Por movimentos convergentes

Por: GIFE| Notícias| 27/08/2007

Rodrigo Zavala

O que as fundações brasileiras podem oferecer para o terceiro setor dos países lusófonos? A questão é colocada para a secretaria geral do Centro Português de Fundações, Cristina Paula Baptista, responsável pelos Encontros das Fundações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), uma das iniciativas mais importantes no campo da filantropia entre esses países.

Em entrevista exclusiva ao redeGIFE, ela aponta caminhos para a cooperação entre paises, provocando os brasileiros a participarem. Mais do que isso, alega existirem novos horizontes e oportunidades para estreitar o relacionamento e experiência entre as organizações, que possuem os mesmos valores e dinâmicas.

redeGIFE – Qual é o objetivo dos Encontros das Fundações da CPLP?
Cristina Paula Baptista – O grande objectivo destes Encontros de Fundações da CPLP, que vai já na sua quarta edição, é o aprofundamento dos laços de solidariedade e de cooperação entre fundações que partilham um espaço cultural e lingüístico comum. Este Encontro constitui também uma importante iniciativa de afirmação do movimento fundacional de língua portuguesa no Mundo.

Por outro lado, iniciativas como esta permitem o reforço das sociedades civis de cada um dos nossos países, bem como a crescente afirmação do movimento fundacional de língua portuguesa no Mundo.

redeGIFE – Quais foram os resultados alcançados nas últimas edições?
Cristina – Estes encontros pretendem ser espaços de diálogo, de troca de experiências e aprofundamento dos laços de solidariedade e de cooperação entre fundações de países de língua portuguesa tendo em vista o desenvolvimento de projectos e de iniciativas em parceria.

Desde a sua primeira edição, em Julho de 2003, que se vêm juntando cada vez mais Fundações o que tem tornado possível a realização de várias iniciativas e projectos promovidos, em parceria, sobretudo por fundações africanas e portuguesas.

redeGIFE – Qual foi a participação do Brasil nas últimas edições?
Cristina – A participação do Brasil nestes Encontros tem sido relativamente “”modesta”” se tivermos em conta a importância e a capacidade de intervenção social do movimento fundacional brasileiro, mas a verdade é que esteve sempre representado.

Os Encontros de Fundações da CPLP estão, ainda, a dar os seus primeiros passos e, na verdade, a nossa capacidade para mobilizar fundações em quatro continentes (Europa, America, África e Ásia) é, ainda, relativamente pequena. Julgo que, de certa forma, esta pode ser uma justificação para que as fundações brasileiras não tenham aderiro a este projecto de forma mais entusiástica.

Com o apoio do GIFE estou certa de que as fundações brasileiras reconherão a bondade e a importância deste projecto e vão aderir com entusiasmo. Julgo mesmo que, muito em breve, teremos o Brasil como anfitrião do Encontro das Fundações da CPLP.

redeGIFE – Há algum motivo especial para escolherem Angola?
Cristina – Não há nenhum motivo especial para que este ano o Encontro decorra em Angola, mas estamos muito felizes pelo facto de ser nesse pais. Nas duas primeiras edições este evento teve lugar em Lisboa, em Portugal. Em Janeiro de 2006 foi acolhido pela Fundação Infância Feliz, em Cabo Verde e este ano a Fundação Sagrada Esperança, de Angola é a anfitriã. Quem sabe um dos próximos Encontros será no Brasil?

redeGIFE – Em uma das mesas, o tema será Estratégias de Cooperação entre as fundações no espaço da CPLP. Como essa cooperação é possível?
Cristina – As fundações portuguesas e as brasileiras têm uma ampla experiência de cooperação em todos os países da CPLP, incluindo com o Brasil. As formas que esta cooperação assume são muito diversas e vão desde o estabelecimento de delegações de um país noutro país, ao desenvolvimento de programas e projectos em parceria com instituições públicas e privadas, ou o apoio pontual de iniciativas específicas.

Com estes Encontros o que se pretende é que através de um melhor conhecimento entre as fundações envolvidas estas formas de cooperação já existentes se aprofundem e se criem novas oportunidades para todos. Julgo que quando se partilha uma língua e valores éticos, como acontece entre as fundações dos países da CPLP, fica mais fácil cooperar e apreender.

redeGIFE – O que as fundações brasileiras podem buscar e oferecer no Encontro?
Cristina – As fundações brasileiras são muito dinâmicas, têm características próprias e a sua capacidade de intervenção social é reconhecida por todos. Acresce que as fundações brasileiras têm, hoje, uma dimensão que ultrapassa largamente os limites das suas fronteiras nacionais e têm muito conhecimento para partilhar. Em temáticas como a luta contra a pobreza, a inserção social e outros temas de intervenção social as fundações brasileiras podem ser importantes parceiras de fundações de outros países da CPLP.

Mas também em temáticas relativas à formação, educação e cultura, nomeadamente no que diz respeito à afirmação do português como língua, a contribuição das fundações brasileiras é decisivo. Se, por um lado, todos temos a lucrar com a participação das fundações brasileiras neste movimento de fundações de língua portuguesa, por outro, as fundações brasileiras também têm aqui uma oportunidade de contato e de estreitamento de laços e relações com os membros mais ativos das sociedades civis de cada um dos nossos países. São novos horizontes que se abrem e novas oportunidades que surgem.

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