Por uma Amazônia mais sustentável
Por: GIFE| Notícias| 12/11/2007Ana Carolina Velasco*
Representantes dos setores social e privado se reuniram na última semana, em Belém (PA), com o objetivo de articular uma rede multisetorial e tornar a Amazônia um dos pólos de políticas estratégicas de desenvolvimento sustentável do país.
O Fórum da Amazônia Sustentável, como foi chamado, surgiu da consciência de que é preciso preservar os recursos naturais e a biodiversidade do local por meio de uma cooperação mútua de diferentes atores. E o encontro foi o primeiro passo nessa direção.
Durante três dias movimentos sociais, empresas privadas e públicas, instituições de pesquisas e acadêmicos construíram consensos para escrever uma carta de compromisso, que irá reger a atuação dos grupos que compõem o Fórum. Nas atividades que se desenrolaram, todos tiveram voz para discutir cada ponto do documento, legitimando-o. (Leia Carta
A carta parte de eixos estratégicos de atuação, que contempla uma gama variada de assuntos, como: ordenamento territorial e ambiental, regularização fundiária da região, eliminação do fomento e subsídios às atividades insustentáveis e ilegais, respeito às diversidades culturais, promoção da educação básica e de pesquisas e tecnologias adequadas à realidade local, geração de trabalho decente e renda etc.
Deste encontro, já se somam 60 signatários, se comprometeram, entre outros direcionamentos, a fortalecer o mercado de produtos e serviços sustentáveis, a valorizar o conhecimento dos povos da floresta, estimular o desenvolvimento científico e tecnológico para a sustentabilidade e fomentar o diálogo entre as organizações e redes dos países amazônicos.
O Banco da Amazônia (Basa), a Federação das Organizações Indígenasdo Rio Negro (Foirn), a Fundação Avina, a Fundação Vale do Rio Doce (FVRD), o Grupo Orsa, o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o Instituto Ethos, o Instituto Socioambiental (ISA) e o Projeto Saúde Alegria fazem parte da comissão organizadora do Fórum. Grandes empresas como a Alcoa e a Natura apoiaram o evento de lançamento.
Também presente na cerimônia de lançamento, a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, declarou que “”não adianta apenas o Estado melhorar as políticas públicas”” para o fortalecimento da sustentabilidade. amazônicas.
Os signatários da carta também devem participar de grupos de trabalho que estão divididos pelos temas:
1- Mobilização da sociedade para o controle social do mercado e das políticas públicas;
2- Fortalecimento do mercado de produtos e serviços sustentáveis;
3- Construção de compromissos de boas práticas produtivas;
4- Valorização do conhecimento tradicional e reconhecimento e garantia dos direitos de povos indígenas, comunidades quilombolas e populações tradicionais;
5- Estímulo ao desenvolvimento científico e tecnológico para a sustentabilidade;
6- Demanda de ações do Estado para ordenamento, regulação, fiscalização, monitoramento e proteção de direitos;
7- Proposição de políticas públicas de fomento e apoio ao desenvolvimento sustentável; e
8- Fomento ao diálogo entre as organizações e redes dos países amazônicos.
Durante o encontro, o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Antonio Nobre, ficou muito claro que já não resta tempo a perder e que devemos nos comprometer a realmente trabalharmos juntos para o futuro da Amazônia.
Ao final das dicussões, ficou claro que o Fórum é exemplo de que os diversos setores podem trabalhar em consenso. Agora, devemos mostrar os resultados, com os quais nos comprometemos para o próximo ano. O GIFE já assinou a carta e irá trabalhar para engajar o maior número de associados nesta iniciativa.
*Ana Carolina Velasco é Gerente de Relacionamento Institucional do GIFE