Rodrigo Zavala

Depois da catástrofe natural que atingiu 1,5 milhões de pessoas, deixando 78 mil desabrigados e milhões em prejuízos, as medidas emergenciais de assistência às vítimas (que já somam R$ 24 milhões) passam a dar lugar para investimentos mais estratégicos para a reconstrução de Santa Catarina.

Delas, se destacou no último mês o Fundo Comunitário para a Reconstrução, que busca ajudar mulheres atingidas a darem o primeiro passo na reconstrução de suas vidas, disponibilizando recursos financeiros para atender as necessidades específicas de cada família.

Idealizado pelo ICom — Instituto Comunitário Grande Florianópolis, a iniciativa acompanhará as mulheres e famílias na aplicação dos recursos e orientadas na prestação de contas por técnicos do ICom.

O primeiro passo é cadastrar o público-alvo através da Defesa Civil e de ONGs locais, seguido de um levantamento de necessidades, elaborado por técnicos do instituto. A partir daí, será traçado um plano de aplicação de recursos oriundos do Fundo, em conjunto com as famílias.

Em entrevista exclusiva ao redeGIFE, a fundadora e coordenadora geral do ICom, Lucia Dellagnelo, explica como funcionará o Fundo Comunitário para a Reconstrução e como investidores sociais privados podem fazer a diferença na articulação entre os principais atores locais para o processo de reconstrução de longo prazo.

redeGIFE – Como serão empregados os recursos do Fundo?
LD – Os recursos do Fundo serão empregados na ajuda financeira a famílias atingidas, dando a elas a autonomia para identificarem suas reais necessidades. Graças à solidariedade do povo brasileiro a Defesa Civil de Santa Catarina está recebendo toneladas de doações de roupas e alimentos que estão suprindo a situação emergencial, mas também é preciso fornecer um tipo de ajuda que fortaleça a dignidade e a confiança na capacidade de recomeçar das pessoas atingidas.

redeGIFE – Quais foram os critérios para escolher esse público?
LD – Acreditamos que mulheres e famílias com crianças estão em situação mais vulnerável. Vamos também apoiar ONGs locais para fortalecê-las para que possam fazer um trabalho sistemático de acompanhamento destas famílias.

redeGIFE – Qual é a sua meta?
LD – Nosso objetivo é apoiar no mínimo 25 famílias, dando-lhes uma ajuda financeira de até R$ 4 mil reais.

redeGIFE – Qualquer um pode ajudar? É apenas com dinheiro?
LD – Qualquer pessoa pode ajudar. Nosso Fundo de Reconstrução recebe apenas doações financeiras, mas quem quiser trabalhar como voluntário pode acessar o site www.voluntáriosonline.org.br do Instituto Voluntários em Ação de Santa Catarina.

redeGIFE – Como você vê os esforços das iniciativas do setor privado de reconstrução de Santa Catarina?
LD – Após esta fase de atendimento da situação emergencial será preciso uma ampla articulação entre os setores público, privado e da sociedade civil para reconstruir cidades e pequenas comunidades atingidas. A partir de agora, serão necessárias ações estratégicas de reconstrução tanto física (de casas e prédios), quanto do tecido social destas comunidades.

redeGIFE – Como os investidores sociais privados podem se destacar nesse cenário?
LD –Investidores sociais privados têm participado ativamente doando recursos e materiais para os desabrigados. Uma área na qual acredito que eles podem fazer diferença é na articulação entre os principais atores locais para o processo de reconstrução de longo prazo. Muitos institutos e fundações brasileiras têm experiência neste tipo de articulação e poderiam ajudar ONGs locais a serem protagonistas deste processo em Santa Catarina.

redeGIFE – Como uma pessoa que destinou recursos ao fundo pode acompanhar seu gasto?
LD – O ICom assinará um recibo para cada pessoa (física ou jurídica) que doar e ao final da aplicação do Fundo (previsão julho 2009) será produzido um relatório com todas as ações desenvolvidas, identificação das pessoas e instituições que receberam auxilio e fotos.

Modo de participação:
Depósito: Banco Itaú Personnalité Florianópolis
Agência 3759 conta: 03761-1
do Instituto Comunitário Grd. Florianopolis
Enviar e-mail para [email protected] declarando a doação.

Para conhecer mais o trabalho do ICom, acesse: www.icomfloripa.org.br.