Ações pró desenvolvimento local devem buscar grupos não institucionalizados

Por: GIFE| Notícias| 04/06/2012

Ações voltadas ao desenvolvimento local devem assegurar a participação de grupos não institucionalizados, ampliar a qualificação de gestores públicos, principalmente em pequenos municípios, e fazer do investidor social um catalizador de processos. Estes foram os principais resultados do Painel Temático sobre Desenvolvimento Local, debate realizado na tarde do dia 29 de maio, em São Paulo, promovido pelo GIFE com o apoio do Instituto Camargo Correa.

As conclusões têm como base as apresentações dos palestrantes convidados: o superintendente do Instituto Camargo Corrêa, Rogerio Arns Neumann; o membro do colegiado de gestão do INESC, José Antônio Moroni; e a secretária de Habitação do Ministério das Cidades, Inês Magalhães. O trio, mediado pelo secretário-geral do GIFE, Fernando Rossetti, apontou os principais entraves e aprendizados nas ações de desenvolvimento local.

Embora os temas abordados pelos palestrantes tenham extrapolado os três tópicos acima, grande parte das considerações orbitou sobre eles. Em especial, a identificação de grupos não institucionalizados de uma comunidade para participar das ações.

Segundo Moroni, muitas iniciativas de desenvolvimento local levam em consideração apenas as organizações institucionalizadas – como associações de bairro e outras entidades – na hora de formar um grupo de articulação. Ele considera que, por mais reconhecidos que eles sejam, esses grupos não representam, necessariamente, toda a complexa dinâmica comunitária. “ONGs são apenas um modelo”.

Um exemplo dado por Moroni são, em certas comunidades, os grupos de parteiras. Embora não sejam formalmente reconhecidas, são pessoas importantes nessas localidades, cujo respeito, capacidade de liderança e mobilização são maiores do que alguma ONG da região.

Mas, não é apenas isso. Quando mais representativo for o grupo que planeja os projetos de desenvolvimento local, maior será sua legitimidade. Afinal, por um lado os beneficiados se sentem representados e, por outro, em especial para o investidor que promove a ação, torna-se menos penoso o caminho para encontrar as potencialidades da comunidade.

Para Neumann existe uma capacidade local que deve ser identificada. “Não se deve pensar uma comunidade como uma folha em branco”, lembrou. E, de fato, não é raro encontrar especialistas críticos à gestão dos processos comunitários empreendida pela iniciativa privada.

Ironias como “uma solução em busca de um problema”, “ver a comunidade como um copo meio vazio”, são comuns na hora de apontar equívocos. Segundo Neumann, as pessoas não são objetos, mas sujeitos de mudança, daí a importância de uma governança participativa local.

Um grupo mais representativo também pode garantir a continuidade dos espaços de participação (como conselhos comunitários) diante da saída dos investidores, após o término da intervenção. No entanto, isso dependerá também da forma com que esses processos são levados, sem que o investidor seja a escora do grupo. Para Neumann, há um desafio de que as ações sejam autônomas. “O investidor não é um ‘capacitador’. Somos catalizadores”, disse, comparando o trabalho de um investidor como um fisioterapeuta, dentro de uma comunidade.

No entanto, a secretária de Habitação do Ministério das Cidades, Inês Magalhães, chegou a pedir aos investidores que olhem, sim, para a qualificação de gestores públicos locais em suas ações. Segundo ela, é imprescindível que eles sejam orientados a trabalhar nesses espaços diferenciados de participação. “O repertório deles precisam ser aprimorado”.

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