Evento discute mercado de trabalho e equidade de gêneros no Brasil

Por: GIFE| Notícias| 17/11/2014

Aconteceu, no último dia 10, o 3º Encontro Liderança Feminina, uma iniciativa da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), em parceria com o Instituto Arapyaú, Natura, Hudson Institute e o própio GIFE. Em pauta, diversas lideranças femininas discutiram “”qual é o próximo passo que posso dar para ocupar o lugar que quero?””

O evento começou com Angela Dannemann, vice-presidente do conselho do GIFE, e Lilian Guimarães, diretora da ABRH, dando as boas-vindas aos participantes. As gestoras falaram sobre o desafio de falar dos direitos femininos em um mundo cheio de injustiças e das oportunidades para fortalecer as carreiras das mulheres.

A programação contou com quatro debatedoras que contaram suas histórias de vida e deram um contexto sobre seus papéis de liderança. Pamela Mclean, do Hudson Institute, coach especializada no tema da liderança da mulher, chamou a atenção, durante sua apresentaçnao, para as dificuldades da liderança feminina no mercado de trabalho.

A executiva simulou um trabalho de coaching com uma a jovem profissional, Mariana, coordenadora no Itaú Unibanco, com uma carreira marcada por conquistas – ela começou sua trajetória como aprendiz e hoje lidera uma equipe de 10 pessoas e lida com demandas de mais de 400 mil caixas eletrônicos de todo o Brasil.

O evento contou ainda com a presença de Cristiane Pedote, profissional do mercado financeiro e ativista no cenário de investimento social e promoção da igualdade de gênero na sociedade, e Elen Linth, cineasta e empreendedora social com trabalho artístico focado nas relações de gênero.

Julia Pereira, gerente da área de Lideranças do Instituto Instituto Arapyaú de Educação e Desenvolvimento Sustentável, explica que algumas questões essenciais ainda têm que ser resolvidas quando falamos na construção de uma sociedade sustentável e justa. Dentre elas, é preciso garantirmos sistemas e relações que atendam às necessidades e possibilitem a expressão de cada um dos grupos que compõe a diversidade de quem somos como espécie, ou seja a diversidade humana, que inclui diferenças de sexo, de raça ou de ideologias, por exemplo.

As qualidades e características do feminino em muitos âmbitos da sociedade continuam constritas e os resultados e conquistas até agora demonstram que ainda há um longo caminho a se percorrer. Este caminho começa em nós mesmas e não no outro, como se costuma acreditar. É essencial que nós mulheres assumamos uma postura interna diferente, bem como uma postura com as outras mulheres, dentro daquilo que se quer conquistar. Nossas lideranças femininas possuem um papel muito importante, pois abrem caminhos e firmam modelos a serem seguidos.”

Julia destacou a presença de mulheres com experiências muito distintas, o que contribuiu para um tema de interesse de todas. Também lembrou a qualidade do conteúdo, a participação trazida pela plateia e a diversidade das instituições realizadoras e apoiadoras. “O evento foi bem provocativo, houve temas em que seguramente poderíamos nos estender. Ficou um gostinho de quero mais.”

Fernanda Furno, gerente do operações do GIFE também comenta a importância de promover iniciativas nesse sentido. “Dentro da temática de Gênero, o GIFE busca criar e fortalecer sinergias entre as atuações dos associados da nossa rede. Consideramos fundamental apoiar e realizar ações e eventos sobre o tema para contribuir com reflexões e promover a equidade e os direitos das mulheres.

Cenário brasileiro em transformação

Discutir garantia de direitos e equidade de gêneros no Brasil ainda se faz muito necessário. O cenário – considerando especialmente posições no mercado de trabalho e remuneração – ainda não é justo com as mulheres. Apesar de uma série de ações afirmativas adotadas por empresas, governos e organizações sociais, a fotografia mostra que elas ainda têm que enfrentar muitos obstáculos para alcançar as mesmas conquistas que os homens.

As justificativas são diversa, têm raízes em um passado de extrema vulnerabilidade de direitos, mas vem mudando muito ultimamente. Para entender essa transformação é preciso olhar para alguns dados.

Elas estudam mais…

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2014), em todos os resultados de nível de educação, as mulheres estão em posição melhor que os homens. Além de terem menor taxa de analfabetismo, de 9,1% contra 9,8% dos homens, no ensino médio as mulheres estão mais presentes na idade escolar certa, de 15 a 17 anos, com 52,2% de frequência, contra 42,4% dos homens.

Outro indicador que aponta maior escolarização feminina é a taxa de abandono escolar precoce, que contabiliza os jovens de 18 a 24 anos que não concluíram o ensino médio. Esse percentual é de 31,9% entre as mulheres e 41,1% para os homens.

No Brasil, as mulheres também estudam por mais tempo que os homens. De acordo com o IBGE, 12,5% das mulheres com 25 anos ou mais tinham completado o ensino superior. Entre os homens, o percentual era de 9,9%. Entre as jovens de 18 a 24 anos, 15,1% frequentava um curso de graduação frente a 11,4% dos homens na mesma idade.

… mas ganham menos no mercado de trabalho

De acordo com dados de 2014 do próprio IBGE, a participação das mulheres no grupo de pessoas ocupadas nas 5,2 milhões de empresas e outras organizações formais ativas no país registrou alta de 3,2% em monitoramento do período entre 2011 e 2012.

E, pela primeira vez, a participação feminina entre o contigente de pessoas ocupadas assalariadas foi maior do que a masculina: enquanto os homens representam 41,5%, as mulheres compõem 58,5% da amostra. Contudo, quando o assunto é salário, elas ainda estão em desvantagem. Os dados mostram que a remuneração média no período para homens foi de R$ 2.126,67 e para elas de R$ 1.697,30.

Liderança feminina

Apesar de todas as desvantagens, elas estão virando jogo. Em 2013, as mulheres em posição de liderança em empresas brasileiras representavam 33% das posições de trabalho e, em 2012, apenas 26%. Os dados são da pesquisa International Business Report 2014, que há 19 anos analisa 12,5 mil empresas em 45 países.

Contudo, apesar do cenário em transformação, a resistência ainda é grande em boa parte dos empregadores. A mesma pesquisa aponta que, em 47% das empresas brasileiras não há mulheres em cargos de liderança. Mais um dado que mostra a importância de se discutir o tema “trabalho e equidade de gêneros”.

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