Ações ambiciosas e o aumento do financiamento são os pontos críticos a serem definidos na COP 27

Por: GIFE| GIFEnaCOP| 24/10/2022
COP27

Foto: Reuters / Alamy Stock Photo

Dos dias 6 a 18 de novembro, delegações de países do mundo inteiro se reúnem no Egito para mais uma Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP 27. Longe de alcançar as metas do Acordo de Paris, a expectativa é de pressão sobre os governos.

Com o aumento dos custos para combater as mudanças climáticas, é preciso intensificar o financiamento. Para André Ferretti, gerente Sênior de Economia da Biodiversidade na Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, os três temas mais relevantes para o Investimento Social Privado (ISP) nesta Conferência são: adaptação, financiamento climático e perdas e danos. Assim, afirma, a maior fragilidade do texto final da COP 26 foi a falta de acordo para financiamento do combate às consequências do aquecimento global para os mais pobres.

Houve uma grande articulação para um acordo de US$ 1,3 trilhão em financiamento anual até 2030, mas nada foi acordado. O ISP e a filantropia precisam atuar mais fortemente nessa questão, que será o grande mote da COP 27.

Como o Brasil chega na Conferência

Na COP 26, o Brasil assumiu o compromisso de mitigar 50% de suas emissões de gases de efeito estufa até 2030. Além de apresentar diretrizes para a agenda estratégica voltada à neutralidade climática.

Para cumpri-las, o coordenador do Programa Política e Economia Ambiental do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV, Guarany Osório, acredita que é necessário estabelecer um ambiente seguro com políticas públicas, governança e definição de instrumentos de implementação para a concretização de metas.

Para o superintendente de inovação e desenvolvimento institucional da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Victor Salviati, o Brasil tem ações promissoras, mas ainda em estágio inicial. 

Outro desafio para a imagem do Brasil na Conferência é o desmatamento da Amazônia. Logo depois da última COP, o Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) divulgou os dados que mostraram a maior taxa de desmatamento dos últimos 15 anos. 

Victor Salviatti explica que o Brasil já demonstrou como diminuir o desmatamento: aplicação das leis, incentivos para a economia de baixo carbono e proporcionar o desenvolvimento aos povos da floresta. Utilizando essa metodologia há 14 anos, a FAS tem resultados como queda de 43% no desmatamento nos 11 milhões de hectares em que atua.

A COP da implementação

Apesar dos compromissos assumidos na COP 26, ações ambiciosas e financiamento para evitar o aumento de temperatura da Terra ficaram para serem resolvidos na COP 27. Enquanto isso, destaca André Ferretti, eventos climáticos extremos têm castigado as comunidades mais pobres. 

Para ele, é preciso identificar as regiões mais vulneráveis, e implementar medidas de adaptação urgentes para redução dos impactos localmente. “Um fundo global para perdas e danos é um dos resultados mais esperados da COP27, ainda mais sendo realizada na África, e que pode ser o principal ‘make or break’ [sucesso ou fracasso, em tradução livre] da COP.”

O que o ISP pode fazer

De acordo com dados mapeados pelo guia O que o Investimento Social Privado pode fazer por Mudanças Climáticas, para manter o aquecimento do planeta abaixo de 1,5ºC, as emissões de dióxido de carbono teriam que diminuir em cerca de 45% até 2030.

Para Guarany Osório, é preciso considerar que as empresas estão em estágios diferentes, e são muitos os desafios: mensuração das emissões, estabelecimento de metas climáticas, monitoramento e transparência do cumprimento de seus compromissos. 

André Ferretti assinala que “o ISP e a filantropia são essenciais para despertar a sociedade para a emergência climática e apresentar soluções”.

Outra forma de contribuição, aponta Victor Salviati, está no apoio às organizações de base, formação de líderes, qualificação de demandas e legitimidade e geração de renda. Mas, para destravar o ISP, acredita que é preciso organizar uma campanha massiva sobre a importância da doação. “Imagine se em nosso Imposto de Renda pudéssemos doar 2% de nossos rendimentos ou 10% da nossa restituição para organizações cadastradas ou para temas específicos como ‘proteção da Amazônia’.”

Considerando o cenário de emergência climática e a importância da união de esforços de diferentes setores da sociedade, a WINGS lançou o Compromisso Internacional da Filantropia sobre Mudanças Climáticas. Elaborado por mais de 40 organizações, entre elas o GIFE, o compromisso elenca sete formas de agir e ainda um Guia de Implementação.


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