Parceria FEAC-Azul Linhas Aéreas amplia perspectiva profissional de jovens

Por: Fundação FEAC| Notícias| 29/08/2022
Via Conexão

Todos os mentores são colaboradores da Azul, parceira institucional do projeto. Crédito: Camila Mazin/Fundação FEAC

Imagine se, no início da carreira, você tivesse a chance de se conectar com um profissional mais experiente, ampliando suas perspectivas profissionais e rede de contatos. Essa é a proposta do Via Conexão, projeto da Fundação FEAC que finalizou neste mês de agosto a sua quarta edição, alcançando um número recorde de participantes: 84 duplas de mentores e mentorados.

O Via Conexão promove, por meio do processo de mentoria voluntária, a conexão de jovens em situação de vulnerabilidade social com profissionais de diversas áreas e diferentes experiências, contribuindo diretamente com a evolução nos níveis de autoconhecimento, o despertar de novas habilidades, protagonismo na construção do plano de vida, além da ampliação das perspectivas de empregabilidade.

Parceira institucional do projeto, a Azul Linhas Aéreas é uma empresa que fomenta a diversidade e inclusão na sua estratégia, o que contribuiu para ampliar a empregabilidade, uma consequência desta parceria. A empresa disponibilizou uma página exclusiva em seu site para os mentorados cadastrarem seus currículos e, até o momento, 14 jovens foram contratados – entre participantes desta edição e da anterior.

“É uma oportunidade para esses jovens que estão ingressando no mercado de trabalho. Eles iniciam nos cargos de entrada, que geralmente são de agente de aeroporto ou áreas administrativas, e têm possibilidades muito grandes de crescer na Azul”, explica Ivana de Carvalho Nascimento, coordenadora de responsabilidade social da Azul.

Para participar do Via Conexão, os mentorados são indicados por organizações da sociedade civil (OSC) de Campinas parceiras da FEAC. Muitos são jovens em situação de vulnerabilidade social, com ou sem deficiência. Já os mentores são colaboradores da Azul, como pilotos, comissários de bordo e agentes de aeroporto.

“Esse é um projeto muito inspirador, tanto para mentores como para mentorados, porque proporciona uma conexão de diferentes histórias de vida”, destaca Daniela Vieira, líder do Programa Cidadania Ativa, da FEAC.

Diversas organizações parceiras contribuíram durante o projeto, dando suporte e acompanhando os mentorados. Entre elas, a APASCAMP, Guardinha, Sorri Campinas, NAS (Núcleo de Ação Social), M.A.E. Maria Rosa, Cidade dos Meninos e Grupo Primavera.

Novos voos profissionais

Crédito: Camila Mazin/Fundação FEAC.

Guilherme dos Santos Reis é um dos mentorados que viveu uma transformação na vida profissional. “Quando eu comecei a mentoria eu estava parado e indeciso, eu não sabia o que eu queria fazer na minha vida”, conta o jovem de 19 anos. Ele conheceu o projeto por meio do Grupo Primavera, organização onde trabalhou como auxiliar financeiro.

A atual edição se iniciou em abril de 2022, 100% on-line, com encontros semanais de uma hora, em uma plataforma própria do projeto. Antes de iniciar a mentoria, os mentores passam por um treinamento, no qual recebem os materiais que são trabalhados em cada encontro.

O primeiro encontro, por exemplo, é o “quebra-gelo”, quando as duplas se conhecem. Durante todo o processo, os mentores recebem suporte técnico para a condução das sessões.

“O meu mentor é da área de TI [tecnologia da informação] da Azul, ele me recomendou livros e me deu bastante conselhos”, conta Guilherme. Durante os encontros, as conversas variaram desde a definição de metas profissionais e planos de ação, até discussão de temas da atualidade, como economia.

A ambição de Guilherme é chegar a um cargo de liderança na área de finanças. Durante o Via Conexão, ele traçou o plano de cursar Gestão Financeira e, logo no primeiro mês do projeto, já iniciou a faculdade.

E as novidades não param por aí: seguindo a recomendação do mentor, Guilherme cadastrou o seu currículo na Azul e foi chamado para o processo seletivo. No mesmo dia da entrevista, foi admitido como agente de aeroporto. “Nunca tinha pensado em trabalhar em aeroporto. Deu ansiedade e uma felicidade enorme por essa oportunidade. Já penso em crescer lá dentro.”

