Umane é nova parceira das Coortes de Pelotas, da UFPel, estudo que há quatro gerações é referência mundial e investiga saúde materno infantil e doenças crônicas

Por: Umane| Notícias| 04/09/2023
  • Estudo já gerou recomendações globais de saúde materno infantil
  • Pesquisa também mapeia possíveis fatores de risco que desencadeiam doenças como câncer, diabetes, hipertensão e asma do nascimento aos 30 anos de idade
  • Na etapa atual, a coorte de aproximadamente cinco mil pessoas nascidas na cidade em 1993 realiza novo ciclo de exames clínicos e coleta de dados dos participantes
  • Pioneira no estudo de desigualdades em saúde pública 
  • A iniciativa, pioneira em sua abrangência e profundidade, é financiada pela Umane e tem o apoio da Associação Brasileira de Saúde Coletiva

Em visita ao Centro de Pesquisas em Saúde Dr. Amilcar Gigante – Erik Cavalcante, membro do Comitê de Filantropia da Umane, Rogério Rabelo, membro do Conselho de Administração e Comitê de Filantropia da Umane, Thais Junqueira, Superintendente Geral da Umane, William Edward Bennett, Presidente do Conselho de Administração da Umane, Fernando César Wehrmeister, professor da UFPel e coordenador geral da pesquisa, Evelyn Santos, Gerente de Parcerias e Novos Projetos da Umane, Carolina Lee, Analista de Projetos e Planejamento da Umane, e Erika Lopes, Especialista em Monitoramento e Avaliação da Umane. Crédito: Paulo Rossi

São Paulo, agosto de 2023  – A Umane, associação isenta e sem fins lucrativos que apoia iniciativas no âmbito da saúde pública, é a nova parceira da Universidade Federal de Pelotas e financia a próxima etapa de um estudo que é referência mundial na investigação  dos fatores que desencadeiam doenças crônicas não transmissíveis nas pessoas – do nascimento aos trinta anos de idade. A pesquisa tem por base os dados de um dos maiores programas de acompanhamento populacional do Brasil, que abrange cerca de 20 mil pessoas de quatro gerações nascidas na cidade de Pelotas (RS), nos anos de 1982, 1993, 2004 e 2015 (coortes). A iniciativa, pioneira em sua abrangência e profundidade, além de financiada pela Umane,  tem o apoio da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, além de diversos outros apoiadores nacionais e internacionais, durante os mais de 40 anos de pesquisa.

Na etapa atual do programa, a coorte de aproximadamente cinco mil pessoas nascidas na cidade de Pelotas em 1993 está completando trinta anos e realiza um novo ciclo de exames clínicos e coleta de dados dos participantes. O estudo longitudinal vai analisar como condições socioeconômicas e ambientais vivenciadas em estágios anteriores e atuais da vida podem servir de gatilho para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. Serão estudados fatores associados a diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, problemas respiratórios (como asma e bronquite), alergias, transtornos mentais, além dos riscos associados à inatividade física, obesidade, consumo excessivo de álcool, uso de drogas ilícitas e tabagismo. O trabalho é liderado por cientistas do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel.

“Entender todos os fatores de risco, incluindo aqueles ligados aos primeiros anos de vida, é o passo fundamental para ações de prevenção, diagnóstico precoce e controle das doenças crônicas”, destaca o epidemiologista e coordenador do estudo, Fernando Wehrmeister.

Os pesquisadores explicam que essa metodologia, que coleta informações ao longo da vida dos participantes, é a ideal  para abordar as origens complexas das doenças crônicas e descobrir estratégias de prevenção baseadas em evidências. Os resultados obtidos pelo estudo serão essenciais para se planejar medidas mais efetivas de enfrentamento das doenças crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

“No enfrentamento das condições crônicas no âmbito da saúde pública, é necessária uma estratégia de longo prazo, intersetorial e baseada em evidências. O histórico das Coortes de Pelotas em contribuir com as diretrizes para as políticas públicas de saúde de modo tão assertivo é exemplar e uma referência no mundo todo. Para a Umane, é muito gratificante fazer parte desta iniciativa: estar entre um grupo excepcional, curioso e altamente produtivo como o do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel é fonte de inspiração e aprendizado para nós. Esperamos que os achados futuros e os desdobramentos do trabalho das últimas décadas sigam influenciando as diretrizes e recomendações de saúde”, destaca Thais Junqueira, superintendente geral da instituição.

Estudo de coorte de Pelotas já trouxe evidências sobre comportamento dos jovens e piora na saúde mental da população

Com uma prevalência alarmante de doenças crônicas entre a população jovem, a última coleta de dados do estudo aponta que quatro em cada dez participantes, aos 22 anos, apresentavam duas ou mais doenças crônicas simultâneas. Para se ter uma ideia, a prevalência de multimorbidade na coorte, aos 22 anos, se assemelha à observada, em média, após os 55 anos nas populações de países desenvolvidos.

