Entrevista com Emilio Rui Vilar – Parte 2

Por: GIFE| Notícias| 07/01/2010

“”A pobreza é como a escravidão””

PARTE 2 (final)

Como Presidente do EFC, qual é a sua visão para as fundações europeias, tanto na Europa como no resto do mundo?
Eu destacaria um desenvolvimento recente e muito importante. O número de fundações europeias que realizam trabalho transnacional e fora da Europa vem aumentando e isso é uma tendência muito positiva. Gostaria de ver esta tendência continuar, visto que temas como mudanças climáticas, diálogo intercultural e saúde global não podem ser focados em nível nacional nem regional, precisam ser trabalhados em conjunto. Obviamente, algumas fundações tem limitações legais e, por esta razão, as mudanças nos estatutos de uma fundação européia poderia dar um impulso a este movimento, que é muito positivo.
Como presidente do EFC, o que eu esperaria, em primeiro lugar, é que crescesse a afiliação. Comparado com o número de fundações em paises europeus, o EFC tem relativamente poucos afiliados. Segundo, espero que as fundações europeias continuem melhorando suas estruturas e suas práticas de governança, tornando-se mais transparentes e responsáveis na prestação de contas, significando também o aumento da confiança em nossas instituições e em nosso trabalho.

Já tem em mente algum tipo de metas para a sua presidência de três anos?
Como estamos em Roma, permita-me citar as memórias de Adriano. Não me lembro exatamente das palavras, mas a idéia é que “a felicidade é algo que ocorre em momentos muito curtos”. Acredito que se alcançarmos as nossas metas, serei feliz durante um momento e, então, procurarei uma meta adicional que supere a anterior.

Na reunião plenária de clausura, você fez a leitura de uma declaração das fundações europeias sobre a xenofobia. Que esperanças tem sobre o que a declaração possa conseguir?
Foi uma declaração forte e muito oportuna no momento em que as leis sobre os imigrantes indocumentados estão sendo discutidas em nível governamental como, por exemplo, na Itália. É também nossa intenção, enviar pessoalmente a declaração ao Presidente Da Comissão Europeia e aos partidos políticos do Parlamento Europeu. É importante que as fundações levantem suas vozes quando estão em jogo os direitos humanos e a dignidade humana.

A conferência do próximo ano, a 20ª assembleia geral anual do EFC, será especial. Poderia dizer alguma coisa sobre o que você espera que se consiga através desta conferência?
O local da reunião será em Bruxelas e o tema principal será a Europa e o futuro das instituições europeias. Planejamos organizar uma feira de mercado de ideias de uma semana e trataremos de aumentar nossa interação com as instituições europeias e outros organismos europeus.
Também teremos exposições que mostrem para o público o que são as fundações e o que elas fazem e, logicamente, teremos debates, conferências e reuniões de rotina.

Por último, que papel você visualizaria para o EFC ao guiar as fundações através da crise financeira?
A situação dos ativos é muito diferente entre as fundações e, portanto, tratam de se reorganizar de formas muito diferentes. No entanto, há um grupo apoiado pelo EFC que reúne os gerentes financeiros de umas 30 fundações importantes. Recentemente reuniram-se em Lisboa e tiveram discussões muito interessantes, compartilhando suas experiências e seus pontos de vista. Estamos tratando de aprender uns com os outros e focalizar esta situação muito difícil, especialmente porque não sabemos qual será o impacto total nem mesmo por quanto tempo esta situação permanecerá instável.
www.efc.be

EMILIO RUI VILAR
O presidente do EFC, Emilio Rui Vilar, teve uma extensa e influente carreira em diversas áreas tais como política, finanças, educação e filantropia, em seu país de origem, Portugal, e também no cenário europeu. Nasceu no Porto, em 1939, graduou-se na Faculdade de Direito, trabalhou no setor bancário e ocupou cargos ministeriais no governo, na década de ‘70, antes de ser Diretor Geral da então Comissão das Comunidades Europeias por três anos. É presidente da junta diretiva da Fundação Calouste Gulbenkian, presidente do Centro de Fundações Portuguesas e membro da junta diretiva da iniciativa cultural paneuropeia, “A Soul for Europe” (Uma Alma Para Europa).

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