Combate ao analfabetismo exige ação do ISP em áreas vulneráveis, dizem especialistas

Por: GIFE| Notícias| 19/05/2025
educação - jovem em sala de aula

Os níveis de analfabetismo funcional no Brasil permanecem alarmantes. É o que demonstra os dados do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) 2024. Três em cada dez brasileiros entre 15 e 64 anos não sabem ler e escrever ou possuem um domínio muito limitado dessas habilidades, igualando-se aos números de 2018. Maior efetividade do Estado e atuação estratégica do Investimento Social Privado (ISP) nos territórios vulnerabilizados são vistos como soluções eficazes por especialistas. 

De modo geral, cerca de 40 milhões de brasileiros são analfabetos funcionais, correspondendo a 29% da população. Entre os jovens – 15 a 29 anos – a preocupação é ainda maior, tendo em vista que, nesse grupo, o analfabetismo funcional subiu de 14%, em 2018, para 16%, em 2024.  

“Esse quadro evidencia a combinação da descontinuidade de políticas públicas estruturantes (…) e a insuficiência de investimentos públicos na garantia do direito à educação com qualidade”, avalia Diana Silva, especialista em Educação, Desenvolvimento e Bem-estar das Infâncias e Adolescências do Alana.

Análise também feita por Fernando Frochtengarten, gerente do Departamento de EJA, Formação Inicial e Continuada (FIC) e Escola Virtual da Fundação Bradesco, que chama atenção para a evasão escolar e a qualidade do ensino brasileiro que, deficitário em muitos territórios, impacta, inclusive, pessoas com ensino superior. A pesquisa do Inaf mostrou que 38% dos graduados são analfabetos funcionais. 

“Os dados do Inaf indicam a permanência de um quadro estrutural de desigualdade, já que o analfabetismo funcional está relacionado à renda, à raça (…) e à distribuição geográfica da população”, destaca o gerente. 

Perspectiva certificada pelo levantamento. No ano de 2024, 41% dos autodeclarados brancos atingiram níveis intermediário ou proficiente de alfabetização. Entre pessoas negras, esse percentual foi de 31%, enquanto apenas 19% dos amarelos e indígenas chegaram a esse patamar. “É fundamental a atuação de diversos atores sociais, órgãos governamentais e de organizações da sociedade civil”, opina Fernando Frochtengarten.

Sendo a educação o maior foco de atuação do ISP, como aponta o Censo GIFE 22-23, Diana Silva chama atenção para rotas estratégicas. “A concentração dos investimentos é no Sudeste, enquanto regiões, como o Norte e o Nordeste recebem proporcionalmente menos atenção”. Segundo o Inaf, 37% dos analfabetos funcionais vivem no Nordeste, 12% no Norte/Centro-Oeste, 33% no Sudeste e 18% no Sul.

“É preciso redistribuir esforços e garantir o protagonismo de grupos sociais vulnerabilizados para alcançar os territórios historicamente negligenciados”, finaliza Diana Silva. 


Apoio institucional

Translate »