A rede internacional de Museus da Pessoa (Brasil, Portugal, EUA e Canadá) e o Center for Digital Storytelling (EUA) lançaram uma campanha mundial para celebrar, no dia 16 de maio, o 1º Dia Internacional de Histórias de Vida. Pioneiro e idealizado por brasileiros, ele será comemorado como forma de lembrar a importância do registro e socialização de experiências de vida.

A campanha tem como objetivo mobilizar pessoas e organizações a apoiarem a data para que ela se torne referência e um marco anual para valorizar, compartilhar, ouvir e coletar as histórias de vida de pessoas. Para isso, e contará com ampla programação de eventos promovidos pelas duas organizações, que estão convocando pessoas de todo o mundo para se encontrarem em locais públicos, praças, salas de aula, teatros ou até mesmo em ambientes virtuais no dia 16 e compartilharem suas histórias.

Alguns eventos já estão confirmados em diversos países, em cidades como São Paulo, Cidade do Cabo, Melbourne, Toronto, Estocolmo, Nova Zelândia, Los Angeles, Washington, Nova York, Cidade do México, Quênia, entre outras. Cerca de 80 organizações de 30 países demonstraram seu apoio ao Dia Internacional de Histórias de Vida. Confira o vídeo produzido pelo Museu da Pessoa para divulgar o evento.

Em entrevista ao redeGIFE, a diretora do Museu da Pessoa, Karen Worcman, fala um pouco mais sobre o surgimento do dia internacional e defende que sensibilizar a sociedade para o valor da história de cada um é fundamental para a construção da paz e do diálogo.

redeGIFE – Por que dia 16 de maio?
Karen Worcman – A data foi decidida entre os parceiros responsáveis pela iniciativa – isto é, a rede internacional de Museus da Pessoa e o Center for Digital Storytelling. Em realidade está dentro da semana de museus e, no contexto internacional, é o dia de nascimento de Studs Turkel, um grande historiador que se dedicou à preservação da história oral.

redeGIFE – Qual é foi motivação para criar um dia internacional para histórias de vida?
KW – Histórias de vida constituem uma ferramenta poderosa para criação de diálogo e compreensão entre o seres humanos. Ouvir o outro é o primeiro passo para compreendê-lo e entendê-lo como par. Nossa sociedade tende a categorizar as pessoas, as sociedades e defini-las segundo suas representações sociais. Mas quando escutamos, da forma mais aberta possível, a história de vida de alguém, criamos a conexão mais profunda entre seres humanos.

Como disse uma indiana, que trabalha com o Museu da Pessoa, uma entrevista de história de vida é um ato de total rendição ao outro. Neste sentido, o objetivo maior do dia é inspirar e ações, em todo mundo, que envolvam o ato de escutar o outro. Achamos que sensibilizar a sociedade para o valor da história de cada um é fundamental para a construção da paz e do diálogo.

redeGIFE – Qual é o objetivo da campanha?
O primeiro ponto é sensibilizar, em todo o mundo, instituições e pessoas, para o valor da história de vida como forma de promoção da paz e da compreensão entre pessoas e povos.Por outro lado é ampliar e incentivar iniciativas que valorizem as histórias de vida e conectar iniciativas já existentes.

redeGIFE – Como funciona essa articulação internacional na rede, composta por Brasil, Portugal, EUA e Canadá?
KW- A rede internacional de museus compartilha métodos e objetivos. É uma rede autônoma, em que cada um dos museus é responsável pela sua sustentabilidade e projetos, mas é concentrada por ações conjuntas, objetivos de integração das histórias e conceitos comuns. A inspiração é do Brasil, pioneiro na idéia.

redeGIFE – Comparativamente a esses países, o Brasil tem qual papel no movimento?
KW – O Museu da Pessoa brasileiro é pioneiro na iniciativa é somos também quem sistematizou a metodologia de trabalho. Neste sentido somos incentivadores das outras iniciativas e formadores das equipes.

O Museu brasileiro é uma liderança em todo este movimento, uma vez que temos mais tempo de atuação e maior experiência no desenvolvimento de projetos e programas que envolvam as histórias de vida.

Para mais informações sobre a iniciativa em âmbito internacional podem ser obtidas no site oficial (www.ausculti.org) , que também permite a troca de informações entre os participantes, como indica o próprio nome “”ausculti””, que significa “”escutar”” em Esperanto, antiga língua universal.