Iniciativas fortalecem políticas públicas e o investimento social
Por: GIFE| Notícias| 30/05/2011Rodrigo Zavala*
O matemático e escritor inglês Lewis Carroll certa vez escreveu: “quando não se sabe aonde se quer chegar, qualquer caminho serve”. Quando se olha para o terceiro setor, não é incomum organizações e voluntários querendo fazer o bem, mas que batem cabeça na hora de realizar ações, pois não têm clareza sobre o terreno em que andam.
O primeiro exemplo – e o mais assertivo – foi lançado pelo Instituto Desiderata. Bebendo de diversas fontes de informação – administração pública e privada – a organização criou um sistema online de indicadores educacionais para acompanhar qualidade do ensino fundamental no Rio de Janeiro.
Entenda-se aqui que, para a criação do produto final, foram inseridos indicadores de rendimento (aprovação e reprovação), de situação dos alunos (abandono e distorção de idade) e de desempenho (Prova Brasil e Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb). Some-se a isso um levantamento da infra-estrutura por escola.
“O nosso objetivo é que ele seja usado pela gestão pública, em primeiro lugar, incluindo aí a própria escola, que pode se ver naquela região em que ela está inserida, no enfrentamento de suas questões. Tal como para o investidor privado, que pode refinar sua ação, sendo um farol”, afirma a diretora do Instituto Desiderata, Beatriz Azeredo.
Muito além de ser um farol para investimentos fluminenses, o que Beatriz mostra é um potencial investimento em outras regiões. Levar a mesma expertise não necessita de adaptação ou alinhamento cultural. Tratam-se de dados empíricos, que podem ser sistmatizados em diferentes locais, basta aplicar a metodologia desenvolvida pelo instituto.
Na lupa disponibilizada pelo instituto, por exemplo, é possível constatar quais as escolas que baixam o desempenho de determinado local. Por isso, esses números permitem desenvolver um plano de ação que leve em conta as desigualdades internas das regiões administrativas.
Infância e adolescência em SP
Enquanto no Rio de Janeiro o tema é Educação, em São Paulo é o atendimento e proteção a crianças e adolescentes. Na última semana, a Fundação Telefônica firmou parceria com a SEDS – Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social, de São Paulo, para integrar sistemas de informações para esse público.
Na prática, a expectativa é que as informações a respeito do público infanto-juvenil atendido por instituições públicas e privadas sejam ampliadas e atualizadas, para fornecer um painel completo dos serviços disponíveis de assistência social, saúde, educação e outras áreas, relativas ao seu desenvolvimento humano.
“Os dados consolidados são um rico insumo para secretarias de assistência social e Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente elaborarem diagnósticos e planos de ação”, afirma a gerente de Projetos da Fundação, Gabriella Bighetti.
Segundo ela, os investidores sociais privados que forem investir via Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente farão uma inversão mais estratégica na medida em que os conselhos tenham esses planos de ação definidos, a partir de um diagnóstico feito sobre uma base real de informações.
O Redeca foi concebido há três anos pela Fundação Telefônica em conjunto com oito municípios paulistas. Trata-se de um sistema desenvolvido em software livre que cria e gerencia um banco de dados, através do qual cada criança tem um registro único, com todo o atendimento que recebe. A carga inicial de informações do Redeca provem do Cadastro Único, do governo federal.
Ao ser implantado pelo município, o sistema passa a receber dados das entidades participantes de toda a rede de proteção aos direitos de crianças e adolescentes. Isso ocorre de forma independente, ou seja, sem qualquer interferência da Fundação Telefônica, que é apenas a promotora do sistema de informações e não gerencia as diversas redes municipais que forem sendo implantadas.
Bem-Estar
Outra iniciativa que tem rendido frutos é a realizada pela Rede Nossa São Paulo, que elaborou um conjunto de indicadores que reúnem também aspectos subjetivos sobre as condições de vida em São Paulo. Trata-se do IRBEM (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município), voltado para orientar ações de empresas, organizações, governos e toda a sociedade, considerando como foco principal o bem-estar das pessoas.
“”Se os índices sempre aumentarem assim, de décimos em décimos, ainda vai levar muito tempo para chegarem pelo menos à média de satisfação””, diz Márcia Cavallari, diretora do Ibope, que conduziu a pesquisa.
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