Plano de Manejo da Floresta Nacional do Amapá é aprovado com apoio do Instituto Walmart

Por: GIFE| Notícias| 03/02/2014

A partir de um intenso trabalho que vem sendo realizado desde 2008 pelo Instituto Walmart, Conservação Internacional (CI-Brasil) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), acaba de ser aprovado o Plano de Manejo da Floresta Nacional (Flona) do Amapá, criada em 1989 como a primeira Unidade de Conservação (UC) de Uso Sustentável do estado.

Com mais de 412 mil hectares de floresta tropical, a Flona ocupa um importante espaço dentro dos quase 11 milhões de hectares do Corredor da Biodiversidade do Amapá, que integra o Escudo das Guianas, o maior conjunto de áreas protegidas de florestas tropicais do mundo.

O plano permitirá integrar as ações de conservação da biodiversidade com processos estruturados em prol do desenvolvimento econômico sustentável da região. Esse trabalho vai possibilitar o desenvolvimento de cadeias produtivas sustentáveis, incentivando a organização produtiva dos recursos naturais de uso múltiplo (extrativistas e não madeireiros) e a inserção desses produtos no mercado justo.

A aprovação do documento é um dos resultados do “Programa de Apoio à Implementação da Flona do Amapá”, realizado pelos diversos parceiros locais. “O nosso objetivo é fazer da Flona Amapá um modelo de gestão territorial e uso sustentável dos recursos naturais na Amazônia brasileira, por meio da integração, participação da comunidade e conservação da floresta. O Instituto Walmart tem a questão do desenvolvimento local como uma de suas plataformas de atuação e, desenvolvê-la em terras amazônicas, vem agregar aos propósitos internacionais da empresa”, destaca Paulo Mindlin, diretor do Instituto.

Paulo destaca ainda o processo de elaboração do plano, realizado de forma participativa com conselheiros da Unidade, equipe técnica, pesquisadores, moradores e órgãos governamentais. “Nessa parceria, governo, iniciativa privada e sociedade civil organizada usam de seus diferentes valores e instrumentos para contribuir com o desenvolvimento do território. Pelo Instituto Walmart, além do recurso financeiro, nossa contribuição se dá por meio do apoio em gestão de programas. A experiência que já tínhamos em outros territórios, como a Bomba do Hemetério, no Recife, foi essencial para definirmos as estratégias de mobilizar e capacitar os moradores e outros atores locais para que sejam protagonistas na construção do plano de manejo e na sua viabilidade”, complementa o diretor.

As atividades na Flona são desenvolvidas com o suporte da Base de Apoio à Gestão, reformada e equipada com apoio do programa. A base dá condições para a permanência da equipe gestora na floresta, fundamental para o relacionamento com a comunidade. O programa também possui um Conselho Consultivo Gestor, formado por representantes de diversos setores – prefeituras locais, Polícia Federal, empresas, ONGs e comunidade, que têm a responsabilidade de elaborar e monitorar os planos para a exploração sustentável dos recursos existentes na Floresta Nacional.

Nestes cinco anos de Programa, diversas ações já foram realizadas localmente. De acordo com o diretor do Instituto Walmart, entre os principais resultados está a organização comunitária dos moradores da região por meio da criação da Associação Bom Sucesso, o que permitirá aos associados estabelecer novas parcerias, discutir planos de negócio para a região e até captar recursos via outros financiadores.

Além disso, foram promovidas uma série de capacitações para a comunidade para a manipulação de produtos oriundos da floresta, o que tem gerado fonte alternativa de renda. Estão sendo produzidas peças artesanais a partir do cipó-titica (espécie característica da região) e a produção do açaí, até então utilizado apenas para consumo próprio, ganha o mercado com a inserção de novas técnicas de produção e colheita ensinadas à comunidade.

Outra produção incentivada na Flona é a do mel. Foram instaladas diversas colmeias nas propriedades de famílias locais, que receberam capacitações para fazer o manejo adequado. A atividade tem impacto direto em outros cultivos, tendo em vista que as abelhas são ótimas polinizadoras, inclusive do açaí.

Na Flona, as diversas parcerias estabelecidas com as universidades geram também atividades locais. A Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), por exemplo, desenvolveu um programa de educação ambiental junto às escolas de dois municípios: Porto Grande e Serra do Navio. Nesta iniciativa, professores e alunos foram sensibilizados para perceber as Unidades de Conservação como fatores de desenvolvimento e não de impedimento para a população local. Nesse sentido também foram realizadas oficinas de comunicação com jovens dessas mesmas cidades.

A mesma universidade desenvolveu ainda um projeto de pesquisa sobre ariranha e tracajá da Amazônia, envolvendo a catalogação das espécieis e o desenvolvimento de atividades de integração e divulgação do conhecimento sobre as duas espécies com a comunidade. O projeto capacitou seis monitores de pesquisa moradores da própria Flona.

Atualmente, há um trabalho sendo realizado pelo curso de Engenharia de Pesca da Universidade do Estado do Amapá (Ueap), que visa criar um plano de pesca sustentável para a região. Uma oportunidade de renda, sem geração de grandes impactos para o ambiente.

Já foram oferecidas ainda oficinas sobre legislação pesqueira para 26 integrantes da Colônia de Pesca do município de Porto Grande (AP) e 21 guarda-parques foram capacitados em serviços ambientais.

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