Pesquisa mostra relação das organizações brasileiras com as Tecnologias de Informação e Comunicação durante a pandemia

Por: GIFE| Notícias| 05/06/2023
tecnologias

A exclusão digital está longe de ser superada por organizações  – é o que revela a Pesquisa sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nas organizações sem fins lucrativos brasileiras 2022. O estudo é realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) e lançado em abril deste ano. Em sua quarta edição, a pesquisa foi elaborada entre os meses de fevereiro e julho de 2022, em um contexto marcado pelos efeitos da pandemia de Covid-19 e pela retomada das atividades presenciais.

Os resultados do estudo mostram mudanças relacionadas ao acesso, usos e apropriação das tecnologias nas organizações influenciadas pelo contexto da pandemia, bem como os desafios de acesso e de uso que ainda persistem. 

Uma dessas organizações é o Instituto da Mulher Negra do Piauí – Ayabás. A pandemia chegou nas vésperas do início de um projeto de formação política do grupo, que seria presencial. Foi quando se depararam com a necessidade de dar início à uma transição digital, que envolvia aprender a lidar com ferramentas e plataformas de conferências remotas, entre outros elementos. 

“Não tínhamos a habilidade de lidar com essas tecnologias. Não foi de um dia para o outro, contamos com ajuda de outras mulheres que já tinham experiências com miniconferências e formações online”, explica Halda Regina, mestra em Educação e integrante do Instituto. 

Apesar das dificuldades, todas as formações idealizadas pelo projeto foram realizadas online. E além da proposta inicial de formações voltadas para planejamento de comunicação, incidência política, captação de recursos e fortalecimento institucional, as integrantes do Instituto também aprenderam a lidar com as TICs. O principal obstáculo foi algo básico e fundamental: o próprio acesso à internet.

De acordo com o levantamento do Cetic.br, avanços relacionados à infraestrutura ocorreram, mas ainda há desafios para uma conectividade mais significativa. Outras dificuldades incluíram falta de dispositivos adequados ao acesso à Internet e falta de habilidades digitais das equipes.

“Nossas formações não alcançaram mais mulheres, da periferia, rurais, de comunidades quilombolas, por conta do acesso a um celular que funcionasse bem ou à própria internet. Entre as que conseguiam acessar, uma ia ajudando a outra”, conta. 

A piauiense lembra que quando o Instituto escreveu o projeto que visava buscar recursos para dar as formações, não foi orçado pagamento de plano de internet. “Às vezes iniciávamos um curso com 30 mulheres, e terminava com 20 porque a internet estava ruim.”

O período pandêmico de fato impactou a relação das organizações com as TIC. Em relação à captação de recursos pela Internet, os números do Cetic.br mostram que 22% das organizações receberam doações pela Internet em 2022, um aumento substancial em relação a 2016. Houve também um aumento na presença das organizações em redes sociais. Em contrapartida, a maioria delas relatou que havia poucos recursos financeiros para investimento na área de tecnologia.

“A pandemia não foi boa, mas entender das tecnologias foi muito bom. Porque a gente se utiliza delas hoje para enviar vídeos, gravar lives, elaborar cards e até fazer denúncias. Hoje temos mais habilidade com ferramentas de vídeo, fotografia e design”, ressalta Halda Regina. Entre os equipamentos do Instituto Ayabás, estão câmera fotográfica, celulares “com qualidade razoável” e notebooks.   

A pesquisa abordou ainda questões sobre a adaptação à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) nessas organizações, e aponta que esse processo ainda é um desafio para as organizações. Apenas 27% delas afirmaram que ofereceram treinamento interno sobre privacidade e proteção de dados às pessoas remuneradas ou voluntárias nos 12 meses anteriores à pesquisa.

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