Guilherme conta que auxilia os passageiros durante o check-in, no embarque e desembarque e no despacho de bagagens. Novas possibilidades surgem no horizonte do jovem. “Agora, tenho incerteza entre a área administrativa financeira ou, quem sabe, ser comissário de bordo. Eu andei pensando nessa possibilidade, porque estou gostando bastante de trabalhar com o público.”

Diversidade e inclusão

Do outro lado, estão os mentores com vasta experiência na rotina de aeroportos. É o caso de Lea Pires de Amorim Silva, 41 anos, agente de aeroportos. Ela foi mentora de Jovanny, de 15 anos, com deficiência auditiva. Todos os encontros contaram com a participação de uma intérprete de Libras.

Durante o projeto, outra adolescente se juntou a eles: Rayane, de 16 anos, também com deficiência auditiva. A sua mentora não pôde prosseguir, então, especificamente nesse caso, formou-se um trio – ou um quarteto, contando com a intérprete.

Lea conta que pensou que a comunicação seria o único desafio a se superar. “Mas não é só a língua. Trabalhar com pessoas diferentes envolve muitos outros fatores. O desafio, na verdade, foi conciliar as particularidades de cada um, como o ritmo de aprendizado”, avalia.

Crédito: Camila Mazin/Fundação FEAC.

A mentora aproveitou para estimular as potencialidades dos adolescentes. “Eu não estou ali para enfatizar uma dificuldade. Pelo contrário, eu estou ali para mostrar que eles são capazes, porque todos nós temos limitações”, diz.

Diversidade e inclusão é uma discussão essencial no Via Conexão. Desde a edição passada, todos os mentores assistem a uma palestra sobre o tema antes de iniciarem as mentorias, ministrada pela Sorri Campinas.

“Nas primeiras edições, percebemos que os mentores têm muita facilidade para conduzir os conteúdos das sessões. A dificuldade era a capacidade de efetivamente acolherem e incluírem os mentorados, especialmente aqueles com deficiência”, explica João Paulo Campos, cofundador do PontoSocial, parceiro responsável pela metodologia do projeto.

João analisa que, agora, os mentores estão mais preparados para lidar com a diversidade. No caso da mentora Lea, ela conta que também aprendeu com a experiência. “Eu mesma tinha uma visão de superproteção, e isso pode bloquear o desenvolvimento deles”, analisa.

Em um dos encontros, Lea teve a ideia de trazer uma tripulante com deficiência auditiva que trabalha na Azul para conversar com os jovens. “Na cabeça da minha mentorada, isso era impossível, ela achava que não teria nenhum deficiente auditivo na aviação.”

Lea conta que, inclusive, a jovem é assertiva e já decidiu que quer ser comissária de bordo. A mentora pediu como tarefa que a jovem pesquisasse sobre diversos cargos possíveis no aeroporto: o que faz um comissário? E um agente de aeroporto?

“Num primeiro momento, eles chegam deslumbrados com a aviação, mas não é só isso. Eu quero que eles vejam que não têm limites, que eles podem conseguir, independente se é aviação mesmo”, encoraja Lea.

Encerramento ao vivo

Crédito: Camila Mazin/Fundação FEAC.

Durante quatro meses, o Via Conexão decorreu com mentores e mentorados interagindo apenas por meio das telas. No encerramento da edição, dia 12 de agosto, os participantes tiveram a oportunidade de se conhecerem ao vivo, no Hangar da Azul, em Campinas.

Representantes da FEAC, Azul e PontoSocial também estiveram presentes e conduziram o evento. Entre os dados de impacto apresentados, foi avaliado que 96% dos mentorados acharam que a mentoria contribuiu com seu desenvolvimento.

“Esses jovens [contratados pela Azul] vêm fortalecer a nossa cultura. Eu já estava ali pedindo para ampliar o projeto e trazer ainda mais empregabilidade. Para nós, é uma relação de múltiplos ganhos, é um elo que transforma todo mundo”, comemorou Camila Almeida, diretora de pessoas e sustentabilidade da Azul, durante o evento.

A mentora Lea também esteve presente e finalmente abraçou seus mentorados. “O evento, além de organizado, foi muito emocionante. Eu não tinha noção do quão emocionante seria!”

Por Laíza Castanhari

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