propor soluções aos desafios da sociedade. “Sem dúvida esses atores são fundamentais no processo e se posicionam de uma maneira privilegiada dentro da Agenda 2030. Eles já trazem na sua intencionalidade a integração da dimensão econômica e de impacto social positivo. Além disso, os negócios apontam que essas dimensões podem ser complementares e são uma grande oportunidade para gerar valor compartilhado. Eles podem trazer também bons benchmarkings e construir um novo paradigma de desenvolvimento”, acredita Luciana.

O PNUD tem estabelecido outras parcerias também com esse foco, como o novo acordo com o Instituto Campus Party. Ele é responsável por alguns dos maiores eventos sobre tecnologia, entretenimento e empreendedorismo, a Campus Party. A ideia será envolver jovens na busca pelo desenvolvimento sustentável por meio da realização de um hackathon em 2017 — uma maratona de programação em que desenvolvedores de softwares apresentarão soluções tecnológicas que contribuam para a implementação e o acompanhamento dos ODS.

A iniciativa deve acontecer na edição de 10 anos da Campus Party. Ela será realizada em São Paulo, entre 31 de janeiro e 4 de fevereiro de 2017.

“Para a implementação dos ODS será preciso investimentos direcionados, compartilhamento de dados de informação, articulação de políticas públicas, construção de capacidades, acesso aos mercados e tecnologia. Ela é uma grande facilitadora para esse processo de inovação. Tanto para conectar todos os atores que precisam ser envolvidos, como para propor as novas soluções que comentamos ser essenciais para trazer respostas aos desafios”, aponta a gerente do PNUD.

Colaboração e parcerias

A gestora do PNUD destaca que os ODS demandam, mais do que nunca, uma intensa articulação e engajamento de todos os atores da sociedade para que possam ser alcançados.

Nesse sentido, processos colaborativos, em que cada um possa apresentar seus ativos, se tornam fundamentais. Uma iniciativa que acaba de ser lançada com esse foco é o ODSLab. Ele é um laboratório prático e inovador que visa fomentar parcerias multiatores em torno de iniciativas concretas para a implementação da Agenda 2030.

A primeira edição será realizada em São Paulo, durante encontros no mês de novembro e dezembro (clique aqui para se inscrever), e pretende reunir diversas lideranças dos diversos setores –  sociedade civil, iniciativa privada, governo e universidade – com o objetivo de que, juntos, coproduzam iniciativas inovadoras centradas em três aspectos críticos para o processo de implementação da Agenda 2030 no país: financiamento, governança e assistência técnica.

“O ODSLab surge justamente para concretizar esses arranjos colaborativos e as articulações multisetoriais necessárias para resultados efetivos de implementação dos ODS. Nos encontros, queremos reunir essas lideranças para que possam trazer contribuições à agenda, pensem em soluções concretas, a partir de um espírito de colaboração”, ressalta Flávia Pellegrino, coordenadora da iniciativa pela Agenda Pública.

Para cada eixo, será dedicado um dia e meio de trabalho. Cada um deles será composto por um arranjo distinto de participantes. De cada laboratório, a meta é que seja criada e estruturada pelo menos uma iniciativa com potencial de ser implementada por aqueles atores. A expectativa é que surjam, por exemplo, projetos, campanhas, coalisões, entre outras ações.

As iniciativas serão documentadas durante o laboratório para que os participantes possam prosseguir à etapa de implementação e com o objetivo de que tais ações sejam amplamente compartilhadas e sirvam de inspiração a outros atores.

Segundo Flávia, a proposta da Agenda Pública é desenvolver o OBSLab em outras cidades pelo país, além de disponibilizar a metodologia para que possa ser replicada em mais territórios.

Conhecendo as práticas

Qual a sua inovação para os ODS? Essa é a pergunta norteadora de um levantamento que vem sendo realizado nos países a fim de encontrar exemplos de como a sociedade civil já tem encontrado formas de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e trabalhar para a inclusão de grupos e populações vulneráveis nesse processo.

No Brasil, esse processo de consulta nacional tem à frente a ABONG, CIVICUS, Datapedia, Estratégia ODS, Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) e SDSN Amazonia. Para participar, basta clicar neste link e preencher o formulário. A proposta é encontrar iniciativas novas ou já existentes, em diferentes categorias de inovação: (1) Melhorias em um projeto existente; (2) Adaptação de ideias desenvolvidas em diferentes contextos; (3) Desenvolvimento de algo inteiramente novo. As Soluções Inovadoras também podem estar ligadas a contextos diferentes, como implementação ou monitoramento dos ODS.

Entre os critérios de seleção estão: 1) Ser liderado por uma organização membro da A4SD (acesse o site para tornar-se membro gratuitamente); 2) Trabalhar com assuntos relacionados à Agenda 2030 ou ao Acordo Climático de Paris; 3) Criatividade da solução; 4) Escalabilidade; 5) Número de pessoas impactadas ou potencial futuro de impacto; 6) Engajamento da comunidade; 7) Fomento à mudança social; 8) Nível de Maturidade da iniciativa; e 9) Replicabilidade.

Cada consulta nacional apresentará ao menos duas Soluções Inovadoras. A compilação de todas as submissões aprovadas irá compor um mapa online, que estará disponível para incentivar a implementação das iniciativas em escala mundial. A ideia é também que as iniciativas selecionadas possam fomentar parcerias futuras.

Na opinião de Luciana Aguiar, os investidores sociais têm papel estratégico nessa agenda, tanto no sentido de oferecer os meios de implementação dos ODS, na medida em que direcionam investimentos para iniciativas alinhadas à agenda, quanto para disseminá-la. “Essa agenda traz não só objetivos, mas também métricas e indicadores. Ou seja, os ODS podem, inclusive, ajudar os investidores a monitorar e mensurar o impacto de suas iniciativas, alinhadas à métricas e estratégias globais. É um grande ganho”, aponta a gerente do PNUD.

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