Opinião- Desafios da gestão de pessoas em ONGs

Por: GIFE| Notícias| 19/08/2013

Mônica Bose*

As organizações sem fins lucrativos têm passado por significativas mudanças gerenciais e estratégicas na última década e, de forma mais acentuada, nos últimos anos. Preocupadas em garantir mais eficiência no uso de recursos e mais qualidade no conjunto de ações, estas organizações têm buscado tornar sua gestão mais profissional e eficaz. Embora seja um contexto favorável para o amadurecimento e para a sustentabilidade destas entidades, ele vem acompanhado por inúmeros dilemas que se colocam diariamente para seus gestores. E, dentre eles, a gestão de pessoas assume singular importância.

O capital humano é o recurso mais precioso de uma organização sem fins lucrativos. Sem ele nada acontece. Mas na prática observamos que os gestores de ONGs têm enfrentado grandes desafios para gerenciar pessoas de forma eficaz. Como consequência, tem sido crescente a frequência com que as organizações se deparam com a perda de pessoas talentosas, com a falta de recursos para capacitar e motivar suas equipes, com dificuldade para buscar e atrair profissionais qualificados. Muitas vezes as pessoas tornam-se desmotivadas e descomprometidas, e o desempenho fica abaixo do que seria esperado. Isso é muito preocupante porque provavelmente terá reflexos na qualidade das atividades que a organização realiza, comprometendo os resultados obtidos.

No contato que tenho tido com empreendedores sociais, gestores e coordenadores de organizações sem fins lucrativos, é recorrente a constatação de que estes líderes desconhecem conceitos e práticas que podem ser aplicados no dia-a-dia para tornar a gestão de pessoas mais eficaz em suas organizações. O mito de que gerenciar pessoas implica na adoção de práticas complexas e caras acaba por inibir a busca de soluções. Mas aperfeiçoamentos podem e devem ser realizados. E muitas vezes pequenas melhorias resultam em significativos impactos na motivação e no desenvolvimento dos profissionais.

Estas melhorias podem ser orientadas pelas seguintes ações:

• Definir e dizer às pessoas o que deve ser feito e quais são suas responsabilidades;
• Avaliar criteriosamente o desempenho e estimular o desenvolvimento de competências dos profissionais;
• Reconhecer e remunerar profissionais por meio de práticas e políticas de cargos e salários justas e transparentes;
• Buscar, identificar e contratar talentos que agreguem valor à organização;
• Construir relações de respeito e de confiança com as pessoas, assegurando boas práticas de comunicação, liderança e participação.

Quando cada um destes temas em gestão de pessoas é bem cuidado, o conjunto de resultados potencializa benefícios para todos. Os profissionais sentem-se valorizados e motivados. Os gestores deixam de lidar com problemas recorrentes e têm mais tempo para pensar e agir estrategicamente. Por consequência, o valor agregado para público-alvo ou para a causa da organização é significativamente ampliado.


Monica Bose é doutora em administração pela FEA/USP, pesquisadora, docente e consultora em gestão organizacional. É consultora do GIFE no curso Gestão de Pessoas, que acontece nos dias 10 e 11 de setembro. Saiba mais.

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do GIFE ou de seus associados. Sua veiculação nos canais de comunicação do GIFE tem como objetivo estimular o diálogo sobre os desafios e oportunidades para o campo social, tal como refletir sobre as tendências do setor.

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