Relatório “Silenciando o Mensageiro”, produzido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), aponta que as mulheres jornalistas, cis ou trans, são as que mais receberam ataques explícitos de gênero

Em 2023, foram registrados 40 casos de violência contra mulheres jornalistas, cis ou trans, e ataques explícitos de gênero contra pessoas comunicadoras. O número representa 36,6% dos ataques de 2023. O dado é do relatório “Silenciando o mensageiro”, terceira edição do monitoramento de violência contra jornalistas publicado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). 

O monitoramento considera situações de violência aquelas em que identidade de gênero, sexualidade, orientação sexual ou qualquer outro ponto tangente são utilizados para machucar, ofender, descredibilizar ou constranger.

As mulheres foram as principais vítimas dos ataques explícitos de gênero em 2023 – assim como em 2021 e 2022. Dos 18 casos registrados, 66,7% tiveram como alvos mulheres cisgênero, 16,7% vitimaram mulheres transgênero, 5,5% atingiram mulheres travestis, 5,5% homens cisgênero e 5,5% tiveram como vítima pessoas não binárias.

Os comentários machistas e/ou misóginos foram o tipo de agressão mais frequente, surgindo em 27,8% dos 18 casos de violência de gênero. Também se destacam os comentários transfóbicos (16,7%) e os atos transfóbicos (11,1%).

Na subcategoria “Violência digital diferenciada” (11,1%) estão reunidos episódios em que ferramentas digitais e recursos do ambiente on-line foram usados para intimidar, ameaçar, ofender e humilhar jornalistas.

Casos de “Violência laboral” (5,5%) envolveram agressões dentro do espaço de trabalho. Casos de “Violência sexual” somaram 5,5%. A subcategoria de “Questionamento de capacidades” (5,5%) trata de episódios nos quais mulheres jornalistas e profissionais LGBTQIA+ tiveram suas competências contestadas no exercício da profissão.