O que 2008 tem a nos dizer
Por: GIFE| Notícias| 29/12/2008Rodrigo Zavala
Na última semana de 2008, o redeGIFE traz aos leitores uma visão sobre o que o ano pode ensinar às organizações sociais brasileiras. Embora os desafios para uma gestão estratégica, avaliação de resultados, transparências das ações e segurança jurídica tenham pautado as principais discussões do terceiro setor no ano, nada foi mais acalorado como o debate sobre os impactos da crise financeira mundial no orçamento dos projetos sociais.
Nos últimos meses, palavras de ordem como “”apertar os cintos””, “”rever metas”” e “”priorizar investimentos”” das ações sociais encontraram eco na cobertura do colapso financeiro global. Embora existisse mais especulação do que dados concretos, os movimentos sociais no Brasil ficaram em polvorosa sobre onde os cortes seriam feitos.
Não por acaso, em matéria publicada no jornal paulistano Folha de S. Paulo, no dia 28 de outubro, a coordenadora-geral da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), Cristina Pimenta, comentou: “”sempre que acontecem cortes em orçamentos governamentais, bem como do setor privado, o terceiro setor e as áreas sociais são sempre os primeiros a sofrer””, em matéria intitulada Terceiro setor deve sofrer forte impacto com a crise.
Essa preocupação pode ser explicada em dois pontos-chave, baseados na realidade brasileira: poucas organizações criaram fundos capazes de garantir a longevidade de seus programas, tal como ainda são dependentes a recursos doados, seja por convênios com governos locais ou federais, seja por parcerias com empresas socialmente responsáveis. POr esse lógica, qualquer razão que faça escassear o dinheiro dessas fontes traria conseqüências para os programas sociais.
No entanto, especialistas em investimento social têm uma visão menos pessimistas do setor no país. “”As organizações que perceberem que podem ser afetadas podem tomar este momento como uma oportunidade para reverem seus processos e práticas. Podem ser o momento para estarem mais bem preparadas para retomar seu crescimento quando esta crise for história””, acredita o presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis), Marcos Kisil. (Leia artigo).
As idéias de Kisil encontram convergência com as do coordenador do Centro de Estudos do Terceiro Setor (CETS) da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, Carlos Merege. Ele acredita que este é o momento para as organizações priorizarem estratégias de diversificação das fontes de receitas.
“”Sem duvida alguma a geração de renda própria através da produção de bens e serviços deve ser a meta número um para a sustentabilidade econômica das organizações do terceiro. Esta é a maior lição que estamos aprendendo neste momento e que não pode ser esquecida jamais!””, afirma Merege. (Veja opinião).
A mesma visão menos aflitiva pode ser escutada do ex-vice Presidente da Fundação Ford, Barry Gaberman, que acredita que “”uma sacudida periódica não é tão ruim assim””. Para ele, é uma oportunidade para que as alianças estratégicas ajam a pleno vapor. “”De forma peculiar, as mudanças de prioridades das filantropias organizadas poderão representar mais uma ameaça do que um declínio na economia. Especialmente se as mudanças são feitas precipitadamente e não são administradas com responsabilidade e sensibilidade””.
Mas como essas premissas entram no dia-a-dia das organizações que provém algum serviço social? De acordo com a diretora de Ação Comunitária da ArcelorMittal Inox Brasil, Rosaly Todeschi Bandeira, o planejamento das ações está cada vez compartilhado com parcerias.
“”Os recursos privados não estão limitados ao financeiro, recursos humanos e conhecimento, maior capital das empresas podem e devem ser considerados no contexto atual como grandes aliados para o investimento social””, acredita.
Nas considerações gerais, um dos conselhos mais entusiasmados vem diretor-presidente da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (ABERJE), Paulo Nassar: “”Não fale em crise, trabalhe“”.
Na próxima semana, o redeGIFE trará um especial sobre as expectativas dos principais investidores sociais privados do país para 2009.