Conheça a Universidade Comunitária da Zona Oeste

Por: GIFE| Notícias| 12/01/2015

Graciela Hopstein apresenta a Universidade Comunitária da Zona Oeste com o entusiasmo de uma ativista que acredita no poder da reflexão compartilhada. Criada pelo Instituto Rio, a primeira fundação comunitária do Brasil, este talvez seja um dos poucos exemplos de uma universidade instituída por uma fundação comunitária local. Mas essa universidade é diferente. Sua ênfase não está na infraestrutura física ou na educação de elite. Seu objetivo, ao contrário, é oferecer um espaço público aberto e democrático para a produção e o compartilhamento do conhecimento.

Seguindo a linha do famoso educador brasileiro Paulo Freire, os ativistas comunitários realizam a coprodução e o intercâmbio de conhecimento, ao mesmo tempo que usufruem das oficinas, seminários, conferências, capacitações e debates contínuos que acontecem na universidade comunitária. Há também um foco na criação de parcerias com diversas instituições do poder público, da sociedade civil e da iniciativa privada. O que torna essa iniciativa especial é o fato de a Zona Oeste do Rio de Janeiro ser marcada por enormes desigualdades sociais. As crescentes favelas que abrigam as comunidades mais pobres do Rio são a área prioritária para a universidade comunitária.

Atualmente, além das oportunidades oferecidas por meio da Universidade Comunitária da Zona Oeste, o Instituto Rio oferece apoio financeiro a uma vasta gama de projetos baseados na comunidade. Luiz Vaz, um ativista cultural de longa data que coordena o projeto Casa da Rua do Amor, destaca o papel positivo que o teatro pode desempenhar no trabalho com os jovens, os quais, de outro modo, poderiam ser atraídos para a cultura de gangues. Além do fato de vários jovens terem se formado no teatro profissional, Luiz acredita no poder da autorreflexão criativa que segue a tradição do famoso Teatro de Resistência. O meio utilizado pode ser o de fantoches gigantes, mas a mensagem vem das ruas.

O poder que a cultura tem de incorporar a identidade comunitária também foi enfatizado por Adilson Almeida, líder da ACUCA, levando em conta que Camorim (a comunidade de atuação) foi recentemente reconhecida como um quilombo. Um amplo esforço voluntário é investido na proteção da dança, da música e do ambiente histórico daquilo que outrora foi uma comunidade de escravos (quilombo). Localizada em uma área de grande beleza natural, a ACUCA de Adilson está sendo apoiada pelo Instituto Rio na formação de jovens como guias ecológicos em um projeto ambiental local. Os jovens são o foco também de um centro cultural coordenado por um ex-membro de gangue que se tornou ativista comunitário e agora prega a arte de viver em paz em uma área anteriormente muito violenta. Aprender a ser, a conhecer, a fazer e a viver tornou-se seu mantra, que ele agora compartilha com os demais.

Para os ativistas comunitários da Zona Oeste, há um consenso geral de que as pessoas se sentem seguras trabalhando com o Instituto Rio — uma grande conquista em uma área onde a confiança é um bem precioso. Existe o reconhecimento de que o Instituto Rio oferece muito mais do que as pequenas doações em dinheiro disponíveis. Como explica Selma, o apoio da Universidade da Zona Oeste “”nos faz ver coisas que não víamos antes””. Essa é a marca do verdadeiro desenvolvimento sustentável, apesar de haver também doações para projetos de reciclagem e empreendimentos de artesanato em cooperativa.

Quanto ao Instituto Rio propriamente dito, ele pretende criar uma dotação para o Fundo Comunitário da Zona Oeste. Ele acredita que existe uma oportunidade real, não apenas pela proximidade dos Jogos Olímpicos, mas também pelo fato de essa área da “”Cidade de Deus”” (o filme Cidade de Deus foi baseado nessas comunidades) ter a vontade e a tenacidade para construir seu próprio futuro. Apesar desse senso de independência, os parceiros são sempre bem-vindos. Afinal de contas, se o Instituto Rio pode criar uma universidade, por que não um Fundo Comunitário da Zona Oeste?

* Avila Kilmurray é Diretora de Política eEstratégia da Global Fund for Community Foundations

Texto publicado no boletim da Global Fund for Community Foundations (GFCF) em 3 de dezembro de 2014. http://www.institutorio.org.br/node/178

” por Avila Kilmurray*

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