A preocupação é que, dependendo da idade, aprender sobre mudanças no corpo ou diferenças entre os sexos estimule a sexualidade precocemente. Mas a experiência brasileira mostra o contrário. Em prática desde 2007, o bem sucedido projeto do Instituto Criança é Vida – OSCIP que atua na área de educação para a saúde – já faz o que prevê a lei inglesa. O projeto de educação sexual para crianças a partir de 7 anos, desenvolvido por solicitação das próprias instituições de ensino, vem alcançando ótimos resultados, que são atestados por pais e educadores.

Para a diretora do instituto, Regina Stella Schwandner, muitos adultos têm dúvidas sobre a melhor idade para começar a educação sexual pois temem que as crianças recebam o conteúdo com malícia.“Ao contrário, as aulas são recebidas com naturalidade, desmistificam o assunto e trazem tranquilidade às crianças”, diz.

O projeto de educação sexual para crianças é uma iniciativa que busca oferecer um conteúdo complementar ao ensino regular e prepará-las, ainda na infância, para as mudanças que acontecem na puberdade. O projeto não aborda apenas questões anatômicas, mas trabalha valores que fortaleçam a autoestima e o equilíbrio nas relações entre meninos e meninas. O objetivo é ensinar às crianças sobre as mudanças físicas, as diferenças entre os sexos, os nomes corretos dos órgãos genitais, a higiene e a importância em valorizar o próprio corpo, as relações familiares e as condições necessárias à formação de uma família.

Todo o projeto de educação sexual foi desenvolvido sob a coordenação da Diretora Superintendente do Instituto Criança é Vida, Regina Stella Schwandner. Os conteúdos dos materiais didáticos foram desenvolvidos pela Profa. Célia Siqueira e contam com a revisão e o aval da Profa. Dra. Carmita Abdo, Coordenadora Geral do ProSex – Projeto Sexualidade do Instituto de Psiquiatria, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

De acordo com Regina Stella, poucos adultos têm o preparo para repassar conhecimentos de forma tranquila, correta e com segurança. Mesmo entre educadores existe dificuldade. Essa é uma das razões pelas quais o projeto é tão bem aceito por pais e educadores. “Os palavrões desaparecem. Aumenta o respeito e o coleguismo entre meninos e meninas. As famílias e os educadores agradecem”, conta.

O projeto é composto por dois ciclos, o primeiro – Tempo de descobrir – para Crianças de 7 a 9 anos, e o segundo – Sexo, Amor e responsabilidade – para crianças de 10 a 12 anos. O Instituto Criança é Vida conta com profissionais capacitados, que multiplicam o conteúdo do projeto treinando educadores e oferecendo o material necessário para as aulas nas instituições.