Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social certifica e dissemina práticas inovadoras

Por: GIFE| Notícias| 06/04/2015

Com a proposta de certificar, premiar e disseminar práticas inovadoras já aplicadas e que tragam soluções efetivas para demandas sociais, a Fundação Banco do Brasil realiza desde 2001, o Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, promovido a cada dois anos. A premiação, inclusive, está com inscrições abertas para a sua oitava edição.

A premiação reconhece tecnologias sociais aplicadas em nível local, regional ou nacional, em questões relativas à água, alimentação, educação, energia, geração de renda, habitação, meio ambiente e saúde. Para a Fundação, as tecnologias sociais compreendem “produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social”. Assim, ela alia saber popular, organização social e conhecimento técnico-científico, tendo presente princípios de autogestão, protagonismo social, respeito cultural, cuidado ambiental e solidariedade econômica.

“Em 2001, fizemos uma discussão estratégica e decidimos que a melhor forma de contribuir para solução de problemas comuns e regionalizados seria disseminar as tecnologias sociais. Elas são soluções que têm o protagonismo local e resolvem os problemas de uma forma simples e normalmente de forma econômica. Assim, é possível de ser replicada sem grandes detalhamentos”, comenta José Caetano Minchillo, presidente da Fundação Banco do Brasil.

Um exemplo de uma tecnologia que foi contemplada na primeira edição do prêmio e se disseminou pelo país é a construção de cisternas. A Fundação passou a replicar o modelo em locais que sofriam com a falta de água a fim de que pudessem conviver com a seca. A ideia deu tão certo que a tecnologia acabou se tornando uma política pública e ganhou escala. A Fundação já fez 80 mil cisternas em nove estados no Semiárido, beneficiando 300 mil pessoas. O governo já construiu mais de 1 milhão de cisternas, beneficiando milhões de brasileiros.

Mas há também tecnologias mais localizadas, como é o caso do Instituto Reciclando, em Brasília, que organizou uma orquestra com meninos e meninas em situação de vulnerabilidade social que viviam no entorno de um lixão na cidade. Na organização, eles aprenderam a música não só como lazer, mas muitos a tornaram o seu ofício. Hoje, muitos dos jovens atendidos se tornaram professores dos novos alunos.

Assim, na premiação, podem se inscrever as instituições sem fins lucrativos, legalmente constituídas, de direito público ou privado, como cooperativas, organizações não governamentais (ONGs), prefeituras, associações, fundações, institutos de pesquisa e universidades.

A cada edição, são aceitas inscrições para as seguintes categorias: Comunidades Tradicionais, Agricultores Familiares e Assentados da Reforma Agrária; Juventude; Mulheres; Gestores Públicos; Universidades e Instituições de Ensino e Pesquisa. Uma novidade desta edição é a inclusão da categoria Meio Urbano.

No prêmio, os projetos inscritos passam por um processo de triagem que inclui as fases de certificação, seleção das finalistas, julgamento das vencedoras e premiação, observados os critérios e parâmetros estabelecidos no regulamento.

Para ser certificada a tecnologia social precisa estar em atividade há, pelo menos, dois anos; possuir resultados comprovados de transformação social; estar sistematizada a ponto de tornar possível sua reaplicação em outras comunidades; e contar com o envolvimento da comunidade na sua concepção ou ter sido apropriada por ela em seu desenvolvimento ou reaplicação.

Todas as iniciativas certificadas passam a compor o Banco de Tecnologias Sociais (BTS) da Fundação BB, disponível numa plataforma online. Atualmente o banco conta com 692 tecnologias sociais cadastradas, que podem ser consultadas por tema, entidade executora, público-alvo, região, UF, ou demais parâmetros de pesquisa. As informações sobre as tecnologias sociais abrangem o problema solucionado, a solução adotada, a forma de envolvimento da comunidade, os municípios atendidos, os recursos necessários para implementação de uma tecnologia social, entre outros detalhamentos.

São disponibilizados também os contatos dos responsáveis pela tecnologia, possibilitando que instituições interessadas em reaplicar ou conhecer detalhes sobre o processo possam entrar em contato direto com as instituições.

“Trata-se de um banco de práticas muito rico e as comunidades podem buscar ali a solução para o seu problema, encurtando caminhos e evitando passar pelos mesmos erros, por exemplo. Tudo que está disponível são práticas testadas e comprovadas da sua efetividade”, ressalta Caetano.

O presidente da Fundação destaca ainda que diante da notoriedade e credibilidade que o prêmio ganhou nestes anos, a certificação oferecida às organizações tem aberto portas para novas parcerias e a possibilidade de difundir a tecnologia.

Diante da dificuldade de muitas organizações em descrever suas práticas, a Fundação orienta a entidade na sistematização da tecnologia, antes dela ser divulgada no banco. Caetano conta, inclusive, que esse processo traz muita riqueza também para a equipe da Fundação.

“Fomos conhecer a realidade das mulheres que são quebradeiras de coco de babaçu. Elas passam o dia em roda quebrando coco e cantando cantigas locais. A Fundação, ao descrever essa tecnologia para ser disponibilizada no banco, sugeriu que a comunidade colocasse uma máquina para quebrar a fruta automaticamente. O interessante é que as mulheres não aceitaram, justamente porque é algo cultural. Se fosse alterado o processo, perderia todo o sentido. Assim, não adianta chegar com uma tecnologia convencional e tentar implementá-la. A tecnologia precisa partir da comunidade”, ressalta o presidente da Fundação.

Em sete edições realizadas, de 2001 a 2013, o prêmio já recebeu mais de 5400 inscrições e já foram concedidos mais de R$ 3 milhões ao aprimoramento das tecnologias sociais vencedoras.

Inscrições

A 8ª edição do Prêmio FBB de Tecnologia Social está com inscrições abertas até 31 de maio e conta com a parceria da Petrobras, a Unesco e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Serão distribuídos R$ 600 mil em premiação total, sendo R$ 50 mil para as iniciativas vencedoras em cada uma das seis categorias e mais R$ 25 mil para cada uma das outras duas finalistas de cada categoria.

O recurso em dinheiro oferecido diretamente para a organização é uma novidade desta edição, tendo em vista que, anteriormente, as entidades vencedoras recebiam o apoio por meio de projetos elaborados em parceria com a Fundação Banco do Brasil. O objetivo desta mudança, segundo Caetano, foi simplificar o acesso ao prêmio.

As organizações interessadas em concorrer podem acessar o regulamento e o manual e fazer a sua inscrição pelo site.

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