ENTREVISTA – Chet Tchozewski

Por: GIFE| Notícias| 23/04/2010

Em entrevista ao redeGIFE , Chet Tchozewski, diretor executivo da Greengrants, organização que investe pequenos recursos em comunidades de mais de cem países, fala um pouco mais sobre o seu trabalho e os fatores que tornam as pequenas doações estratégicas.

“Os líderes filantrópicos, com frequência, presumem incorretamente que as pequenas doações não são estratégicas. O que é um erro. Quando bem concebidas, podem ter um imenso impacto, numa escala visionária”, acredita

Na América Latina, a CASA (Center for Socio-Environmental Support), sediada em São Paulo, é o braço direito desta instituição. Desde 1978, Tchozewski atua na área ambiental e foi diretor regional do Greenpeace para o Pacífico Sudeste, em São Francisco (EUA).

Nesta entrevista, ele fala sobre a crença de que projetos de baixo custo podem provocar impactos sociais de grande porte, sobre a dificuldade de mensurar projetos sociais e dos fatores que levam ao sucesso dos investimentos.

GIFE- Qual a diferença entre Greengrants e outras organizações voltadas para projetos socioambientais?
Chet Tchozewski –
Nossa organização combina uma visão global com pequenos financiamentos locais, por meio da criação de uma rede integrada de conselheiros voluntários no mundo com nível elevado de expertise no negócio. Assim, podemos aplicar pequenos financiamentos em comunidades de base e o custo de administrá-los também é baixo. Nós podemos contribuir com U$ 5, 10 mil. São muitos pequenos financiamentos nas comunidades, que acreditamos ter um alto retorno de investimento.

GIFE – Como vocês avaliam os projetos que financiam?
Tchozewski –
Nós avaliamos de duas formas: localmente e globalmente. Esperamos ver uma variedade de resultados advindos dos impactos locais de nossos financiamentos, que são avaliados pelos nossos próprios conselheiros. Aqui no Brasil pela CASA. Na esfera global, nós comparamos países de regiões diferentes, por exemplo Brasil e Rússia, e verificamos quais as estratégias que parecem funcionar com as questões levantadas por essas comunidades. Permitimos que nossos colegas do Greenpeace também avaliem essas informações.

Na maioria dos projetos, consideramos que estamos fazendo um experimento e nossa avaliação não se resume apenas a adoção de métricas.

GIFE – Quais os critérios de mensuração?
Tchozewski –
Nem tudo que conta pode ser mensurado e nem tudo que pode ser mensurado, conta. Então, temos de usar nossa interpretação sobre o que podemos mensurar por temos um pobre entendimento sobre como acontecem as mudanças sociais. Muitas vezes não podemos avaliar. Então, precisamos usar a nossa intuição para interpretar as informações e extrair sentido da mensuração. Nós fazemos comparações porque é como aprendemos e como as Ciências trabalham, fazendo contrastes e tentando repetir resultados.

GIFE – Como você compara o Brasil com os demais países em relação ao Investimento Social Privado?
Tchozewski –
Os resultados dos pequenos financiamentos no Brasil não são diferentes dos da China ou da Rússia, por exemplo. O que realmente difere é o tamanho do financiamento em comparação ao tamanho dos impactos quando se investe em movimentos sociais, se compararmos com outros investimentos em outras áreas da sociedade civil, como por exemplo, nos profissionais bem pagos para treinar pessoas.

Apesar de necessários, não são suficientes para sozinhos gerarem mudanças sociais. E o maior retorno advém dos fundos investidos nesses movimentos sociais, dos grupos que estão atentos às necessidades de mudança.

GIFE – Quais os fatores que contribuem para o sucesso de um pequeno investimento em comunidades?
Tchozewski –
Dois fatores contribuem para o sucesso do investimento, independente do país ou do período de tempo. O tamanho dos recursos, o momento certo e a forma correta de fazer as coisas, que deve ser orientado por pessoas comprometidas com o projeto, além de accountability.
O segundo fator são os eventos que geram acontecimentos políticos de forma espontânea, geralmente, provocados por forças externas. Por exemplo, aqui no Rio, as enchentes criaram uma oportunidade política e um momento único de aprendizagem para as pessoas entenderem o que pode acontecer em relação às mudanças climáticas. Movimentos sociais responderam aos problemas no mesmo dia, fazendo declarações à imprensa. Esses eventos são os que têm mais chances de obter sucesso na esfera social.

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