É possível reajustar a escala?
Por: GIFE| Notícias| 22/11/2010Chris West*
Quando a Fundação Shell foi estabelecida em 2000, tínhamos objetivos ambiciosos em buscar soluções escalonáveis e sustentáveis para os desafios globais de desenvolvimento. Fizemos isto sob o enfoque de uma base empreendedora, “pioneira” e centrada numa série de temas sociais e de meio ambiente, onde a indústria de energia tem responsabilidade especial.
Embora isto possa parecer óbvio, nossa experiência mostrou que uma visão alinhada não sempre acompanha as parcerias e, assim, é muito difícil alcançar a escala. Onde nós temos parcerias com indivíduos ou organizações que não a compartilhavam, achamos que era virtualmente impossível reajustar e partir para a escala.
Parte dos desafios está na definição da escala, que tem significados diferentes para as pessoas. Nós definimos escala como a habilidade de fornecer soluções custo/eficiência que alcançam grandes benefícios em desenvolvimento, verificáveis em locações múltiplas e que da dependência de subsídios passem para a obtenção de receitas.
Hoje, observamos alguns de nossos parceiros alcançando estes objetivos. A EMBARQ, centro de transporte sustentável que nós co-fundamos com o World Rsources Institute (WRI) em 2002), é um exemplo disso. Nós concordamos com a WRI, durante o acordo inicial, que precisávamos replicar as soluções dos transportes sustentáveis em pelo menos três a cinco países em desenvolvimento.
Em contraste, quando nós tentamos no passado desenvolver parcerias com outras organizações encontramos, com frequência, estruturas e cultura não condizentes, sendo adaptadas num enfoque mais de negócios em relação à execução de serviços de qualidade. Era frequente a dependência com os fundos de doadores para implementar projetos de curto prazo ligados à uma falta de vontade ou de habilidades em planejar a longo prazo e com sustentabilidade baseada em um plano de negócios viável.
Além do mais, os altos custos e as estruturas de gerenciamento fraco, não se alinhavam em direção à uma escala ascendente.
Como resultado, desde aquela época nós modificamos o enfoque para selecionar parceiros. Agora procuramos parceiros que compartilham nossa visão de escala e sustentabilidade; eles tem que possuir um toque empreendedor, estarem focados e comprometidos 100% com o empreendimento e dispostos a dividir os riscos iniciais. Então, nós nos concentramos e desenvolvemos a quatro mãos um plano de negócios em vez de apenas fazer uma revisão de algum projeto proposto já disponível. E, para colocar “mais do que dinheiro”, colocamos pessoal para trabalhar de perto com eles durante o desenho e o teste da solução. Isto permitiu nos estruturarmos para oferecer um apoio mais eficiente de valor agregado.
A Fundação Shell tem aprendido muito sobre escala nos últimos dez anos, tanto de nossos sucessos como de nossas falhas e nós nos esforçaremos para continuarmos a compartilhar nossas experiências no futuro. Em outubro deste ano planejamos publicar um relatório que resume nossa própria trajetória de “escala” e conta nosso grau comparativo de sucessos e fracassos.
O tamanho dos desafios do desenvolvimento global é imenso. Acreditamos que o progresso nos mostrará se existe ou não um melhor foco em lograr escalas junto com um maior entendimento por parte dos financistas para se comprometerem, com esta visão, com recursos abrangentes.
[1] – Jeffrey Bradach, “Scaling Impact: How to get 100x the results with the organization”, Stanford Social Innovation Review, Summer 2010. (“Escalando o Impacto. Como obter 100 x a organização”).
*Chris West é diretor da Shell Foundation. [email protected]