Cobertura sobre mudanças climáticas diminui, mas se qualifica
Por: GIFE| Notícias| 02/03/2009Pesquisa realizada pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi) constatou que o número de reportagens sobre mudanças climáticas publicadas na imprensa no ano passado foi menor do que nos últimos anos. No entanto, uma análise acurada sobre o material mostrou que o conteúdo editorial melhorou.
De acordo com o levantamento, as reportagens sobre a alteração do clima publicadas no primeiro semestre de 2008 caíram, em relação ao mesmo período de 2005 a 2007. Entre julho de 2005 e junho de 2007, foi publicada uma matéria sobre o tema a cada quatro dias. Já nos seis primeiros meses do ano passado, a média foi uma notícia a cada sete dias.
“”Os resultados apresentados no estudo indicam que o agendamento das mudançasclimáticas ainda não pode ser considerado uma prioridade pela imprensa brasileirade forma geral. Após um período de pico, entre o último semestre de 2006 e início de2007, proporcionado pelo lançamento de pesquisas importantes sobre o impacto destefenômeno, a cobertura assumiu uma tendência decrescente””, explica o documento.
Uma das razões apontadas pela Agência para a diminuição da discussão é o fato da cobertura ainda ser, em grande medida, pautada pela agenda internacional. E no primeiro semestre de 2008, poucos foram os destaques internacionais da agenda climática.
“”A calmaria do cenário externo teve um desdobramento positivo: no período analisado, a produção editorial se caracterizou por uma valorização da esfera interna. O foco central dos textos, por exemplo, passou a se concentrar no governo brasileiro, e não mais nos governos estrangeiros””, aponta o texto do levantamento.
As mudanças climáticas estiveram mais presentes nas páginas dos veículos de abrangência nacional (Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo e Correio Braziliense) e econômicos (Valor e Gazeta Mercantil). É possível constatar pelas conclusões do estudo que eles foram responsáveis por quase metade (48%) da cobertura. No primeiro estudo, respondiam por 37% do total de textos.
A análise aponta que, embora o volume de textos tenha sido menor, em relação ao período anterior, é possível identificar alguns avanços na qualidade do material publicado. “”Houve aumento significativo na quantidade de textos que mencionaram questões relacionadas ao desenvolvimento e que apresentaram causas ou soluções para o fenômeno””.
Outro ponto importante diagnosticado pela nova análise é a mudança no enquadramento do tema. Se em 2005/2007, a grande preocupação era com as conseqüências do fenômeno, os dados do primeiro semestre de 2008 indicam uma valorização das estratégias de enfrentamento.
“”Essa mudança no tipo de abordagem pode ser um reflexo dos debates registrados no nível internacional. Os governos e especialistas têm avançado, ainda que lentamente, na formulação de potenciais soluções, como metas de redução de emissões de carbono e utilização de energias renováveis””, explica o secretário-executivo da ANDI, Veet Vivarta.
Segundo o secretário-executivo, entre as limitações verificadas na pesquisa, encontra-se, novamente, a ausência de uma discussão mais aprofundada sobre políticas públicas. “”Essa é uma falha que deve ser trabalhada pelas redações. Cabe à imprensa, como ocorre em relação a outros setores, cobrar um posicionamento mais efetivo dos poderes públicos diante da agenda climática””.
O principal desafio para o aprimoramento da cobertura, tal como mostra o estudo, é a necessidade de que a temática deixe as páginas especializadas e assuma um caráter transversal. “”É fundamental que o fenômeno não seja concebido apenas como uma questão de interesse ambiental, e sim, como um problema que atinge as mais diversas áreas, como a política e a economia””, conclui Vivarta.
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