Programa orienta professores a trabalhar com alunos com deficiência mental
Por: GIFE| Notícias| 10/08/2009Um dos grandes desafios enfrentados pelo professor de escola pública dentro de uma sala de aula é a inclusão de alunos com deficiência. Independente de qual ela seja, não é novidade que existe uma falta de preparo do corpo docente, já desafiado pela falta de infra-estrutura e classes superlotadas.
No entanto, uma experiência realizada em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), busca mudar um pouco esse quadro. Lá, 50 educadores de 40 escolas públicas municipais estão empenhados em vencer essas barreiras e garantir uma escola inclusiva para o aluno com deficiência mental.
A largada foi dada em agosto de 2008 com a criação do programa “”Educar na Diversidade””, desenvolvido pela Apae-Contagem e pela Fundação ArcelorMittal Brasil, em parceria com a Belgo Bekaert Arames (BBA) e a Secretaria Municipal de Educação de Contagem.
O programa tem como eixo principal a capacitação de professores e pedagogos. Na primeira fase, que ocorreu no segundo semestre de 2008, foi desenvolvido um curso com carga horária de 140 horas sobre inclusão, práticas escolares e atendimento educacional especializado, voltado para 23 educadores de escolas municipais de Contagem.
A pedagoga da Escola Municipal Padre Geraldo Basílio Ramos, Cláudia Mara Gomes Viegas, aprendeu novos conceitos e metodologias, já colocados em prática no dia a dia escolar. “”Ainda há muito preconceito, principalmente dos pais dos estudantes que dividem a mesma sala com alunos com deficiência. No curso, aprendemos a lidar com situações como esta, tornando a prática pedagógica ampla o suficiente para integrar todos os alunos, valorizando os trabalhos em grupo e a solidariedade””, ressalta.
Na turma do ano passado, as atividades propostas aos alunos de 6 anos pela professora Maria Eugênia Aleixo ganharam um novo ritmo com a entrada de um estudante com paralisia cerebral. Música, arte, reciclagem e brincadeiras receberam um espaço especial no plano de aula. “”No início, ele chegou a rasgar os exercícios, recusando-se a fazê-los. Aos poucos, se integrou à turma, participando de todas as atividades””, conta Maria Eugênia, que também é psicóloga. “”Os médicos diziam que ele falaria, no máximo, três sílabas. No final do ano passado, ele pronunciava praticamente todos os fonemas””, comemora.
Em maio de 2009, o Programa recomeçou com a participação de mais 27 educadores, também selecionados pela Secretaria Municipal de Educação de Contagem. Nesta etapa, a metodologia consiste na discussão e formação continuada por meio do estudo de caso. Os encontros acontecerão na sede da Apae-Contagem até dezembro deste ano.
Na avaliação da coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Inclusão (Nepi) da Apae-Contagem, Mônica Maria Fernandes de Mello, em muitas escolas ainda são aplicadas soluções paliativas e parciais. “”Propomos alterações nas estruturas do sistema escolar como um todo, com mudanças na organização do tempo e espaço da escola, bem como da gestão escolar””, diz. Segundo ela, a inclusão é um direito de todos, definida na Constituição Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, publicada em 1996.
De acordo com a Fundação ArcelorMittal Brasil, já está em avaliação a extensão do programa Educar na Diversidade para outros municípios de Minas. “”Sabemos que apesar de prevista na legislação, a inclusão ainda não é realidade em muitas escolas. Preparando educadores para lidar com a diversidade, esperamos contribuir para que as crianças com deficiência sejam de fato inseridas no ambiente escolar, promovendo mudanças em todo o sistema de ensino””, conclui a gerente de Educação da Fundação ArcelorMittal Brasil, Zulmira Braga.