África do Sul se torna uma nação de doadores

Por: GIFE| Notícias| 10/04/2006

Especial da Alliance

Dois estudos realizados pelo projeto State of Social Giving in South África*, analisam a mobilização de recursos para o combate à fome e em prol do desenvolvimento na África do Sul. Equipes de pesquisa analisaram empresas, estado, comunidades pobres, fundações privadas estrangeiras e comunidades religiosas, e mostraram que o país se tornou uma nação de doadores.

Uma Nação de Doadores?

De acordo com A Nation of Givers: Social giving among South Africans (Uma nação de doadores, doação social entre os sul-africanos), David Everatt e Geetesh Solanki da Strategy & Tactics, mais da metade dos entrevistados doou dinheiro a organizações de caridade ou outras causas, enquanto um terço doou alimentos ou mercadorias e um pouco menos de um quinto prestou serviços voluntários no mês anterior à entrevista.

Além disso, um pouco menos da metade dos entrevistados nos disse que tinha dado dinheiro e/ou mercadorias diretamente aos pobres – crianças de rua, mendigos pedindo na rua, etc. Esses números incluem entrevistados que fizeram contribuições mensais para uma organização de caridade, além daqueles que, por exemplo, deram um sanduíche ou um refresco a uma criança pedindo no sinal. A combinação dessas diferentes maneiras de doar sugere que 93 por cento dos sul-africanos doam tempo, dinheiro ou mercadorias.

Tampouco a doação é domínio dos ricos. A pesquisa detectou a mesma probabilidade de doar entre os entrevistados pobres e os não-pobres no mês anterior à entrevista. Isso é parte do cotidiano dos sul-africanos. Os homens doaram um pouco mais que as mulheres.

As organizações de caridade receberam consideravelmente mais do que o que foi doado diretamente aos pobres. Os entrevistados que doaram a estruturas formais deram um total de 80.781 rands – moeda local – (uma média de R49 cada), enquanto o total doado aos pobres foi de R20.000 (R14 por doador). Interessantes diferenças raciais emergiram aqui: enquanto as pessoas brancas doaram quantias quase iguais a organizações e diretamente aos pobres, todos os outros grupos raciais tenderam a doar quantias mais significativas às organizações.

No total, 77 por cento dos entrevistados nos disseram que doaram dinheiro às organizações ou diretamente às pessoas pobres, em um total de R100.571 (uma média de R44). A extrapolação desses dados para a população como um todo sugere que os cidadãos da África do Sul mobilizam quase R930 milhões por mês em prol do desenvolvimento e contra a pobreza, uma quantia que é 2,2 por cento do total da rende da população produtiva.

Tanto fez como tanto faz?

A luta pelo “”profissionalismo”” domina atualmente o investimento social corporativo (ISC) na África do Sul. Os que trabalham na área e os formadores de opinião condenam a tendência das prioridades e práticas de doação serem determinadas pelo “”impulso”” do CEO ou do presidente do conselho da empresa, e insistem que o ISC deve ser “”profissionalizado”” se pretende atender às necessidades tanto da sociedade quanto das empresas doadoras.

Mas o ISC profissional é superior ou substancialmente diferente da alternativa impulsiva? Numa tentativa de testar essa hipótese, Like Chalk, like Cheese? Professionalism and whim in corporate giving at Anglo Gold Ashanti and Pick ′n Pay (Tanto fez como tanto faz, profissionalismo e impulso na doação na Gold Ashanti e no Pick ′n Pay), de Steven Friedman, Judi Hudson e Shaun Mackay, compara duas empresas que adotam as duas abordagens diferentes. Embora encontre diferenças notáveis na prática e no ethos das duas, o artigo argumenta que as similaridades são muito mais pronunciadas do que a atual compreensão de “”profissionalismo”” sugere.

Primeiro, enquanto a empresa “”profissional”” prestava atenção à maneira como as decisões eram tomadas para garantir que não eram arbitrárias e que poderiam ser justificadas em público — um importante requisito do “”profissionalismo”” — algumas decisões também refletiam a preferência do CEO.

Em segundo lugar, embora a abordagem da empresa “”profissional”” impressionasse os pesquisadores e profissionais, a abordagem da empresa “”impulsiva””, uma cadeia nacional de supermercados, tinha apelo para o comprador médio. Como isso contribuía para o seu sucesso comercial, a empresa “”impulsiva”” tinha obviamente alinhado bem seu ISC com seus objetivos.

Terceiro e mais importante, o estudo não encontrou nenhuma evidência de que a abordagem profissional do ISC produzisse resultados de desenvolvimento superiores à alternativa “”impulsiva””. A empresa “”profissional”” mereceu aplausos por abrir novos caminhos, financiando partidos políticos de forma a encorajar o multipartidarismo, enquanto a “”impulsiva”” pareceu excêntrica ao apoiar um programa para capacitar jovens pobres a se tornarem mágicos. Mas não existe uma boa razão em termos de desenvolvimento para se supor que apoiar partidos políticos seja melhor do que ensinar uma habilidade útil a jovens pobres.

O estudo concluiu, portanto, que o “”profissionalismo”” não é um critério apropriado para o ISC. Não é possível demonstrar que ele gere melhores resultados e existe a possibilidade de que essa abordagem estimule uma uniformidade que poderia prejudicar a sua utilidade, uma vez que as evidências sugerem que a melhor garantia de eficácia em termos de desenvolvimento é a tentativa e o erro. Portanto, a inovação mais do que o profissionalismo deve ser vista como uma meta mais apropriada para os que trabalham com o ISC e um critério melhor de avaliação.

Para obter mais informações, entre em contato com Adam Habib em [email protected], David Everatt em [email protected] ou Steven Friedman em [email protected] ou visite o site da CCS em www.ukzn.ac.za/ccs/default.asp?5,57.

*O projeto, que levou dois anos para ser concluído, foi gerenciado conjuntamente pelo Centre for Civil Society (CCS) da Universidade de KwaZulu-Natal, a National Development Agency e a Southern African Grantmakers Association. O líder do projeto foi Adam Habib.

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