Instituições de Longa Permanência para Idosos: inovação no acolhimento
Por: Fundação FEAC| Notícias| 25/04/2022Funcionárias do Lar São Vicente de Paulo utilizando a plataforma da Gero360/Crédito: Lar São Vicente de Paulo
O emprego de tecnologia no serviço de atendimento à terceira idade já é realidade em vários hospitais e clínicas, agora é a vez das instituições de acolhimento ao idoso aderirem também. Cinco de seis Instituições de Longa Permanência (ILPI) da cidade de Campinas estão recebendo um novo sistema de gestão fornecido pela empresa Gero360 em parceria com a Fundação FEAC. A iniciativa pertence ao Projeto Implementando Inovação do Programa Acolhimento Afetivo da FEAC.
De acordo com Renato Franklin, líder do programa, o projeto busca aprimorar e padronizar os serviços da rotina de uma ILPI, como o preenchimento de prontuários, prescrições e atividades. Ele começou a ser elaborado em dezembro de 2021 e deve ser concluído em novembro de 2023.
As entidades que estão participando, Lar São Vicente de Paulo – Assistência Vicentina Frederico Ozanam de Campinas, Associação Franciscana de Assistência Social Coração de Maria – AFASCOM, Lar da Amizade Ilce da Cunha Henry, Lar dos Velhinhos de Campinas e Lar Evangélico Alice de Oliveira, receberam equipamentos financiados pela FEAC como notebooks, tablets, monitores e repetidores de sinal wi-fi para a execução do sistema.
O que são e o que fazem as Instituições de Longa Permanência para Idosos
Uma Instituição de Longa Permanência para Idosos é uma entidade onde são acolhidos idosos, acima de 60 anos, em situação de vulnerabilidade e que não possuem previsão de saída. Conforme o Estatuto do Idoso, a política de acolhimento é feita por meio da colaboração do órgão governamental local, neste caso a Prefeitura de Campinas, e as ILPI parceiras.
Nem sempre o idoso acolhido conta com o apoio da família. Alguns mantêm contato, recebem visitas e vão para eventos familiares. Porém outros tiveram o vínculo familiar rompido.
A atenção e os cuidados são responsabilidades da instituição, que oferece assistência 24 horas por dia. “Nós temos uma equipe de cuidadores para fazer atendimentos a idosos dependentes e fragilizados. E uma equipe técnica composta por coordenação técnica, assistente social, psicólogo, fisioterapeuta, musicoterapeuta, entre outros profissionais”, conta Gustavo Lopes Secco, coordenador do Lar São Vicente de Paulo, instituição responsável pela realização do projeto.
Para acompanhar a rotina dos idosos e armazenar as fichas técnicas, os funcionários utilizam planilhas e prontuários físicos. Mas o registro em diferentes formatos prejudica a união de informações e pode confundir cuidadores de turnos diferentes, o que despertou a necessidade de um sistema de integração de dados. A comunicação em um único meio permite o monitoramento do plano de cuidados de forma instantânea e a qualquer momento.
A inclusão de um sistema que evita a perda de informações e que pode ser acessado diariamente por cada funcionário, certificando o atendimento integral ao idoso, é a base do Projeto Implementando Inovação e um de seus principais benefícios.
A gestão da Gero360
A tecnologia da Gero360 é uma novidade entre as instituições parceiras da Prefeitura de Campinas. Ela foi criada pensando na gestão de uma ILPI e no acolhimento ao idoso, com ferramentas de avaliações e protocolos validados que facilitam a leitura de informações pelos cuidadores e equipe técnica.
O dia a dia de um residente dentro da instituição é bastante movimentado desde o momento em que acorda, faz as refeições, toma medicamentos até a participação em atendimentos e atividades externas. “Todos os dados, como quais medicamentos o idoso deve tomar em determinados horários, são registrados dentro da plataforma e podem ser acessados pelos profissionais. Então torna a gestão da ILPI mais simples”, explica Renato, da FEAC.
A plataforma contém a média de medicamentos por residente, aniversariantes do mês, e uma série de gráficos: os dez medicamentos mais utilizados; as dez doenças mais frequentes; os registros pendentes do dia; a quantidade de residentes ativos; e a distribuição de grau de dependência por gênero. Também é possível visualizar a distribuição, a capacidade e a taxa de ocupação dos quartos.
Uma das ferramentas que mais se destacou, segundo Gustavo, é a avaliação on-line do grau de dependência do idoso, conhecida como Teste de KATZ: Avaliação das Atividades Básicas de Vida Diária. Os residentes de uma instituição são identificados em três graus de dependência de acordo com a Resolução de Diretoria Colegiada – RDC nº 502. Para determinar o grau de dependência de cada um, a equipe realizava reuniões com base nas descrições fornecidas pela RDC: o grau I é dado ao idoso independente; o grau II é atribuído ao idoso com dependência em até três atividades de autocuidado para a vida diária; e por fim, o idoso de grau III é totalmente dependente ou com comprometimento cognitivo. Com a avaliação, composta por seis perguntas com três alternativas cada, a identificação se tornou mais autêntica.
Cada idoso possui um perfil com nome, foto e grau de dependência. São recursos que identificam o residente e ajudam cuidadores novos, por exemplo. Além disso, o perfil possui um prontuário de fácil acesso a todos os funcionários.
Recentemente, a plataforma recebeu uma atualização e passou a oferecer uma agenda coletiva para marcar as atividades do mês. Toda a equipe consegue ver quais são os eventos e os comunicados importantes do mês atual e do seguinte.
A visita de familiares e responsáveis também foi favorecida. Antes, era preciso confirmar com vários profissionais se a entrada da família ou do responsável estava ou não autorizada. Agora para verificar esta informação basta entrar no sistema.
Uma ILPI moderna
Como é o responsável pela execução do projeto, o Lar São Vicente de Paulo está sendo a primeira instituição a implementar o sistema. Por meio do projeto piloto, é possível entender quais são os acertos, os erros e os ajustes necessários para permitir a implementação da iniciativa em outras instituições.
A entidade já está usando grande parte das ferramentas oferecidas no sistema para fazer o registro de graus de dependência, uso de medicamentos e atividades de lazer, por exemplo.
Entre os problemas solucionados está a praticidade em supervisionar o plano de cuidados dos idosos. “Nós tínhamos muita dificuldade de acompanhar de perto o dia a dia dos idosos porque as anotações ficavam guardadas e dificilmente circulavam nas nossas mãos”, observa Gustavo.
Para Renato, da FEAC, a experiência adquirida beneficiará as outras instituições. “O Lar São Vicente ganha conhecimento com o que deu certo e corrige as falhas da implementação. Então, as outras instituições vão executar o projeto de forma aperfeiçoada”, planeja.
Por Pietra Bastos