Vinte projetos de conservação da natureza começarão a receber o apoio da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, a partir do início de 2008. São estudos sobre conservação e manejo de espécies ameaçadas, pesquisa aplicada em ecologia e conservação da natureza e controle de espécies exóticas invasoras, a serem desenvolvidos em todas as regiões do País.

No Rio Grande do Sul, uma das espécies estudadas será a toninha ou franciscana (Pontoporia blainvillei), um dos golfinhos mais prejudicado pelas atividades pesqueiras na costa do Brasil. Esses animais são capturados acidentalmente em redes de emalhe, técnica em que peixes como a corvina são apreendidos quando sua porção anterior se enrosca na rede de pesca lançada ao mar.

No Amazonas, um dos projetos avaliará os efeitos da fragmentação de habitat sobre a comunidade de primatas da Reserva Biológica do Uatumã e de seu entorno. Há 20 anos, a represa de Balbina, local onde esse estudo será realizado, teve mais de dois mil quilômetros quadrados de florestas inundadas para a construção de uma hidrelétrica. Na região, formaram-se diversas ilhas isoladas, que comprometem a manutenção da biodiversidade antes existente.

Outro projeto estudará a biologia reprodutiva da arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), na Estação Biológica de Canudos, na Bahia. A espécie tem uma distribuição geográfica restrita dentro do Bioma Caatinga e está ameaçada de extinção.

Esse estudo sobre a arara-azul-de-lear é o primeiro a ser apoiado conjuntamente pela Fundação e pela Avistar Brasil, uma rede on-line de profissionais e entidades de todo o País dedicada ao fomento da observação de aves brasileiras. As duas organizações firmaram uma parceria que estabelece que parte dos recursos arrecadados nos eventos da Avistar seja repassada aos editais de apoio a projetos da Fundação, para financiar estudos e estratégias para a conservação de aves.

Projetos no Sudeste
Quatro iniciativas serão realizadas na região Sudeste. Uma delas investigará a diversidade e a situação atual das espécies de mamíferos carnívoros, com ênfase na onça-pintada (Panthera onca), no Parque Nacional da Serra da Bocaina, nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. O projeto será realizado pelo Instituto Biotrópicos de Pesquisa em Vida Silvestre.

O Instituto Biomas dará continuidade a um projeto de longo prazo, que teve início em 2004, e que estuda o sapinho-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus moreirae), no planalto do Itatiaia, nos estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. A próxima etapa do estudo irá investigar os impactos que incêndios na região do Parque Nacional do Itatiaia podem ter sobre essa espécie. O conhecimento adquirido durante o projeto facilitará a implantação de medidas para a conservação do sapinho-de-barriga-vermelha.

No Espírito Santo, dois projetos irão levantar informações sobre a diversidade de plantas vasculares, como angiospermas e pteridófitas. Em termos florísticos, o Espírito Santo é um dos estados menos conhecidos da Mata Atlântica brasileira. Um dos projetos será desenvolvido pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) e outro pela Fundação UFPR para o Desenvolvimento da Ciência, da Tecnologia e da Cultura (Funpar).

A lista completa dos projetos selecionados está no item Apoio a Projetos da página eletrônica da Fundação O Boticário: www.fundacaoboticario.org.br. Nesse endereço também estão disponíveis informações sobre as inscrições para o edital do primeiro semestre de 2008. O prazo para o envio de propostas é 31 de março.