Criar e ter sucesso num empreendimento de impacto social não é tarefa fácil. A jornada às vezes é árdua e há desafios a serem superados diariamente. Com a proposta de ajudar estes profissionais dispostos a criar empresas capazes de aliar sustentabilidade financeira com inovações e soluções para os complexos desafios da educação, o Instituto Inspirare lançou um estudo e uma plataforma direcionada aos empreendedores do campo educacional.

O estudo qualitativo Empreendedores de Impacto: as dores e as delícias de inovar em educação, coordenada pelo Instituto e produzido pelas empresas Alas e Mariposa, traz os dilemas, alegrias e anseios de 50 empreendedores em estágios distintos do negócio de sete capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Maceió, Porto Alegre, Recife e Belo Horizonte. Além das entrevistas com os empreendedores, o Instituto promoveu ainda, para refinamento dos dados, encontros com especialistas e workshop com profissionais que estão à frente de institutos, aceleradoras e fundos de investimento de impacto.

“O que nos motivou é que queríamos difundir mais informações sobre o tema para o público empreendedor de como avançar nessa jornada, com conteúdos, referências e ferramentas, a fim de tornar esse caminho menos árido”, comenta Ana Flávia Castro,  gestora do Programa Iniciativas Empreendedoras do Instituto Inspirare.

De acordo com Ana, a pesquisa apontou algumas questões como, por exemplo, a dificuldade de atores do ecossistema de negócios de impacto (aceleradoras, investidores, institutos etc) e empreendedores de reconhecer as etapas da jornada do negócio, ou seja, os estágios que um negócio percorre, desde sua criação até sua maturidade. Assim, percebe-se uma desconexão entre o que os especialistas consideram e o que é observado na ponta.

Outro ponto identificado é que os empreendedores têm também dificuldades em reconhecer quem são os atores e quais papéis cada um deles exerce nesse ecossistema, e que isso pode ter um impacto direto no sucesso do empreendimento. “Os empreendedores não sabem em que momento acessar determinados atores e, com isso, acabam pulando etapas, o que torna tudo mais difícil. Por isso, é preciso se aprofundar mais no universo dos negócios de impacto, entender também os conceitos, assim como ter maior clareza sobre as responsabilidades de cada um, a fim de que as expectativas estejam alinhadas tanto de quem está ofertando como de quem está em busca de apoio”, explica Ana.

Para isso, o estudo traz orientações a respeito de cada um destes atores e suas funções no universo de negócios de impacto em educação. Para fundações e institutos, por exemplo, a pesquisa explica: “ajudam na conexão com governos, redes de ensino, mentores, especialistas etc. Podem oferecer formações tanto sobre negó- cios quanto sobre o mundo da educação. Alguns financiam produtos e projetos em que acreditam. Olham a proposta de valor e menos os negócios em si”.

A pesquisa identificou ainda dois perfis de empreendedores – carente e o desbravador – assim como seis gatilhos internos e externos que ajudam a entender as portas de entrada destes empreendedores na área.

A partir da observação destes dados e perfis, o estudo buscou apontar oportunidades e riscos para cada segmento ao longo da jornada. A ideia é que os empreendedores se identifiquem e possam ficar atentos, encontrando caminhos possíveis.

“Independente do perfil de cada um, o que estamos considerando não são projetos. Por isso, o empreendedor que quer investir nesse campo precisa se ater a três recursos: viabilizar a ideia enquanto negócio sempre, não pode deixar nunca de lado o impacto, ou seja, pensar em como vai buscar evidências e aprofundar questões, e mergulhar no universo da educação, se conectando com os problemas do campo, conhecendo a ponta e se apropriando dessa linguagem particular da educação”, comenta Ana.

Plataforma

A partir dos principais desafios apontados no estudo, o Instituto colocou no ar também a plataforma Apreender, que traz uma série de referências e conteúdos que buscam clarear o caminho do empreendedorismo em educação.

O desenho da plataforma se baseia nas etapas da jornada empreendedora, incluindo desenvolvimento da ideia, estruturação do negócio, a escala e o impacto. Ao entrar na plataforma, os empreendedores poderão reconhecer seu perfil e acessar conteúdos de acordo com sua necessidade. Os materiais estão agrupados em cinco áreas de conhecimento: Negócios, Impacto, Educação, Jornada e Ecossistema.

Em Negócios, é possível encontrar, por exemplo, temas ligados à gestão de projetos, tipos de investimento e suas principais características, modelos de negócios, informações sobre como estabelecer metas e onde encontrar apoio para ter um bom desempenho quando o assunto é viabilizar financeiramente a ideia.

O site traz ainda uma “mapa da jornada” percorrida por quem inova em educação. Há um mapa-resumo interativo que conecta as etapas do negócio ao engajamento de cada perfil de empreendedor, ou o internauta pode baixar a versão completa do mapa em formato PDF.

A gestora do Instituto Inspirare destaca ainda duas funcionalidades da plataforma, que são: cadastro de projetos, no qual as pessoas podem conhecer projetos inovadores em educação e também indicar outros, assim como o cadastro de soluções, que visa identificar atores e oportunidades para apoio.

“A ideia é criarmos um grande banco, para conectar mais os empreendedores e apoiadores, assim como compartilhar as boas iniciativas, dando visibilidade a elas, além de nos ajudar a entender o que está sendo criado nesse campo”, comenta Ana.