Brasil é pioneiro na utilização do Índice de Progresso Social (IPS) em municípios e comunidades
Por: GIFE| Notícias| 20/04/2015Há dois anos, a organização Social Progress Imperative (SPI) trouxe uma nova proposta para verificar o crescimento de uma nação, com o lançamento do Índice de Progresso Social (IPS) – inicialmente proposto para a escala global – que possibilitou medir o progresso social diretamente, independente do desenvolvimento econômico.
A ideia tem sido tão bem aceita que o modelo passou a ser utilizado por governos, sociedade civil e empresas. Segundo Paula Sarquis, da Secretaria Executiva da Rede Progresso Social Brasil, o país tem se destacado nessas iniciativas. “O Brasil está liderando a implantação do índice em projetos de níveis municipais e comunitários”, comenta.
Para a organização, progresso social “é a capacidade de uma sociedade em satisfazer as necessidades humanas básicas dos seus cidadãos; estabelecer os elementos essenciais que permitam às pessoas e às comunidades melhorar e manter sua qualidade de vida; e criar as condições para que todos os indivíduos atinjam pleno potencial”.
Por isso, o índice é baseado em um modelo holístico e rigoroso com 54 indicadores sociais e ambientais em 12 componentes e três dimensões.
Aplicação prática
No país, foi criada a Rede Progresso Social Brasil, que une representantes do governo, de empresas e da sociedade civil – como o GIFE, por exemplo -, com o objetivo de usar a estrutura conceitual e metodológica do Índice de Progresso Social como ponto de partida para a ação.
Segundo Paula, essa aproximação entre os atores tem trazido muitos resultados. “O que está acontecendo é que alguns institutos e fundações têm procurado a Rede para criar os seus próprios índices nas localidades onde atuam. Algumas organizações, por exemplo, atuam basicamente no empoderamento de jovens, mas elas querem saber se desenvolvendo ações neste ponto, conseguem melhorar o progresso social ou não”, comenta.
Tendo em vista que o índice é um framework aberto, pode ser utilizado e adaptado por todos os interessados, customizando conforme a realidade local. No entanto, para se tornar um IPS oficial é preciso ser validado pelo Social Progress Imperative.
“Os investidores sociais têm uma interlocução muito boa com os governo locais e podem oferecer para os gestores públicos essa ferramenta para ajudar na formulação e implementação de políticas públicas e na melhor utilização dos recursos financeiros”, ressalta Paula.
No Brasil, a primeira iniciativa de uso do Índice de Progresso Social (IPS) ocorreu na Amazônia, tendo o Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) como proponente.
Segundo Beto Veríssimo, pesquisador e co-fundador do Imazon, a organização decidiu por utilizar esse índice, pois é possível ter um diagnóstico mais profundo da situação social da Amazônia, sendo uma excelente ferramenta de gestão, “pois permite comparar a performance de municípios e Estados e, com isso, motiva os gestores e governos a buscar melhores resultados em seus investimentos sociais”, comenta.
O IPS Amazônia utiliza o mesmo método estatístico do IPS global e responde as mesmas questões-chave existentes, mas adota 43 indicadores públicos recentes e relevantes às especificidades dos municípios da Amazônia, refletindo a realidade social do território, como, por exemplo, indicadores da incidência de malária e desmatamento. No caso da Amazônia, os 9 estados e 772 municípios da região foram avaliados.
“Estamos também em conversa com o governador do Maranhão que demonstrou interesse em adotar essa metodologia para a sua gestão. A ideia é que, ao atualizarmos os dados, possamos usar a mesma estratégia de engajamento junto aos candidatos às prefeituras. Com isso, acreditamos que possamos ter um alcance muito amor”, comenta Glaucia.
IPS Comunidade
Segundo a diretora da Avina, também está sendo discutido com o Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passo para levar a metodologia para o Pacto pelo Rio, que visa também identificar demandas e incentivar esforços conjuntos do setor privado, governo e sociedade civil.
“Trata-se de uma ferramenta muito interessante de ser utilizada por qualquer tomador de decisão que se interesse por esse tipo de métrica. O índice oferece insumos para promover sinergias e uma visão comum e de longo prazo, seja para planejar ou avaliar investimentos que vão ao encontro de interesses públicos”, comenta a diretora da Avina.
IPS 2015
O IPS Global de 2015 foi lançado no início de abril e o Brasil ficou na 42ª posição, em uma lista com 133 países. Em uma escala de 0 a 100 em cada área, o país ficou com média 70,89, sendo o mais bem colocado do Brics, grupo econômico formado ainda pela Rússia (71ª), Índia (101ª), China (92ª) e África do Sul (63ª).
Essa classificação coloca o Brasil no grupo de médio-alto progresso social. Porém, o país não está bem posicionado nos itens educação superior e segurança pessoal, nos quais aparece nas colocações 62ª e 122ª.
Os interessados em conhecer mais os dados podem acessar a ferramenta dinâmica, que permite fazer diversos comparativos entre o Brasil e os demais países.