Encontro debate estratégias de mobilização comunitária
Por: GIFE| Notícias| 06/12/2010Rodrigo Zavala*
Quais sãos os aprendizados trazidos por institutos e fundações empresariais que incluem a promoção do desenvolvimento comunitário em suas estratégias de investimento social? Este foi o principal resultado do terceiro Encontro da Aliança GIFE – RedEAmérica, realizado em São Paulo.
Se por um lado o encontro busca propiciar a sistematização de práticas existentes através de apresentações e debate, concomitantemente a isso ele está atrelado à missão da RedeAmérica, cuja a principal preocupação é ampliar o alcance da causa do Desenvolvimento de Base como peça central das estratégias de redução da pobreza nas Américas.
Para apresentar suas análises, foram convidados para o evento o presidente do conselho curador da Holcim, Carlos Bühler, e o diretor executivo do Instituto Camargo Corrêa, Francisco Azevedo. Apesar do processo de trabalho ser distinto nas organizações, as conclusões finais do encontro podem ser atribuídas a ambas.
Lideranças
Um dos exemplos é a importância das lideranças no processo de mobilização. Ao falar de uma experiência que realiza na favela de Heliópolis, na região Sudeste de São Paulo, Bühler enfatizou a necessidade de encontrar e dialogar com as lideranças. Uma delas, estava ao lado dele na mesa de apresentação, Cleide Alves, presidente da União de Núcleos, Associações e Sociedades dos Moradores de Heliópolis e São João Clímaco (Unas).
Um dos exemplos é a importância das lideranças no processo de mobilização. Ao falar de uma experiência que realiza na favela de Heliópolis, na região Sudeste de São Paulo, Bühler enfatizou a necessidade de encontrar e dialogar com as lideranças. Uma delas, estava ao lado dele na mesa de apresentação, Cleide Alves, presidente da União de Núcleos, Associações e Sociedades dos Moradores de Heliópolis e São João Clímaco (Unas).
“Se fosse no setor privado, a Unas seria uma holding que controla as empresas que fazem parte dela”, analisou Bühler. Nesse sentindo, Cleide afirmou: “(diferentemente de organizações de fora) nós olhamos para as necessidades, que vão desde a falta de água e luz, como questões pedagógicas.”
O tortuoso caminho a enfrentar em Heliópolis é grande. Com pouco menos de 200 mil habitantes, em uma área do tamanho de 150 campos de futebol, segundo Cleide, cerca de 80% dessas pessoas são analfabetas funcionais e 90% não conseguem fazer cálculos de porcentagem. Some-se a isso ao fato que 50% da população está desempregada e 52% tem entre 0 e 25 anos.
Assim, além de levantar as demandas com as lideranças, outro aprendizado para trabalhar em comunidades é a implementação de processos participativos. Segundo a então coordenadora da Aliança GIFE RedEmérica, Izabel Toro, essa forma de trabalho aumenta as capacidades coletivas das comunidades para definir as suas próprias necessidades, identificando e implementando alternativas de ação para a superação dos seus problemas.
“Além de pretender melhorar a interação entre as organizações e entre outros atores públicos e privados, de tal forma que se consolide um entorno favorável as suas iniciativas e a sua participação permanente nos assuntos públicos”, acredita.
Outro ponto fundamental foi apresentado durante o segundo Encontro da Aliança, em meados de 2010, pelo especialista em desenvolvimento comunitário, Rogério Arns Neumann, quando ironizou: “Vocês gostariam que um vizinho entrasse na sua casa e dissesse o que deveria ser feito? Alguém gostaria disso? Por que dentro do investimento social nós entramos na casa das pessoas e dizemos como elas devem se comportar? Para quem vive essa situação pode gerar certo desconforto”.
Ao falar sobre o Grupo Camargo Correa, Francisco Azevedo assegurou que as empresas do grupo são parceiras das comunidades. “Elas (empresas) colaboram com seu desenvolvimento (comunidade), porém respeitando e valorizando sua cultura, demandas e conhecimento”, garantiu.
Outros dois fatores de aprendizados levantados por Bühler e por Azevedo está, de um lado, a visão sistêmica – não apenas da realidade da qual se quer mudar, mas de todos os processos a serem implementados -, e no fortalecimento da gestão das organizações de base, como a Unas.
Para Bühler, eles devem enxergar que as variáveis estão direta ou indiretamente ligadas às suas ações. “Finalmente, assumam a propriedade e compromisso de seu próprio futuro”, ressaltou.
Sobre a RedEAmérica
Em setembro de 2002 um grupo de organizações empresariais latino americanas, que trabalham com desenvolvimento de base, decidiu potencializar seus esforços e com o apoio da Inter-American Foundation (IAF) criaram a RedEAmérica.
Em setembro de 2002 um grupo de organizações empresariais latino americanas, que trabalham com desenvolvimento de base, decidiu potencializar seus esforços e com o apoio da Inter-American Foundation (IAF) criaram a RedEAmérica.
Atualmente a RedEAmérica conta com 65 organizações empresariais, apoiadas por mais de 360 empresas em 11 países e sua missão é contribuir para a redução da pobreza através do desenvolvimento de base, fomentando processos participativos e inclusivos promovidos por fundações e organizações empresariais
Os membros da RedEAmérica tem acesso a diversas ferramentas úteis para melhorar o investimento social em desenvolvimento comunitário, além de poder participar de seminários internacionais e de formações sistemáticas e de qualidade para as equipes técnicas e da alta gestão.
Fazer parte desta rede propicia acesso a fundos de co-financiamento e o contato com experiências e profissionais de toda América Latina que atuam com o desenvolvimento de base, além dos intercâmbios entre as organizações.
A RedEAmérica é também um canal de interlocução do setor privado latino americano que investe em Desenvolvimento de Base com agências de desenvolvimento internacionais, como por exemplo, BID e Inter-American Foundation.
*Rodrigo Zavala é editor de Conteúdo do GIFE.
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