“O que mais nos chamou a atenção foi o aumento na proporção de jovens com hipertensão e a alta prevalência de transtornos mentais”, comenta Wehrmeister. Em relação à saúde mental, um em cada cinco jovens sofriam com um ou mais transtornos mentais. Nesse grupo,  63% apresentavam um tipo de transtorno, 23% tinham dois tipos e 14%, três tipos. A ansiedade generalizada responde pela maior proporção de casos – 10%, seguida dos transtornos de déficit de atenção e hiperatividade (4,5%) e depressão (3%), aos 22 anos.

Confrontada com 56,2% da população brasileira a partir dos 18 anos  diagnosticada com pelo menos uma doença crônica em 2019 (dados do IBGE), a pesquisa se torna extremamente relevante  no enfrentamento das doenças crônicas no Brasil.

As estatísticas desenham um desafio crescente para a gestão da saúde pública no país, onde as doenças crônicas estão aparecendo em idades cada vez mais precoces. “Precisamos entender urgentemente como as doenças crônicas e seus fatores de risco estão permeando nosso tecido social. Nossa pesquisa vai além de um marco nos estudos epidemiológicos no Brasil, alinha-se com a necessidade urgente de desenvolver soluções inovadoras de prevenção e  esforço  intersetorial.  No final das contas, não é apenas o nosso sistema de saúde que está em jogo, mas a saúde e o bem-estar de gerações inteiras de brasileiros”, conclui Wehrmeister.

Como funciona a pesquisa

Aos trinta anos, os participantes estão sendo avaliados por meio de uma série de questionários online e exames, realizados no Centro de Pesquisas em Saúde Dr. Amilcar Gigante. 

O levantamento inclui informações detalhadas sobre padrões alimentares, prática de atividade física, tempo e qualidade do sono, comportamento sedentário, consumo abusivo de álcool, tabagismo e uso de drogas ilícitas, trabalho, renda e escolaridade, exposição a estresse e violência, ocorrência de doenças e uso de medicamentos, uso de serviços de saúde, sexualidade e história reprodutiva, composição familiar, além de testes cognitivos e questionários de saúde mental.

Os exames clínicos abrangem avaliação da composição corporal, com uso de exames sofisticados para medidas de massa magra, massa gorda e densidade óssea, coleta de sangue e urina, ultrassom de carótidas, exame da função pulmonar por espirometria, avaliação da força com uso de dinamômetro manual, e aplicação de acelerômetro ao pulso do participante– um dispositivo equipado com sensores para registrar o nível de atividade física diária por um período de seis dias. 


Sobre a Umane
A Umane é uma associação isenta e sem fins lucrativos que apoia iniciativas no âmbito da saúde pública com o objetivo de contribuir com um sistema de saúde mais resolutivo e de melhorar a qualidade de vida da população brasileira. Em 2022, a Umane apoiou 17 projetos, realizados de forma colaborativa com 53 parceiros, entre diversos setores da saúde, da sociedade civil e do poder público.

A Umane dirige seu apoio para três linhas programáticas: a Atenção Integral às Condições Crônicas, com iniciativas de controle dos fatores de risco, rastreamento, ampliação do acesso à saúde e ao monitoramento dos fatores de risco na Atenção Primária à Saúde; o Fortalecimento da Atenção Primária à Saúde por meio do apoio a iniciativas que visem melhorias operacionais, de produtividade de equipes, de integração de serviços e da incorporação de novas tecnologias ao sistema de saúde e a Saúde Materno Infantil e Juvenil, financiando programas que acompanhem e monitorem desfechos desfavoráveis durante a gestação e as condições de saúde de crianças e adolescentes no contexto das Doenças Crônicas Não Transmissíveis e dos fatores de risco.

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Sobre o Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel
O Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel é uma instituição de referência internacional em estudos populacionais nas áreas de saúde materno-infantil, ciclo vital, desigualdades em saúde e a avaliação de programas de saúde. Ligado ao Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da UFPel, o centro é formado por um grupo de excelência em pesquisa que se dedica especialmente à investigação da influência que fatores presentes em cada fase do ciclo da vida mantêm sobre a saúde das pessoas, com manifestação de efeitos imediatos, e a curto, médio e longo prazos. Algumas de suas principais contribuições incluem a criação das curvas de crescimento infantil da Organização Mundial da Saúde (OMS) e a condução do estudo que deu origem à política de aleitamento materno exclusivo do recém-nascido até os seis meses de idade – ambos adotados hoje em mais de 140 países. Através de rigorosos estudos epidemiológicos, coleta de dados confiáveis e análises estatísticas avançadas, o centro oferece conhecimento científico para a tomada de decisões informadas em saúde, com o compromisso de enfrentar os desafios de saúde mais prementes de nossa época.

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