Igualdade só avança com políticas que ampliem oportunidades econômicas para as mulheres
Por: Fundação FEAC| Notícias| 14/03/2022Dados globais do Banco Mundial mostram que cerca de 2,4 bilhões de cidadãs em todo o mundo têm menos direitos econômicos que homens
Nesta terça-feira (8), data em que é celebrado o Dia Internacional das Mulheres, dados globais do Banco Mundial mostram que ainda há muito por fazer. Cerca de 2,4 bilhões de cidadãs em todo o mundo têm menos direitos econômicos que homens.
O estudo divulgado no dia 1º de março traz um levantamento das leis e regulações que afetam as oportunidades econômicas de mulheres em 190 economias do mundo. Para isso, elegeram oito indicadores que influenciam a vida e a carreira das mulheres: mobilidade, local de trabalho, salário, casamento, cuidados parentais, empreendedorismo, bens e pensão.
O relatório, intitulado Mulheres, empresas e o Direito 2022, oitava edição desta série produzida pelo Banco Mundial, identifica barreiras à participação feminina no mercado de trabalho e alerta sobre leis discriminatórias que ainda vigoram em cerca de 178 países.
A economista-chefe e vice-presidente da instituição, Carmen Reinhart, que está à frente das oito edições deste estudo, vê avanços, recuos e necessidade de maior comprometimento dos poderes públicos. “Igualdade de gênero é fundamental para eliminar a extrema pobreza e promover prosperidade compartilhada. Este relatório segue construindo evidências da relevante relação entre direitos da mulher e o seu bem-estar econômico. Esta agenda deve ser uma prioridade para que se conquiste mudanças duradouras”, afirma.
ONU Mulheres
É o que defende María Noel Vaeza, diretora regional da ONU Mulheres para as Américas e o Caribe: “Estou convencida da urgência de uma maior inclusão das mulheres para a recuperação socioeconômica, com a criação de sistemas de atenção integral fortalecidos”, afirma ao site da organização.
O tema escolhido pela ONU Mulheres para 2022 é “Igualdade de gênero hoje para um amanhã sustentável”, destacando que mulheres e meninas também são as maiores vítimas das adversidades climáticas. “Conforme avançamos para alcançar um desenvolvimento verde, resiliente e inclusivo, os governos precisam acelerar o ritmo das reformas de modo que as mulheres possam se beneficiar total e igualitariamente”, afirma.
No ranking geral de igualdade, mensurado pelo relatório do Banco Mundial, o Brasil tem 85 pontos de um total de 100; países como Timor-Leste (86,3), Ilhas Maurício (89,4) e Kosovo (91,9) estão à frente, além de vizinhos latinos, como Bolívia (88,8), Peru (95) e Paraguai (94,4). Ou seja, há muito ainda que avançar.
Empreendedorismo feminino
Uma das formas de promover avanços nesse sentido é o investimento no empreendedorismo feminino. Durante a pandemia, o projeto Tempo de Empreender (hoje chamado Empreende Campinas), da Fundação FEAC, que apoia empreendedores de áreas vulneráveis de Campinas, registrou que a maioria dos inscritos e formados nos cursos era de mulheres.
Em 2020 e 2021, o trabalho focou em regiões de maior vulnerabilidade social, visando a redução dos impactos econômico e social da crise sanitária. Do total de participantes, 78% eram mulheres (leia mais sobre o projeto aqui). “Esta participação expressiva retrata uma realidade histórica e sociocultural brasileira, em que o empreendedorismo surge para estas mulheres como uma oportunidade, já que elas têm menor inserção no mercado formal de trabalho”, avalia Marcelo Patarro, líder do Programa Desenvolvimento Territorial, da Fundação FEAC.
Desta experiência nasceram três vídeos que retratam a trajetória de mulheres beneficiadas pelo projeto. O primeiro deles, que acaba de ser finalizado, conta a história de duas empreendedoras: Vanessa Ferreira Lima Sigalla e Clélia Maria de Oliveira, que passaram por este processo de capacitação e montaram o seu próprio negócio durante os dois primeiros anos da pandemia. Uma conquista que merece ser comemorada.
Por Natália Rangel
Assista ao vídeo: